A Nintendo curte fazer surpresas. Foi assim com o trailer de Super Mario 3D All-Stars, revelado durante o Direct comemorativo dos 35 anos da franquia Super Mario Bros. A novidade explodiu a cabeça dos fãs, confirmando o relançamento dos três primeiros games 3D do bigodudo para o Nintendo Switch. E com várias melhorias!
A coletânea reúne os jogos Super Mario 64 (Nintendo 64, 1996), Super Mario Sunshine (GameCube, 2002) e Super Mario Galaxy (Wii, 2007), todos rodando em emulação no console híbrido da Nintendo. Um convite para os que nunca jogaram estes games e uma viagem no tempo para os retro gamers de plantão.
O jogo do Mario low poly
Por se tratar de três jogos antigos, não irei avaliar os games mas sim apontar as melhorias feitas em cada um para a coletânea do Switch. Até porque os três títulos são incríveis e todo fã de Mario precisa jogar. Vou apenas repassar o básico para aqueles que nunca tiveram contato com estes games, para saberem suas respectivas histórias e características próprias de gameplay.
A brincadeira com o subtítulo acima remete à modelagem no início da geração 3D, com poucos polígonos. Super Mario 64 foi o primeiro da franquia a receber tratamento tridimensional e, quando saiu, fez bastante alarde. Afinal, estávamos vivenciando – no lado da Nintendo – um pulo enorme de geração, saindo dos 16-bit do Super Nintendo, que até conseguiu simular 3D junto ao efeito de parallax, como em Star Fox.
Relevando os gráficos datados, Super Mario 64 oferece uma experiência incrível, na qual Mario precisa coletar estrelas para ter acessos às áreas do castelo e salvar a Princesa Peach das garras do Bowser. São ao total 15 percursos para explorar, nos quais você não consegue pegar todas as estrelas de uma só vez. Uma estratégia da Nintendo para incentivar o jogador a rejogar as fases, que apresentam coisas novas a cada visita.
Mario é um exímio ginasta, capaz de fazer malabarismos para alcançar plataformas mais difíceis e assim encontrar as estrelas. O desafio é tão alto que, na época, tive que apelar para uma revista com “detonado”. O jogo apresenta uma boa variedade de inimigos, diversos tipos de obstáculos e chefões para enfrentar. Já os confrontos com Bowser ocorrem em três momentos: no início, no meio e no final da aventura. Após terminar a campanha, fica o objetivo mais puxado de todos: conseguir as 120 estrelas, que dão acesso a um segredo no topo do castelo.
Super Mario 64 permanece na proporção 4:3 (tela quadrada, das TVs antigas) mas travado nos 30 FPS, sem as quedas de frames do jogo original. A Nintendo optou por não alterar nada do gameplay, bem como o controle (um tanto duro) da câmera. Porém o jogo recebeu tratamento nos gráficos, ficando mais nítido e com menor serrilhamento dos polígonos. As informações na tela (HUD com vidas, moedas, estrelas etc) foram redesenhadas, os balões de texto estão perfeitamente legíveis e várias texturas também foram aprimoradas. Agora o áudio, não sei porque, ficou um tanto abafado no Switch. E o fato do jogo não rodar nos 60 FPS e não ter opção para trocar a proporção da tela para 16:9 (widescreen nativo, sem esticar) certamente irá incomodar muitos jogadores.
O jogo do Mario faxineiro
Super Mario Sunshine pega o gameplay do Super Mario 64 e aprimora com novas mecânicas, adicionando um dispositivo chamado FLUDD (Flash Liquidizer Ultra Dousing Device). Trata-se de um robô com inteligência artificial, no formato de um tanque de água com duas alças e um ducha em cima. Com ele o Mario pode planar jogando um jato de água pra baixo, deslizar por uma poça d’água, limpar sujeiras etc. Uma invenção do Professor Elvin Gadd, equivalente ao aspirador Poltergust 3000 usado por Luigi em suas aventuras solo.
Este é um dos poucos games da franquia a ter diálogos completos para Mario e companhia em cutscenes renderizdas (em FMV). Na trama, ambientado na ilha Delfino, Mario leva a culpa por pichações em “M” feitas por uma misteriosa sombra do protagonista. A princesa é raptada, óbvio, e cabe ao encanador limpar a sujeira toda e salvar Peach mais uma vez. E, como parte da aventura, você precisa encontrar estrelas em formato de sol. A recompensa a cada estrela encontrada é uma música comemorativa bem brasileira.
Enquanto o gameplay de Super Mario 64 é focado nas habilidades físicas do Mario, Super Mario Sunshine coloca o uso do FLUDD em primeiro plano. Você ainda pode rodopiar feito doido no ar, mas a maioria dos desafios exigem o uso do jato de água. Não arrumaram o controle da câmera, mas as melhorias feitas são muito bem vindas. A mais impactante delas foi a troca da proporção da tela de 4:3 para 16:9, permitindo observar coisas a distância e com maior clareza.
No jogo original de GameCube, a HUD ocupava boa parte da tela e atrapalhava bastante. Agora em widescreen, os elementos – que também foram redesenhados – ficaram melhor distribuídos nas bordas da tela. As texturas também ganharam um tapa extra e estão bem mais nítidas. Minha única crítica vai para o FPS mantido na casa dos 30 quadros, com eventuais quedas de desempenho. Não é possível que o hardware do Switch não dê conta disso.
O jogo do Mario nas estrelas
Agora sim, vamos falar sobre uma das melhores séries já criadas para a franquia. Embora eu ame Super Mario Odyssey, nada supera a criatividade do gameplay de Super Mario Galaxy. É um jogo belíssimo, que brinca com várias mecânicas, inclusive envolvendo gravidade, e não datou nem um pouco nestes 13 anos que se passaram desde o lançamento para o Wii. Este game, sozinho, já vale o investimento na coleção toda.
Na trama, que acontece durante o Festival Estelar, Mario e Peach se encontram para presenciar a passagem de um importante cometa quando Bowser invade o Reino do Cogumelo e arranca o castelo da princesa do chão usando um disco voador, levando tudo para o espaço sideral. Tentando resgatar Peach, Mario é lançado ao espaço e cai em um pequeno planeta onde ele conhece Rosalina, a mãe adotiva e protetora dos Lumas, criaturas em formato de estrela. Ela pede a ajuda do Mario para recuperar as Power Stars roubadas por Bowser, que servem como fonte de energia para o observatório – usado por ela para viajar pelo universo. E assim começa uma longa e prazerosa jornada, impulsionada pela até então inédita trilha sonora orquestrada.
Este game também recebeu tratamento na HUD e menus. Roda em 1080p com upscaling, a maior parte do tempo estável nos 60 FPS, e o controle foi muito bem adaptado para o joy-con. Inclusive um segundo jogador pode assumir o cursor (ativando o Co-Star Mode) para interagir pegando moedas, atordoando os inimigos, ativando dispositivos, dando aquela força marota pro Mario. Aliás, os minigames também foram adaptados para fazer uso da tela de toque do Switch.
O controle de movimento também continua presente, agora com a opção de fazer a mesma coisa com o botão Y. Entre outras adaptações, uma delas causa uma certa estranheza no início: controlar o ponteiro do jogo usando o joy-con não é tão preciso quanto no Wii Remote, que foi projetado pra isso. Pelo menos é algo que dá para se acostumar com o tempo.
Esta coleção caiu como um presente de aniversário pra mim, pois não tive a oportunidade de terminar Super Mario Sunshine e Super Mario Galaxy na época. Ou seja, ganhei uma nova chance de me redimir e curtir os games na mordomia portátil do console da Nintendo. Dos três, Super Mario Sunshine é o que mais se beneficia com as melhorias, enquanto Super Mario Galaxy chama mais a atenção no geral. Parece um jogo feito para a atual geração, de tão bom que é.
Agora resta torcer para que Super Mario Galaxy 2 também seja relançado para o Switch. E não custa sonhar com Super Mario Galaxy 3, né?