Desde que começamos a ouvir histórias, soubemos da existência de duas forças antagônicas que cabem à crença de cada um: Destino e Escolhas. Enquanto o destino move as coisas conforme algo que está escrito desde tempos ancestrais, deixando premeditado o que vai ser independente do que role, as escolhas não são bem assim. Elas permitem que você tenha a liberdade e responsabilidade em tudo que aconteça, fazendo tudo se mover conforme suas ações.
O jogo SaGa: Scarlet Grace – Ambitions traz ambos fatores, levando o jogador a decidir qual delas será o seu ponto de início e fim. O port da versão de PSVita, que saiu apenas no Japão há alguns anos, traz o RPG com tudo para a atual geração e permite que se questione sobre qual caminho você percorrerá. Com vozes americanas, múltiplas escolhas de percurso e alguns conteúdos extras, dessa vez a Square Enix mostrou ao que se deve o retorno da franquia.
Quatro histórias, quatro heróis
A mistura de destino e escolhas é jogada em sua cara logo de início, não te dando tempo para respirar tranquilamente. Enquanto a história começa te jogando na lenda do Firebringer, uma entidade que pretendia destruir a humanidade e foi impedida pelo Império, o gameplay te diz outra coisa. Primeiro, você não escolhe com qual dos quatro personagens centrais iniciará sua jornada. Um sistema de escolhas te levará até o que mais se parece contigo.
Ou seja, até responder as perguntas, você não sabe se terá Urpina, Leonard, Taria ou Balmaint ao seu lado. Cada um tem um estilo de jogo e história, assim como aliados. Enquanto Urpina e Taria estão mais envolvidas no centro da história imperial, Leonard é o mais livre para explorar e seguir sua jornada pessoal. Já Balmaint tem uma saga linear e que tem bem claro seu desenrolar. Minha gameplay principal foi com Leonard, o que me permitiu ver bastante coisa que o jogo tem a oferecer.
O mapa é gigantesco e, apesar de ser em 2D, você pode ver os pontos de interesse em 3D. Outro fator interessante é não haver encontros aleatórios. Você só entra em confrontos caso desejar, além disso eles são divididos em Easy, Normal e Hard, o que varia conforme suas habilidades e armamentos. O sistema de combate de turnos também chama atenção, conforme utiliza os BP para determinados golpes, os demais ficam sem ação.
A melhor função disso é que, conforme utiliza os movimentos, você aprende novas técnicas ou até mesmo reduz o custo de BP, permitindo que altere sua estratégia para facilitar as batalhas. Já os equipamentos dependem do seu grind de materiais, pois são obtidos apenas nos ferreiros de cada cidade. Não há opção apenas de compra, nem mesmo dinheiro in-game para ser conquistado ou gasto.
Apesar da história ser envolvente e cada localidade representar uma parte da cultura desse universo, tudo nesse game vai depender da sua própria intenção. No meu caso, estava focado em explorar e aumentar a quantidade de técnicas e habilidades para meus personagens. Abri muitas áreas, visitei muitas localidades, enfrentei muitos monstros e resolvi muitas questões pelo caminho. Assim como ainda existem vários mistérios a serem revelados.
Mesmo que jogue com os quatro, dependendo das escolhas que tomou, ainda assim poderá não ter visto tudo que o jogo tem a oferecer. Existem pontas soltas de um personagem para o outro, que um não conseguiu ver e o outro poderia, porém tem de estar atento nessa questão. O formato pode confundir os novatos, mas se você já está acostumado com JRPGs, SaGa: Scarlet Grace – Ambitions não traz nada de absurdo comparado aos demais.
As novidades da versão
A trilha-sonora da versão ficou muito bem-feita, com cada personagem recebendo seu próprio tema e com uma música de abertura que te deixará muito intrigado a jogar o título. As vozes, apesar de trazer repetições conforme chega em certo ponto do game, também são dubladas com uma boa atuação. Além disso, você pode liberar uma opção logo no início delas terem mais expressão ou não. Só daí dá para ver o quanto a Square Enix se preocupou em entregar um bom material, oferecendo dois tipos diferentes de dublagem dentro do jogo.
Com tudo isso descrito até aqui, está mais do que óbvio que nenhum jogador terá a mesma experiência que os demais. Seja pelo personagem principal, as diversas escolhas de ajudantes no grupo, forma de estratégia, caminho percorrido, apesar de toda história seguir uma lenda e o chamado destino, a liberdade de escolha torna a jogabilidade em algo imprevisível e que pode até mesmo terminar mais cedo do que os demais jogadores.
A única coisa que você deve estar atento é que se trata de um port. Apesar de ter sido lançado no PSVita, que tinha potencial para algo ainda maior e com mais potencial, ele já não aproveitava todos os recursos do aparelho. Os mais desavisados podem ver em SaGa: Scarlet Grace – Ambitions um game em que você só batalha e visita lugares que surgem no mapa.
No Switch, ele utiliza a tela de toque do aparelho, mas no PS4 e no PC não tem nada que chame bastante atenção como os demais RPGs da atual geração. Além disso, você pode aumentar a velocidade do seu personagem nas áreas do mapa, para assim não ter aquela corrida arrastada como eram na época. Isso, incluindo a adição de poucos personagens e algumas histórias extras, é tudo que foi adicionado nessa versão.
Caso nunca tenha jogado nada da série SaGa, até por ser uma franquia cujos jogos anteriores terem saído apenas no Japão, é uma ótima porta de entrada e um excelente título para conhecer a história desse universo. Com personagens cativantes e uma liberdade maior para explorar e fazer a sua própria história, SaGa: Scarlet Grace – Ambitions pode ser um JRPG da geração passada, mas que tem tudo para cair no seu gosto e te fazer conhecer as aventuras dos quatro protagonistas.
