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Simuladores de fazenda são um dos jogos mais bizarramente prazerosos e agradáveis de se jogar – só quem jogou sabe disso. Com títulos já consolidados como Harvest Moon (ou Story of Seasons, como é chamado no ocidente) e o todo poderoso Stardew Valley, fica difícil imaginar como um jogo inédito pode conseguir espaço e ainda trazer novidades, e é nessa corda bamba que os alemães da Lemombomb Entertainment resolveram se enfiar.

Stranded Sails – Explorers of the Cursed Islands tem uma proposta interessante que ainda não tivemos a oportunidade de experimentar: construir uma comunidade em uma ilha deserta com todos os recursos que um farming simulator pode oferecer. É uma pena que o título se perde tão facilmente em meio a suas tantas ideias e acaba trazendo uma experiência pouco satisfatória.

Viagem ao desconhecido

Nosso protagonista é um garoto que está prestes a velejar com seu pai e um pequeno grupo de pessoas, afim de descobrir novas terras para povoar. Estava tudo lindo e maravilhoso até que uma tempestade assola seu caminho e naufraga o navio, separando toda a tripulação e obrigando nosso personagem a encontrar um por um, assim como ajudar todos a sobreviver em comunidade na ilha onde foram parar.

Esse é mais um daqueles jogos em que você precisa fazer tudo que lhe pedem, mas ninguém faz nada por você. As primeiras horas são bem arrastadas, pois tudo que faremos será procurar por outras pessoas e atender os seus pedidos – todos voltados para introduzir as mecânicas do jogo como plantar, cozinhar, construir coisas, pescar etc.

Não dispomos de muito espaço para plantar, mas dá para o gasto.

A história não progride nada nas horas iniciais e é de longe os momentos mais maçantes e sofríveis do jogo. Quem sobreviver a isso poderá vivenciar uma narrativa um pouco mais interessante, com uma ilha envolta a vários mistérios (o que também dá nome ao jogo) e até combates contra fantasmas. Infelizmente, o que parecia ser algo crucial neste game (as benditas ilhas amaldiçoadas, no caso) tem muito pouco destaque, o que decepciona bastante no final.

Nosso personagem possui uma barra de energia que diminui constantemente com tudo que fazemos, desde andar até cavar um buraco no chão ou cortar uma árvore. Isso limita muito o jogador, pois somos basicamente forçados a ter uma cama próxima para dormir ou comida no inventário o tempo inteiro para conseguir explorar áreas muito longes do acampamento. O jogo também não te penaliza por usar sua energia até o final, o seu personagem apenas desmaia e você acorda no acampamento novamente, sendo forçado a refazer todo o caminho até o ponto onde estava quando caiu.

A parte chata disso é que existem várias ilhas a serem exploradas, mas é impossível sobreviver muito tempo nelas sem ir carregado de comidas no inventário para aguentar o tranco. Para piorar, todo vegetal que você planta não pode ser consumido cru, você precisa usá-lo para criar alguma receita e o resultado daquilo servirá de alimento. Só que existem vários poréns: você precisa plantar, regar todos os dias, esperar nascer, arriscar uma receita e torcer para que a combinação gere alguma coisa, pois as receitas são todas descobertas às cegas.

Só é possível descobrir receitas novas arriscando várias combinações.

Fazendinha tropical

As mecânicas de simulador de fazenda não acrescentam nada de novo ao jogo, mas são bem funcionais. Você possui uma pequena área para plantar, ferramentas para cultivar seus alimentos, obter recursos e por aí vai. Tudo precisa ser realizado em prol da comunidade, então quando você mantém todos alimentados, eles ficam felizes e você ganha reputação, obtendo novos recursos para melhorar sua comunidade.

A interação com os personagens se limita somente a essa mecânica de reputação. Os NPCs não possuem gostos ou personalidades próprias, então não dá para fazer amizades e ganhar presentes, como é possível nos títulos mais famosos de farming simulator. Tudo é muito superficial e é difícil se sentir instigado a trazer melhorias para o seu povoado.

Como um bom “pau-mandado”, você terá que fazer tudo que lhe pedirem.

Porém, diferente de suas inspirações, Stranded Sails tem um final que pode ser obtido com muito mais facilidade que os demais títulos, então felizmente você não vai precisar jogar por dezenas ou centenas de horas até que seu personagem morra de velhice e o jogo acabe. Seu objetivo primordial é construir um novo navio para retomar viagem e tirar sua tripulação dali, então tudo no jogo caminha para este fim. Infelizmente, novamente reforço que os mistérios e todo aquele papo de ilha amaldiçoada acabam ficando em segundo plano, o que é uma pena, pois é de longe a melhor parte do jogo.

Os gráficos são bem limitados. Isso não chega a prejudicar sua experiência de nenhuma forma, mas o visual não tem apelo algum e isso pode tornar o jogo menos interessante para algumas pessoas. A trilha sonora também não é muito interessante e chega até a ser irritante depois de um certo tempo de jogatina.

Stranded Sails – Explorers of the Cursed Islands tenta ganhar identidade e se destacar em meio aos outros jogos do gênero, mas está longe de ser uma das melhores experiências de farming simulator que você poderá vivenciar. É um jogo simples e até meio relaxante de se jogar, mas não consegue prender a atenção do jogador por muito tempo. Pra quem for arriscar, o único conselho que posso dar é esperar o preço abaixar drasticamente, pois o valor que estão cobrando agora é simplesmente um absurdo. Até lá, sugiro continuar com o bom e velho Stardew Valley.

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