Alguns jogos definem um gênero. Existem jogos Metroidvania, soulslike, roguelike. Por quê não “diablolike”? Assim podemos definir Shadows: Awakening. Desenvolvido pela Games Farm e distribuido pela Kalypso Media Digital, Shadows: Awakening é um RPG de ação, singleplayer de visão isométrica e com uma pegada hack and slash. Mas não é só isso. Shadows: Awakening também utiliza um conceito popularizado pelo aclamado Trine, que é a troca de personagens. Cada um com suas habilidades, pontos fortes e pontos fracos.
Diablo + Trine = Shadows: Awakening
O jogo começa basicamente com um mago trazendo de volta um demônio, que ressuscita um herói para dividir a jornada. É aí que você escolhe o primeiro personagem. Temos inicialmente uma maga, um bárbaro e um arqueiro para iniciar o game. Cada um com sua história e sua personalidade. O demônio em questão também tem sua personalidade bem marcante, o que acaba gerando alguns diálogos bem interessantes com os heróis. Ao longo do game você vai consumindo novas almas e assim habilitando novos personagens para jogar.
Hoje em dia os MOBAS dominam parte do mercado, dividindo o reinado com os battle royale. Shadows: awakening pode muito bem agradar aos fãs do primeiro gênero, as mecânicas de skills com tempos de recarga e efeitos diferentes é bem parecida com a da maioria dos jogos do estilo. Tá bom que não foram os MOBAs que inventaram esse conceito, mas com certeza aprimoraram-no bastante. Os personagens iniciais não são exatamente muito balanceados o bárbaro por exemplo, por ter ataques corpo a corpo, se torna um herói mais difícil de jogar para quem não tem muita experiência.
O combate e a ação são a melhor coisa do jogo. O que difere de alguns jogos do gênero é a diversidade de estratégias que a troca de personagens proporciona, novamente precisando lembrar de Trine, que já nos trouxe isso anos atrás. Os comandos são relativamente simples, com ataques básicos e skills com tempo de recarga. Dominar os controles não leva muito tempo, pois o jogo tem uma mini dungeon inicial que serve muito bem como tutorial. Cada personagem é único, diferindo não só nas habilidades, como também na velocidade de movimentação e no “peso” dos golpes.
Visual nostálgico ou falta de capricho?
Os gráficos talvez sejam o ponto mais fraco do game. Não chega a ser feio, mas parece que estou jogando um jogo que saiu em 2010, extremamente datado e com texturas não tão bem feitas assim. Existem jogos no meu celular com gráficos mais bonitos do que os de Shadows: Awakening. A movimentação dos personagens também não é nenhum primor. Um outro fator que me fez lembrar de quando jogava jogos como Diablo (o primeirão principalmente, esse eu joguei até enjoar) são as animações: em pleno 2018 fica até engraçado ver o personagem subindo uma escadaria como se fosse uma rampa, sem a menor distinção de degraus. Talvez essa seja realmente a intenção dos desenvolvedores, trazer um pouco de nostalgia, afinal, o pixel art voltou com tudo não é mesmo? Só que gráficos 3D geralmente envelhecem pior do que os 2D. O som é imersivo, porém não é tão marcante, cumprindo bem o seu papel, sem roubar a cena. A dublagem (em inglês) pelo menos é muito boa, com atores que realmente imprimiram suas vozes nos personagens, cada um com sua personalidade bem definida.
A história do game parece promissora, mas na verdade é pouco interessante. Sabe aquela ideia boa só que não tão bem executada? É exatamente isso, o jogo quase te faz ficar interessado na história, mas logo você lembra que matar monstros em cavernas e abrir baús com tesouros é mais divertido do que ficar prestando atenção num enredo mais ou menos. Mas quem procura jogos desse estilo raramente está procurando por uma trama complexa e cheia de detalhes. Me vi por algumas vezes pulando diálogos pra ir logo pra porrada.
Faltou uma opção multiplayer, seja ela local ou online. Provavelmente jogar com algum amigo elevaria bastante a diversão do gameplay. Quem é fã do gênero e estava com saudades de Diablo, com certeza vai curtir o jogo. Em especial aqueles jogadores mais hardcore, pois a dificuldade máxima do game o torna uma missão quase impossível. O fator “casualidade” desse jogo me fez querer jogá-lo no Nintendo Switch, que infelizmente é a única plataforma da atual geração a ficar de fora da turminha de Shadows: Awakening, uma pena pois o maior fator que poderia afastar um jogo da plataforma da Nintendo que são os gráficos, aqui são bem mais ou menos.