Review – Snufkin: Melody of Moominvalley

Depois de quase 80 anos desde sua criação, os Mumins ganharam um novo jogo que transborda carisma em Snufkin: Melody of Moominvalley. Desenvolvido pela Hyper Games e lançado em parceria com a Raw Fury, o título que adapta o trabalho da autora sueco-finlandesa Tove Jansson chega para agradar todas as idades com um gameplay divertido e aconchegante.

Com uma direção de arte muito própria, carregando uma identidade visual que resgata suas origens, este jogo é quase como receber um abraço depois das jogatinas frenéticas de qualquer lançamento AAA. Repleto de calor, vamos embarcar numa jornada misteriosa, encantadora e com boas doses de melancolia, para humanizar discussões através de metáforas narrativas.

Em busca do Moomin perdido

Depois de um longo inverno, acompanhamos o curioso Snufkin em seu retorno à Moominvalley, para reencontrar seu melhor amigo, Moomintroll, para aproveitarem a primavera juntos. No entanto, seu caminho de volta está diferente, com paisagens diferentes por conta de grandes áreas florestais delimitadas como parques e patrulhados por policiais. Hemulen, o zelador dos parques, transformou Moominvalley com seus pequenos jardins e diversas regras, fixadas em placas de sinalização.

No comando de Snufkin, nós temos a missão de restaurar a vida e a natureza local, destruindo as placas e afugentando os policiais, reconstruindo os espaços. Para isso precisaremos nos esgueirar por caminhos, sem que os policiais nos veja, para arrancar as placas, destruir pavimentações e quebrar cercas. Dessa forma os capangas de Hemulen serão expulsos, por não terem mais ordem para seguir, enquanto Moominvalley retorna para o seu estado natural.

Com um gameplay simples, contando com um botão para interagir com o cenário, além de um botão de pulo e outro para ativar sua gaita mágica, precisaremos contar com a relação de Snufkin com a fauna e flora para seguirmos em busca de Moomintroll. Mesclando puzzles e stealth, os desenvolvedores trouxeram para Snufkin: Melody of Moominvalley a oportunidade de jogarmos algo simples, agradável e divertido, ao mesmo tempo em que seja satisfatório ver o progresso da história com as reflexões que ela possibilita.

Seguindo uma proposta parecida com os recentes A Short Hike e Lil Gator Game, o trabalho da Hyper Games brilha em seus diálogos e a temática ambientalista, que sobrepõe qualquer simplicidade na resolução dos puzzles ou até mesmo as quests rápidas que o jogo possui. O grande desafio, que não é muito alto por ter uma proposta mais acessível, fica por conta dos jardins e os momentos de furtividade para brincarmos de gato e rato, fugindo dos policiais para desconstruirmos os jardins.

Resgate cultural e histórico

Para os fãs da autora Tove Jansson, o jogo consegue oferecer muito mais do que apenas a jogatina, trazendo personagens icônicos como, por exemplo, Groke, Toffle, Sra. Fillyjonk e Hattifatteners. Mesmo com meu conhecimento limitado pela breve experiência que tive com alguns livros que foram publicados anteriormente no Brasil, fiquei surpreso em ver como Snufkin: Melody of Moominvalley consegue adaptar muito bem um conto de fadas infantil em meio à temática atual sobre a importância de preservarmos o meio-ambiente, com personagens que surgiram muito antes da luta ecológica atual.

Através da arte, com um estilo que lembra um livro ilustrado e colorido com giz de cera, temos uma jornada encantadora, conhecendo personagens que pontuam a jogabilidade através de atividades que cativam e fazem com que você se importe com o progresso do seu personagem. Nada é gratuito e tudo é muito bem trabalhado visualmente, com um nível de detalhe artístico surpreendente. A trilha sonora serve para ambientar uma cultura que não pertence a mim, mas que ao mesmo tempo proporciona uma imersão agradável por crescer e me transportar para o mundinho de Moominvalley.

Snufkin: Melody of Moominvalley mistura a cultura escandinava com pitadas de filosofia, seja pelo diálogo ou ações de Snufkin e demais personagens, numa aventura cativante e aconchegante, que serve como uma grata pausa na correria do dia a dia ou entre a agitação dos demais lançamentos que saltam aos olhos. Permita-se ser envolvido pelo carisma dos Mumins para conhecer uma história emocionante, além de se divertir com um resgate que vai muito além do chamado da natureza ou missões que temos pela frente.