Os moradores fugiram, uma bomba nuclear explodiu e os Olhos de Vândalo encontraram um novo hospedeiro. Seguindo os passos do primeiro jogo, Sludge Life 2 traz uma narrativa que mostra dois lados da vida de um artista, se manter em anonimato e ser controverso, ou abraçar o mainstream e ser visto como um vendido.
Canonizando todos os finais do jogo anterior e como dito no preview, Ghost agora está em uma nova Ilha Gosma, mas os mesmos problemas que estavam lá na primeira, o seguiram, tal como o mar de gosma que se estende infinitamente no horizonte. Novos e antigos rostos estão por aqui, tal como novos e antigos locais para grafitar.
G-G-Ghost!
De volta ao mundo dos despertos em Sludge Life 2, após uma noite de farra daquelas, Ghost acorda dentro da banheira de um quarto do Ciggy Hotel, uma nova mega estrutura da corporação número um de cigarros da ilha. Servindo como agente de Big Mud, Ghost descobre que seu amigo rapper desapareceu!
Subindo para o estúdio conhecido como AZULVERSO, em uma torre n cobertura do hotel, Ghost vê que ninguém sabe do paradeiro de Big Mud, cabendo a ele encontrar o rapper. Andando pelo hotel que possui uma colorida redoma abaixo dele para evitar a cor escura da gosma que circunda a cidade e locais baixo, Ghost deve encontrar seu colega e deixar sua marca.
Encontrando com novos e conhecidos artistas de rua o jogador tem um novo mundo a descobrir em Sludge Life 2, novos segredos a serem desvendados e muitos diálogos divertidos nos esperam. Além de deixar no ar a pergunta, até onde um artista deve ir? Se manter no anonimato marginal e expressionista, ou se conformar com as regras da industria mainstream?
Com essa dúvida vemos Ghost e seus novos e antigos colegas de arte urbana conversando sobre atualidade, passado, sobre evolução ou estagnação. Fazendo com que o jogador descubra se deseja apoiar Big Mud e se vender, se manter rebelde contra as grandes empresas ou dar um fim a tudo com a gosma tomando conta de tudo, algo inevitável e que a mesma já tem feito lentamente em Sludge Life 2.
Vendo com outros olhos
Enquanto a narrativa de Sludge Life 2 é mais séria e articulada, a gameplay se mantem a mesma. Com as teclas W,A,S,D controlamos a direção de Ghost, com espaço pulamos e movimentamos a câmera com o mouse, usando o botão direito para mandar nossa arte nos locais designados.
Grande parte dos itens retornam, como a máquina fotográfica, o planador e o teletransporte. Mas muitos novos chegam, como os JJ’s que permitem saltos duplos, o mini-lançador que nos joga ao alto, um capacete para nos proteger do necrofungo e os Olhos de Vândalo do primeiro jogo, que nos ajudam a encontrar locais de tags espalhados.
Os Olhos de Vândalo são os itens mais interessantes na minha opinião, pois ajudam Ghost e o jogador a encontrarem um final mais satisfatório, mudando mais uma vez a situação da Ilha de Gosma. Mostrando que mesmo sem seus olhos o próprio caos continua a guiar estes olhos e aqueles que o possuem.
Grafitando todas os cem locais de tags espalhados por Sludge Life 2, o jogador desbloqueia um novo final. Mas caso deseje finalizar tudo, é necessário conseguir uma maneira de entrar no andar isolado, sobreviver ao que nos espera lá e se tornar um com a sujeira industrial nascida do consumo desenfreado.
Evoluir ou permanecer onde está
Tal como a ilha mudou, assim estão alguns dos antigos colegas de Ghost e Big Mud, mesmo mudando de local, muitos continuam como estão e o mesmo se diz sobre os “antagonistas”. Os Clops, a força policial deste mundo continua tão agressiva quanto antes e o 1% continua a viver sua exclusiva realidade onde a gosma não existe.
Um dos maiores exemplos é a separação das irmãs Dolo do primeiro jogo. Uma continua a vida de gosma, se mantendo fiel as raízes e origens, grafitando apenas um gato agora, enquanto sua irmã aceitou um trabalho como designer para a Ciggy, afim de mudar de vida e até comprar um olho de vidro.
E com isso o jogo nos coloca em cheque sobre quem está certo ou errado e se isso importa no fim das contas. Uma experiência curta, mas interessante de ser absorvida, ainda mais com a direção de arte no ponto de Terrivellman e a trilha sonora no ponto de Doseone, mais uma vez embalando estes mundos alienígenas com músicas fora deste mundo.
Ainda assim acredito que o jogo poderia ter mais tags, mais surpresas e eventos a serem descobertos eventos como o Anel de Pombos, o Quarto do ursinho e o futebolzinho são divertidos, mas deixam o jogador querendo mais deste mundo. Com ele sendo mais vivo do que o anterior, ainda acho que as estruturas do primeiro jogo desafiavam mais o jogador a explora-las, como o prédio onde encontramos a bomba nuclear e os zumbis.
Sludge Life 2 é uma continuação excelente para o primeiro jogo, me deixou com uma vontade enorme de “quero mais”, mas ainda assim me satisfez. Um mergulho ainda mais profundo na lama espera você aqui!