E a previsão meteorológica de amanhã é de tempo nublado com chuvas à partir das 9h, as maiores pancadas vêm próximo às 14h. A temperatura mínima é de -37º C e a máxima é de 65º C. Vento norte e noroeste de até 10km/h trazendo ares oceânicos. Chance de chuva: 100%.
A Hopoo Games traz o multiverso de Risk of Rain 2, publicado pela Gearbox Publishing, esta incrível reinvenção da explosão que foi Risk of Rain, lançado em 2013 e, até hoje, é um dos maiores e melhores jogos rogue-lites de todos os tempos. Sendo, evidentemente, uma das forças motriz por trás da onda rogue-lite que vem até hoje.
Uma mudança de perspectiva
Logo de cara, quando se conhece o mínimo de Risk of Rain, a mudança para o segundo título da série é estrondosamente perceptível. Que mudança, você me pergunta? Como diz o trocadilho vagabundo do título acima, uma mudança de perspectiva. Risk of Rain 2 adiciona a terceira dimensão a esse mundo, virando um jogo 3D incrível.
Esse aprimoramento dá o famoso giro de 360 graus no que se esperava de uma continuação tão desejada. Antes que você pare e pense “Que idiota! Era para falar 180 graus. Se for 360, só dá uma volta completa…”, sim, é isso mesmo o que quis dizer. O jogo roda no próprio eixo para acelerar até o infinito com seus avanços.
Tratando de todas as alterações, algumas coisas precisaram ser substituídas pelas escolhas de design e jogabilidade que foram feitas. Onde o primeiro jogo tinha um visual old-school que chegava até a ser bonitinho, Risk of Rain 2 soa muito mais artístico, com gráficos em cell-shading, iluminação rebuscada e a sensação de que to jogando um quadro contemporâneo de uma interpretação esquisotérica de um sonho muito, mas muito desagradável.
A velocidade frenética da versão bidimensional deu lugar para uma movimentação mais livre, mais estratégica, porém mais lenta. Cada passo precisa ser pensado, levando em conta as movimentações dos projéteis lançados e recebidos por você. Além disso, as variações de movimentos dos inimigos por mais previsíveis que sejam, ainda se somam em montantes de variáveis que somente a Nazaré Tedesco conseguiria calcular em tempo hábil.
Pelo que pude observar, a mecânica básica descrita pelos desenvolvedores de “tempo = dificuldade” não só se mantém como, MINHA NOSSA COMO SE MANTÉM. O jogo inicia cada uma das partidas no nível fácil e, conforme o tempo se passa e você sobrevive, a dificuldade aumenta, assim como a chance de chuva. A chance de chover inimigos na sua tela até vazarem pelos pixels.
Esta é uma das melhores maneiras que pude observar de um balanceamento orgânico e que mostra ao jogador o quanto ele está avançando em um jogo rogue-lite. Fazendo com que ele perceba diretamente pelo contador de tempo e por qual nível de dificuldade ele se encontra, é explicitada a melhoria da partida anterior para essa ou a habilidade possuída para jogar com cada personagem diferente.
Depois da tempestade, fica só o estrago
Como toda boa chuva, alguma coisa tem que ficar como marca de que aconteceu. E já que em Risk of Rain 2 não se trabalha com garoas, só chuva de canivetes abertos para cima, o que sobra é sempre uma bagunça que dá até gosto de se ver.
Por mais impressionante que seja a mudança para 3D, algumas coisas talvez não tenham se traduzido da melhor forma. Não sei dizer se por um certo preciosismo da desenvolvedora ou se por trabalhar com um level design semi-procedural, o objetivo de cada fase, por exemplo, encontrar o teletransportador, geralmente é uma tarefa bem massante.
A falta de um mapa de referência, combinado com os mapas, às vezes, confusos, somado a grande quantidade de inimigos e à movimentação geralmente lenta, faz com que ficar rodando por caminhos que parecem quase todos iguais, principalmente em fases posteriores seja muito massante. Quase que desanimador. Em alguns momentos, quando eu derrotava os chefes, carregava o teletransportador e me preparava para avançar, batia um cansaço grande. A ponto de querer parar de jogar.
Outro ponto que me causou um certo incômodo foi sobre os inimigos. Pelo que pude ver, todos eles são versões dos que já haviam em Risk of Rain, inclusive os chefes. Legal manter os antigos para a nova versão, mas pelo menos trazer grandes novidades neste quesito seria, na minha opinião, obrigação.
Alguns destes adversários são muito legais, carismáticos e desafiadores, outros são só esponjas de dano e não oferecem grandes diferenciais. Outros são só irritantes, com teleportes constantes, quase injustos, fazendo com que o desafio não seja ser melhor, e sim, tenha sorte.
Por fim, a chuva ameniza e aquele cheirinho de terra molhada vem a nós. Risk of Rain 2 tem sim seus problemas, alguns momentos de morosidade e dificuldades de usabilidade desnecessárias. Porém consegue ser intenso, estratégico, divertido, desafiador e não só uma melhoria, mas também uma alternativa a Risk of Rain. Facilmente um dos melhores jogos de ação rogue-lite que já joguei.