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Assim como Castlevania abalou a Netflix, Shenmue: The Animation chegou ao Crunchyroll em parceria com a SEGA para trazer ainda mais conteúdo inspirado nos jogos da franquia. Porém, pode até dar uma pesquisada: ninguém, nem mesmo nós, falou tanto dele. Assumo o “mea culpa”, principalmente por não ter dado chance alguma para ele e ter assistido de forma tão tardia. Porém, posso ser sincero com todos? Me sinto arrependido de ter demorado tanto para assistir.

Não é apenas a história de Ryo que remete aos jogos do Dreamcast e à sua época, mas a própria animação também é uma baita homenagem ao cenário dos animes dos anos 90. Isto me impactou bastante, desde as cenas de luta que são muito bacanas até mesmo o uso de recursos gráficos que eram muito utilizados há décadas e continuam cativando até os dias de hoje. Nem digo para esperar algo grandioso como vimos em Demon Slayer ou até God of HighSchool, mas a primeira temporada tem os seus méritos.

Caso isso não seja o suficiente para te chamar a atenção, talvez a ambientação oriental te convença. Isto é outro grande destaque durante os episódios, enquanto retrata a cultura e a máfia em ascensão no fim dos anos 80, revelando um foco enorme no aspecto cultural qual Japão e China estão envolvidos. Espera aí, eu disse que a China está ali? Pois é, os eventos vistos não englobam apenas o que vimos no primeiro título, mas abraça tudo que é visto também no segundo.

A saga de Shenmue

Em Shenmue: The Animation acompanharemos durante 13 episódios a saga de Ryo, um jovem que pratica artes marciais. O herói acaba vendo o seu pai sendo assassinado na sua frente e o responsável por isso afirma estar em uma jornada de vingança pelo que ocorreu no passado: Lan Di revela que é filho do homem que foi morto pela figura paterna do protagonista e que está ali também em busca de dois espelhos, do dragão e da fênix. Um ele consegue, porém o outro se mantém escondido e se torna uma parte essencial da jornada dos dois.

Apesar de sentir muito ódio do oponente, Ryo tem na sua mente que precisa mesmo é esclarecer essa história e compreender o que realmente aconteceu. Ele quer vingança, mas também deseja saber se seu pai foi um assassino como foi dito ou se a história chegou distorcida nas mãos do seu grande oponente. Para ajuda-lo, uma carta chegou da China que pode conter alguma pista da verdadeira trama que está por trás disso.

Então, o que Ryo faz como qualquer jovem sensato e sem estar tomado pelo seu lado emocional: parte em busca de compreensão enfrentando a yakuza e a máfia chinesa pelo litoral japonês, a fim de encontrar aquele que lhe dirá o caminho correto a seguir. Obviamente que é metendo a porrada em todos que encontra em seu caminho até conseguir a sua resposta. Isso é apenas uma versão resumida e há muitas camadas pela trama, seja com o protagonista ou com os carismáticos personagens secundários que vemos durante os episódios.

Qual jovem não sairia para enfrentar a máfia de forma avulsa?

Uma das coisas que marcam e você vai achar bem interessante é ver as toneladas de referências que temos, não apenas aos demais jogos da SEGA, mas como à própria história do Japão. Você vai cansar de ver citações ao período político, a ascensão dos yakuzas e até mesmo ver o quão dentro o mercado chinês está nas terras nipônicas. Além disso, não esquecendo que alguns produtos de uma das maiores empresas de games do mundo também dão as caras em Shenmue: The Animation. Seja em algum fliperama, um chaveiro do Tails perdido em cima de um mível ou qualquer outra coisa que remeta ao que eles fazem de melhor.

Outra coisa que é importante frisarmos aqui é que, mesmo cobrindo dois títulos inteiros de uma trilogia em 13 episódios, em momento algum você sente que estão correndo ou que pularam muita coisa. Se descartaram algo, pode ter certeza que não foi relevante para o avançar da história. O desenvolvimento tem um caminhar ainda mais fluído do que pudemos conferir em obras como Persona e gera justamente o que os fãs esperam ver de algo do tipo.

A história de Ryo é fluída e com um ritmo agradável

Recomendadíssimo

Olha, vamos bater um papo bem direto aqui: eu realmente fiquei besta com tudo o que assisti, esperava bem menos em quesito fidelidade e na animação. Porém, isso deve fazer parte da estratégia da SEGA de migrar suas franquias para os campos multimídia. O filme de Sonic também chegou cercado de dúvidas e desbancou qualquer outra adaptação que já chegou no mundo dos games, é claro que dariam o mesmo tratamento para suas demais obras.

Diga-se de passagem que Shenmue: The Animation empolga bastante e não apresenta os fiascos que vimos como Mortal Kombat Legends: A Batalha dos Reinos. É muito bem elaborado, tem explicações plausíveis e não deixa ninguém perdido: nem mesmo quem está chegando neste universo agora e nunca viu nada relacionado à épica batalha entre Ryo e Lan Di em sua vida.

A história já tem uma segunda temporada garantida

Caso não tenha assistido ou ainda esteja em dúvidas, o anime faz parte de uma nova abordagem da indústria de games de se aproximar do seu público com conteúdos diversos. Tekken também está em produção através da Netflix e estou ansioso para ver como a Bandai Namco vai entrar nessa onda que a SEGA, Riot Games e Konami já vieram surfando há algum tempo. Pode botar a aventura sem medo ao lado de Arcane e Castlevania que, apesar de não ter os fatores épicos de suas companheiras, não desaponta em nada como anime.

Com uma segunda temporada confirmada, fechando os eventos vistos em Shenmue III, ainda nos resta ver se teremos um grande estrondo nisso ou se morrerá na praia. Porém, por tudo o que vi na primeira, é o que mais se aproxima de uma adaptação sólida e preparada para tomar os fãs de assalto, além de fazer novos, é claro.