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E se The Sims tivesse uma pitadinha de Fallout Shelter com um leve toque de This War of Mine? Assim eu enxerguei Sheltered, jogo indie lançado em 2016 e que só agora saiu para o Nintendo Switch. Não é novidade que o console da Big N virou o queridinho dos desenvolvedores independentes, marcando 2018 como um ano repleto de relançamentos de grandes sucessos e trazendo os games atuais para a plataforma. Bom conteúdo não falta para os donos do console.

Sheltered foi desenvolvido pela Unicube e Team17 e trata-se de um jogo de estratégia e sobrevivência ambientado em um mundo pós-apocalíptico. O objetivo é você criar uma família e fazer de tudo para que eles sobrevivam o máximo de tempo possível neste mundo detonado por uma guerra nuclear.

Primeiro vem a família, depois o resto do mundo

O game apresenta dois modos de jogo, sendo Survival o principal: você cria sua família do zero, com pai, mãe, duas crianças e um animal de estimação. Aqui você pode deixar o jogo randomizar as personagens ou pode customizar cada aspecto delas, desde o visual até a personalidade, nome e sobrenome. Feito isso, você é lançado diretamente no jogo, onde sua família está num velho bunker abandonado e assim se inicia a jornada num mundo vasto à procura de suprimentos e de sobreviver a mais um dia.

No outro modo, chamado Scenario, você assume uma história pré-definida e precisa vencer os desafios que são propostos, como sobreviver a um determinado número de dias e por aí vai. Ou seja, é uma versão simplificada e mais casual da campanha oferecida no Survival, visto que os desafios aqui são menores.

Imagem do jogo Sheltered
Explorar o mundo lá fora é um dos desafios de Sheltered.

Embora estivesse empolgado para finalmente jogar este game, me deparei com um gameplay pouco intuitivo e controles não tão bem adaptados para o Switch. Sheltered ignora completamente o fato de que a tela do Switch é touch, o que é uma pena pois jogos de estratégia costumam fazer uso deste recurso. O game simula um ponteiro de mouse na tela do Switch e você o controla com o analógico esquerdo, enquanto move a câmera com o da direita. Definitivamente não é a maneira mais confortável de selecionar objetos e personagens para que eles executem as ações.

Mas o jogo não se resume ao seu bunker, pois você precisa explorar o mundo exterior para buscar recursos e itens. Nesse ponto você precisa escolher quais personagens irão na expedição, itens que eles irão levar e qual o destino deles. Chegando, eles acionam o rádio para te perguntar o que eles pegam por lá. Os itens são dos mais variados, desde comida até armas e materiais para confecção de novos itens. Levar o seu animalzinho na expedição pode ajudar a encontrar coisas que as pessoas não conseguiriam.

Sheltered muda de gênero quando entramos no combate. Bandidos vão tentar invadir seu bunker para roubar seus suprimentos e até durante as viagens você pode acabar topando com um grupo de meliantes. Aqui o jogo se transforma num RPG em turnos: pouco antes do combate começar você equipa os personagens com armas e itens necessários para uma boa luta e, à partir disso, as ações são definidas por turnos.

Imagem do jogo Sheltered
 A criação de personagem envolve desde o visual até os traços de personalidade.

As missões a serem cumpridas e as necessidades básicas de cada personagem também não ficam muito claras. Às vezes é bem complicado saber o que fazer e como tem que fazer, tornando a experiência de aprender a jogar bem frustrante. Após essa confusa curva de aprendizado, o jogo se torna um pouco mais viciante. Você quer ver um novo dia nascer e descobrir quais desafios virão com ele. O ritmo é lento, mas é possível acelera o andamento do jogo com o botão ZR. A ausência de legendas em português certamente atrapalhará a experiência dos jogadores que não dominam a língua inglesa, o que é uma pena pois a versão pra PC possui tradução completa.

Os gráficos seguem um estilo bem bonito, um pixel art inspirado em jogos da época do Atari como Pitfall e Halloween. As animações, por mais simples que sejam, também impressionam. Por outro lado, a trilha sonora e até mesmo a movimentação das personagens deixam muito a desejar. Tudo ocorre lentamente, as personagens meio que se arrastam pela tela, aumentando ainda mais a agonia de quem não tem paciência.

Imagem do jogo Sheltered
Fazer melhorias no seu bunker é parte fundamental no progresso do jogo.

Tudo precisa ser reparado no seu bunker, desde a privada (ou o baldinho) que você usa para fazer suas necessidades, até a cama que você dorme. Utilizar cada item vai deteriorando-o aos poucos, então atenção na hora de não deixar nada quebrar. Isso inclui itens vitais como o filtro de água, filtro de ar e até o gerador. O game te dá a opção de personalizar seu lar doce lar da maneira que preferir, incluindo camas e mesas para jantar. As opções de coisas para construir são variadas, algumas parecem pouco úteis como um incinerador, mas que fazem sentido quando você tem corpos de bandidos espalhados pelo seu bunker. O jogo é bem cuidadoso nesse ponto: você precisa dar atenção à limpeza, faxinando o lugar de vez em quando para evitar reclamações de seus habitantes. Até os banhos são importantes, afinal, não é porque o mundo acabou que as pessoas tem que andar fedendo por aí.

O maior problema de Sheltered, neste port de Switch, é justamente a jogabilidade. Simular ponteiro de mouse com controle de videogame quase nunca é a melhor opção, ainda mais se tratando de um console com a opção de touch screen. A falta de intuitividade é outra questão, onde o jogo não te explica nada, só te joga lá pra se virar com os comandos que já não são bons – até há um tutorial, mas ele não é completo o suficiente. Depois que se aprende tudo, o jogo melhora bastante. Mas ainda sinto falta do apego que eu tinha com cada personagem em outros jogos do gênero. A falta de personalidade deles é um pouco decepcionante, pois eles mal falam ou interagem. Uma pena, pois o cenário pós-apocalíptico e o visual retrô me agradaram à primeira vista. Se você realmente curte esse gênero, Sheltered é uma boa pedida, mas ele está longe de ser uma obra tão cativante a ponto de atrair quem não é fã ou nunca jogou algo do gênero.

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