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O jogo SCHiM me deixou extremamente curioso desde o seu anúncio, com cenários simples e movimentação dentro das sombras em seu trailer. Perguntas surgiram em minha mente, como “qual será seu objetivo?” e “até qual ponto a imersão delas me levará dentro da experiência?”. A resposta veio como uma grande explosão de fofura e de ambientes extremamente amplos para explorar ao lado da nossa protagonista.

A ideia é bem simples: saltar entre a escuridão até chegar em seu objetivo. Porém, o que eu encontrei e o que você verá é algo ainda maior para refletir – tudo através de uma simpática sombra, que só tinha a iluminação pública e um sonho. Com sacadas geniais e uma ideia muito bem executada, está aqui um dos títulos que te deixará intrigado do início ao seu fim em 2024.

Simplicidade que encanta em SCHiM

Em termos de gameplay, SCHiM é bem simples. Você pode usar o botão de salto, interação e alterar os ângulos de sua câmera. Enquanto dois deles são exatamente o que a palavra significa, o botão de interação é o que mais pode te ajudar ou trazer elementos diferentes dentro de cada fase do jogo.

Algumas são simples, como buzinar com um carro/ônibus ou fazer uma pessoa acenar para outra na rua. Indo um pouco mais além, emitir som com animais ou jogar lixo no chão caso esteja na sombra de uma lixeira. Outros permitirão que você controle carrinhos de brinquedo por completo dentro do cenário, assim como abrirá o sinal do semáforo ou portas automáticas – o que abre um gigantesco leque, já que cada elemento possui uma ação.

“São sacadas assim em SCHiM que me encantaram”

E sendo honesto, gostaria de chamar a atenção de vocês para o que vem do lado mais simples, que é o que mais te salva a pele. No início é tudo lindo e maravilhoso, mas nas fases mais avançadas tudo está em movimento e na grande maioria das vezes você precisa acertar o timing dos elementos. Se muitos acharão que isto vai de apertar o botão na hora certa e ter um pouco de “sorte”, isto pode ser facilitado muito mais se você se ater ao simples.

E são sacadas assim em SCHiM que me encantaram. Em determinados momentos, você realmente precisa ter um ritmo impecável para progredir. Em outros, que parecem exigir demais, na verdade são resolvidos da forma mais simples e tranquila possível – contanto que você saiba o que está fazendo, lógico.

Em busca de seu lado humano

Sendo honesto, eu gostei muito da experiência produzida pela dupla Ewoud van der Werf e Nils Slijkerman e da Extra Nice. Além dos saltos e dos puzzles muito organizados, a história também é muito bonita e nos faz acompanhar tudo torcendo pelos seus protagonistas. Isso mesmo, no plural, já que a sombra pertence a alguém. Esta pessoa a perdeu conforme crescia e agora precisa recuperá-la.

A sombra de SCHiM funciona como uma “metáfora” para o que este ser humano vivencia. Sempre tentando alcançar algo que sempre escapa pelos seus dedos. Buscando respostas e se unir novamente à sua verdadeira essência. Falar mais do que isso implicaria em spoilers, mas é muito bacana acompanhar a jornada dos dois que vai desde a infância deste rapaz até o ponto onde finalmente estão juntos mais uma vez.

Dá pra sair saltitando de sombra em sombra sem pensar muito nisso, aproveitando o cenário e se divertindo? Óbvio que sim, independente da mensagem que os dois quiseram passar com seu jogo. No entanto, absorver o ensinamento que ele traz por trás de toda a fofura e puzzles é algo que não funciona apenas como “adicional”, mas sim como a verdadeira motivação da jornada que os dois estão encarando.

Certo, você não quer nada disso e só deseja curtir o que SCHiM tem a oferecer em termos de diversão? Dá para fazer isto sem problema algum, inclusive é possível aproveitar bastante dos itens que foram escondidos em pontos estratégicos dos cenários em diferentes dias e horários. São diversos deles, garantindo uma extensa busca e ainda mais tempo explorando tudo com a alegre sombra.

Condições favoráveis para cair na escuridão

Caso você queira jogar e esteja preocupado com o tempo e extensão do conteúdo, diria que tem o suficiente para cada pessoa. Se apenas quer ver a história e saber onde ela vai parar, diria que algumas poucas horas (de 4h a 5h) seriam o suficiente para que esteja satisfeito. Já quem busca algo mais prolongado, boa sorte caçando os itens escondidos e analisando cada interação para compreender melhor este universo.

Graficamente falando, SCHiM traz opções interessantes ao jogador com linhas de contorno para que possa se guiar melhor – caso esteja passando dificuldade em algum dos cenários. Além disso, tudo é basicamente “bege e preto”, garantindo que você bata o olho e saiba onde que está a sombra e como fazer para chegar até ela. Não tenho do que reclamar do recurso e admito não ter visto travamentos ou queda de frames no Nintendo Switch.

Minha única reclamação a fazer sobre o game é relacionada à repetição de condições. Eu entendo que não dá para se fazer muito com poucos elementos de gameplay e da própria proposta, mas em determinado momento lá nas fases 40-45, já tinha me cansado de seguir o mesmo caminho: inicia em um ponto, mostram onde tem de chegar, pula, interage com algumas coisas, chega no ponto desejado, passou de fase. Em forma cíclica.

Como eu disse acima, talvez seja “pedir demais” de SCHiM que fugisse disto no meio do gameplay. No entanto, as fases finais mostram conceitos muito interessantes e eu gostaria muito que mais ideias tivessem sido trazidas nos demais cenários assim como vi no que chamo de “arco final”. Sim, ele é um indie, orçamento é limitado e as condições nem sempre são favoráveis. Porém, culpa é dos desenvolvedores que me fizeram ter vontade de ter algo além do que ofereceram com seu jogo. Não é “pouco”, mas dá um gosto de quero mais.

Por fim, gostando ou não da proposta, acredito que todo gamer devia ao menos dar uma chance para o que este título tem a oferecer. Admito que há muito tempo não via algo tão diferente assim e que contasse uma história tão bonita, recomendadíssimo caso esteja buscando uma alternativa dos games mainstream ou dos puzzles convencionais.

90 %


Prós:

🔺 Simples e extremamente eficiente
🔺 A história é bonita e vai te cativar
🔺 Divertido demais e cheio de colecionáveis escondidos

Contras:

🔻 Em certo ponto, fica repetitivo

Ficha Técnica:

Lançamento: 18/07/2024
Desenvolvedores: Ewoud van der Werf e Nils Slijkerman
Distribuidora: Extra Nice
Plataformas: PS4, PS5, Switch, PC
Testado no: Switch