Vai ter gente me chamando de Boomer, mas jogar Shinobi original de fliperama no Nintendo Switch é uma experiência incrível para quem come nostalgia no café da manhã. Por se tratar de mais um título da coleção Sega Ages, claro que temos aqui um jogo velho. E bota velho nisso: foi lançado pela Sega em 1987. Eu, um pirralho na época, só perdia fichas com esse game. Raramente passava do chefão da primeira fase. Então por que tanta excitação? Bem, quem acompanha a coleção Sega Ages sabe que os jogos incluem toda a mordomia possível para o jogador não passar raiva com a dificuldade elevada.
Com Sega Ages: Shinobi não é diferente: tem save e load a qualquer momento, opção para mexer na dificuldade, rebobinar o tempo etc. Esteja você encarando essa aventura side-scrolling pela primeira vez ou não, o que importa é ter uma boa experiência. A outra forma é o caminho do ninja, sem usufruir de tais recursos mas com a permissão de usar continues para dar uma equilibrada na coisa toda.
A primeira aventura de Joe Musashi
Naquela época, mais precisamente no início dos anos 90, os ninjas estavam na moda e apareciam em todo lugar: filmes, seriados de tv, desenhos animados e, claro, games. Shinobi fez tanto sucesso que seu protagonista, Joe Musashi, chegou a dividir os holofotes da Sega junto de Sonic e Alex Kidd – que inclusive ganhou um jogo de paródia intitulado Alex Kidd in Shinobi World, para Master System. Até Michael Jackson pediu pra copiar a ideia de salvar crianças (né?) em seu jogo de beat ‘em up, Michael Jackson’s Moonwalker. Aliás, taí outro jogo divertido e maluco igual o filme. Estou na torcida pra ele entrar no catálogo do Sega Ages.
Em Sega Ages: Shinobi, seu objetivo é chegar ao final da fase resgatando todos os reféns. Não pode deixar nenhum pra trás, senão será necessário voltar pelo cenário. Por outro lado, não precisa matar todo mundo, embora a pontuação aumente e consequentemente te dê vidas extras. Se o tempo acabar, você perde uma vida e recomeça o trecho da fase em que parou. O mesmo acontece se você tomar um único golpe ou tiro.
Joe atira shurikens, usa arma de fogo, desfere espadadas a curta distância, alterna entre as plataformas do cenário (superior e inferior) com um super pulo e pode acionar um ninjutsu especial que mata geral ou causa um belo dano nos chefões. São três tipos diferentes: Inazuma invoca um ataque de relâmpagos, Tatsumaki traz a fúria dos tornados e Bunshin cria clones de Joe para eliminar todas as ameaças em tela.
As fases, cinco ao total, são divididas em três ou quatro segmentos (com o chefão no último). Ao passar de fase entra um minigame de tiro ao alvo, em que você deve acertar os ninjas com estrelas antes que um deles pule na tela te atacando. Pela primeira vez na vida, obviamente usando a opção de rebobinar, eu consegui um perfect. Quanto aos inimigos, eles vão variando conforme as fases: tem soldado armado, ninja com escudo, ninja verde que imita o Homem-Aranha, outro azul que voa girando feito louco pelo ar, mergulhador com espada, entre outras maluquices. E rola respawn direto, então o jeito é chegar à saída da fase o quanto antes.
O primeiro chefão é o mais difícil?
Na versão original de arcade, o primeiro chefão (Ken Oh) é realmente é um pé no saco. Ele dispara bolas de fogo que mudam de direção, avança e recua pelo cenário (diminuindo seu campo de movimentação) e seu único ponto fraco é o olho, através de uma pequena fresta em seu capacete samurai. É necessário pular para jogar shurikens em tal ponto, mas não pense que será fácil: atirar na altura certa exige precisão do jogador.
Porém, na minha opinião, o chefão mais difícil é o terceiro, chamado Mandara. Você precisa quebrar várias estátuas antes de ser empurrado para um campo elétrico, e o tempo que você tem para isso não dá margem para erros. Você tem que ficar pulando feito doido enquanto arremessa o máximo de shurikens que conseguir, rezando pro tempo estar à seu favor antes de soltar um especial ao final. Depois disso, ainda vem uma cabeça robótica gigante cuspindo bolas de fogo. O último chefão, Masked Ninja, também dá um belo trabalho.
Sega Ages: Shinobi é mais um trabalho impecável da M2 no port do arcade para o Switch. Tem opções de resolução para todos os gostos, incluindo um com pixel perfect, vários efeitos de tela e fundos para personalizar, sendo o mais charmoso de todos a cabine original do fliperama. A animação ficou bem fluida, não tem os bugs gráficos das versões de console e o som é super cristalino.
Para os ninjas novatos, que nunca tiveram contato com o primeiro game da franquia, há o Ages Mode. Trata-se de uma versão modificada do jogo original, com Joe usando arma desde o início e com kimono branco. Ao tomar dano o kimono muda da cor branca para vermelha, dando ao jogador uma segunda chance. No geral é um game curto, cujo a duração se estende pela dificuldade elevada das duas últimas fases. Mas se a opção de rebobinar taí pra usar, pra quê se estressar?