Ainda não consigo definir o que é RÖKI. Claro, é uma aventura point ‘n’ click clássica onde você encontra objetos e os usa para conseguir avançar na história e nos cenários. Não tem nada mais prosaico do que isso. Mas o jogo tem uma alma diferente, com seu cenário nórdico, cheio de lendas locais e um ambiente permanentemente cheio de neve e opressivo.
Aliás, o ambiente de RÖKI me lembrou prontamente de The Dig, um dos únicos point ‘n’ click que joguei na vida. A verdade é que nunca fui muito fã do gênero, embora adore uma história bem feita. Não tenho muita paciência para quebra-cabeças que simplesmente pedem uma lógica maluca para serem resolvidos. Mas disso vou falar mais tarde.
O que é RÖKI?
RÖKI conta a história de dois irmãos que vivem em algum lugar frio da Escandinávia. A menina Tove e seu irmão mais novo Lars vivem com o pai numa cabana remota perto da floresta e distante da única vila do lugar. Eles passam o dia brincando na floresta e Lars, como é de praxe de toda criança, adora inventar amigos imaginários para ele.
No caso de Lars, seus amigos são monstros do folclore escandinavo. O menino tem uma admiração muito grande por trolls, algo que sua irmã acha engraçado. Acontece que numa noite, quando eles vão dormir, a casa onde moram é atacada por um monstro gigante e eles têm que fugir, deixando seu pai para trás. No caminho, Lars é capturado e levado pelo monstro por um portal e assim Tove tem que achar o seu irmão no meio de uma floresta encantada sinistra.
Sozinha na floresta, Tove tem que resolver os problemas do lugar se quiser reencontrar o irmão. E bem, é tudo bem no padrão point ‘n’ click onde você encontra coisas que podem interagir com outras e dar um resultado esperado. Por exemplo, logo no começo, Tove encontra uma troll embaixo de uma ponte com uma espada cravada nas costas. Ao se oferecer para tirar a espada, temos nosso primeiro problema a resolver.
E lá vamos nós por várias telas procurando coisas que podem ajudar a tirar a espada das costas da troll. No fim, foi necessário amarrar uma corda numa armadilha de urso para resolver o problema. Essa é uma grande força do jogo. Nos jogos antigos do gênero, você geralmente tinha uma solução completamente maluca para resolver o problema, mas RÖKI tem uma lógica mais complexa para se chegar a uma conclusão, tudo isso sem tornar o jogo fácil demais.
Mas isso também pode ser um problema para o jogo, uma vez que você é obrigado a ir e voltar por várias telas até descobrir que item pode fazer o quê. O que torna o jogo numa sessão cansativa de tentativa e erro até achar o lugar onde tal objeto se encaixa. Felizmente, temos as árvores encantadas, que servem como teleporte entre as áreas, mesmo que não diminuam muito as caminhadas. E sim, você vai caminhar muito no jogo.
Uma técnica apurada
O que se pode dizer dos gráficos do jogo? Geralmente jogos do gênero contam com gráficos lindos, uma vez que as telas não precisam de muita animação. Mas em RÖKI, todas as áreas são cheias de vida e coisas se mexendo, e a câmera muitas vezes se aproxima ou se afasta para mostrar detalhes importantes ou só exibir a grandeza da coisa. É sempre lindo chegar na igreja colossal e vê-la se erguendo até o alto.
Outra coisa a se notar é a música do jogo. É minimalista no ponto que deve ser. Dando a impressão de que as áreas onde Tove anda são ameaçadoras, misteriosas e cheias de uma tristeza que nenhum mortal poderia compreender. Ao mesmo tempo, temos tons mais alegres quando encontramos os trolls vagando e fazendo suas maluquices por aí.
A combinação dessas duas coisas torna RÖKI um jogo que quase não te cansa de andar por aí, digo, se você não andasse demais entre as áreas de qualquer jeito. E cada vez que você consegue acesso a uma nova área, toda uma miríade de sons e imagens novos são jogados em você.
O que posso dizer sobre RÖKI é que é um ótimo jogo para quem gosta do gênero. É bonito do seu jeito e não vai te cansar desnecessariamente. Penso até que aqueles que não gostam muito de point ‘n’ click podem gostar do jogo e da sua ambientação.
Espere por um jogo longo, pois eu não devo ter aberto nem metade das áreas e já devo ter perdido quase umas dez horas de jogo. Boa parte desse tempo foi perdido entre ir e voltar dos lugares, mas é um problema que temos que nos acostumar de qualquer jeito. Acho que no fim eu consegui definir mais ou menos como é RÖKI, creio eu.