Chamado de rival de GTA por muitos anos, Saints Row está de volta depois de quase uma década desde o último título lançado. Diferente do realismo que a franquia da Rockstar sempre trouxe, a série desenvolvida pela Volition costuma ter um apelo grande a zoeira e ao absurdo com missões mirabolantes que você fala “o que é isso!?”.
Saints Row, sem número ou subtítulo, é um reboot da série. Ou seja, é uma reimaginação da franquia, mostrando o início dos Saints, o grupo de criminosos que você controla nos jogos. O game chega agora com as tecnologias atuais em relação a gráficos, mecânicas de gameplay e mais.
Por mais que seja uma reimaginação, ainda é um Saints Row. Tem zoeira, linguagem pesada com palavrões, missões com momentos absurdos, muitos veículos, armas que lhe concedem vantagens insanas, e um mundo aberto com regiões diferentes para explorar.
Novos tempos, um novo início
Eu nunca joguei o primeiro título da franquia, que foi lançado em 2006 para Xbox 360, então fui atrás de vídeos de gameplay, principalmente do início da história, para ver o quanto os desenvolvedores decidiram mudar. Bem, na verdade, eles mudaram tudo, a não ser pela igreja que continua como HQ dos Saints. Fora isso, não parece ter ficado qualquer vestígio do primeiro jogo nesse reboot, a não ser pelo nome.
Um dos destaques de toda a franquia, especialmente no terceiro e quarto títulos, é a customização do personagem. Em Saints Row, isso vai para um outro nível. Há alguns meses, a Deep Silver disponibilizou um criador de personagem na Epic Games Store, onde é possível criar seu protagonista, salvar e usá-lo quando o jogo fosse lançado. Além disso, se você quiser, pode disponibilizá-lo para todos baixarem.
São muitas as opções de personalização e se, assim como eu, você não se importar com isso, vai criar o básico e partir pro jogo. Porém se você realmente curte essa ferramenta, garanto que vai perder (ou investir) muito tempo só nesse recurso. Tudo isso dito se aplica também na customização de veículos, com várias opções que alteram o visual.
Em Saints Row, você ainda não está em uma gangue criminosa como sempre. Antes da loucura que a franquia sempre apresenta no começo, você é um soldado de uma espécie de exercito privado chamado Marshall, um dos vilões do jogo. Mas, em paralelo, o Chefe (protagonista) faz bicos criminosos aqui e ali. O cara (ou mulher, você que escolhe) é totalmente rebelde e isso custou seu emprego. Então é aí que o personagem, junto com seus outros três amigos, começam a buscar meios de ganhar dinheiro.
Santo Ileso é nossa!
A história, como sempre, é bem básica. Não espere nada mirabolante com reviravoltas. A amizade dos quatro, Chefe, Neenah, a responsável pelos veículos, Kevin, o cara da ação, e Eli, o gestor e estrategista do grupo, é divertida. Cada um deles é responsável por lhe dar novas missões e, às vezes, todos eles o acompanham, ou somente um deles.
A região chamada de Santo Ileso tem uma pegada bem latina, como o nome já sugere. Ela conta com uma região desértica enorme, com pequenos bairros, que cerca a cidade principal, uma espécie de Las Vegas com grandes prédios, lugares que se assemelham aos hotéis e cassinos da cidade americana.
O mundo de Saints Row proporciona diversas atividades para serem feitas. Os bicos vão desde proteger alguém, falar mal de um estabelecimento nas redes sociais, ou ainda fazer entregas. Existem os lixões e carregamentos de drogas espalhados pelo mapa, além de oportunidades de crimes. Tudo isso garante experiência e dinheiro.
É possível tirar fotos de alguns locais para se tornar um ponto de viagem rápida ou um modelo para ser impresso para decorar a base dos Saints. Dá ainda para ir pra cima das outras gangues para diminuir a influência delas nos bairros, bem como investir em negócios de fachada para lavagem de dinheiro. Santo Ileso conta ainda com diversas lojas de roupas diferentes para o Chefe.
Ação frenética diverte, mas depois cansa
A ação de sempre está presente em Saints Row, claro. Em muitas missões, você será o exercito de um homem só, com muitos inimigos atirando em você enquanto parte pra cima de todo mundo. Normal. Existem missões bem divertidas e diferentes, como ir resgatar o Kevin quando ele estava saindo da academia e foi pego pela sua ex-gangue, ou ser atacado por todos os civis enquanto você está na fila para comprar rosquinha depois que seu nome aparece no aplicativo de procurados. Enfim, essa lista vai longe e isso é bom.
Ao mesmo tempo que as temáticas das missões principais de Saints Row divertem bastante, no fim das contas acabam do mesmo jeito: aquela baguncinha com muitos tiros, explosões e música frenética. Depois de horas, isso acaba cansando. Além disso, algumas missões secundárias são nesse estilo, e eu já não estava mais tão disposto em fazê-las depois de horas e horas destruindo tudo.
Saints Row é bonito e bem bugado
Graficamente falando, o jogo está bonito com boas texturas e efeitos de iluminação, principalmente nas horas diferentes do dia. Não chega a representar a nova geração, mas está convincente. O problema mesmo é que, várias vezes, o jogo apresenta artefatos gráficos. Sombras bugando, iluminação atravessando o personagem, troca demorada do escuro para o claro, e artefatos nas extremidades dos personagens em cutscenes. Infelizmente, isso tudo acontece com certa frequência. Mesmo assim o jogo está bem otimizado, pelo menos no PC, que conta com oclusão de ambiente via ray tracing, mas nada de NVIDIA DLSS ou AMD FSR.
Falando em bugs, minha nossa como esse jogo tem bugs. Muitos, mas muitos mesmo são bestas e vão render boas risadas, principalmente com os NPCs. Um que me fez rachar o bico foi quando os amigos do Chefe estavam indo embora entrando na van e Neenah encosta em Eli e, do nada, ele é jogado pra muito longe. Poderia citar vários exemplos aqui. Porém existem bugs nada engraçados, que vão impedir seu progresso e exigir que você retorne a missão a partir do último checkpoint.
Saints Row diverte muito. Se você sempre se divertiu com os outros títulos, pode ter certeza que esse novo game vai render muitas boas horas de jogatina. Como sempre, o título no PC está mais acessível custando R$ 126,99 no lançamento. Se você joga no PlayStation ou Xbox, eu sugiro esperar uma promoção, já que R$ 300 é muito pra esse game.