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Se fosse pra julgar Risen pelas primeiras horas de jogatinha eu diria que esse é um RPG sobre um sobrevivente de um naufrágio que apenas corre de uma ponta à ponta de uma ilha fazendo favores para os outros. Mas se você tiver a paciência de passar pelos primeiros pares de horas, vai descobrir que Risen é um RPG mais complexo e profundo do que parece. E, apesar dos problemas na jogabilidade e alguns bugs, o jogo consegue oferecer uma ótima experiência.

A história de Risen não é nenhum exemplo de originalidade: você é um sobrevivente de um naufrágio que foi parar na ilha Faranga, cujos habitantes encontram-se em disputas entre facções. De um lado temos um grupo de ladinos com sua base situada nos pântanos, e do outro, no monastério, temos os monges usuários de magia. Nas primeiras horas, você anda pra lá e pra cá cumprindo objetivos para as facções. A cada missão completada para uma determinada facção, você ganha fama e confiança. Ao mesmo tempo, deixa a outra facção mais descontente.

E assim começam os problemas em Risen. Mesmo tendo um cenário rico, com personagens profundos que vão aparecendo através de missões (quests) interessantes, a forma como o jogador é inserido nelas é muito vagaroso. A história demora pra engrenar e seu personagem, no início, não passa de um quebra-galho. É louvável essa iniciativa de criar uma narrativa mais profunda e intrincada, mas ela chega a ser profunda demais, fazendo com o que o seu personagem demore muito pra deixar de ser apenas um garoto de recados e virar um herói de verdade.

Risen

A dificuldade desequilibrada é outra “trava” no jogo. No início, ao acordar na praia, você segue seu caminho passando pelo tutorial básico: aprende a equipar itens, se curar, lutar, e outras mecânicas como dormir e preparar comida. Porém durante este momento, as quests iniciais não o ajudam a ganhar mais níveis e habilidades. Tudo o que você pode fazer é colher ervas medicinais numa área repleta de inimigos que te matam com um par de golpes, ou missões investigativas aonde você precisa procurar por certos NPCs em áreas igualmente perigosas para o seu personagem fracote.

Tecnicamente o jogo é bem detalhado, com personagens que reagem de diferentes formas a você conforme suas ações ou fama. Há alguns contrastes aqui e ali, como a péssima animação corporal dos personagens e a dublagem, super produzida na maioria dos NPCs e ironicamente tosca do protagonista. Mas no geral, o game se mostra muito bem produzido. As quests são um elogio a parte: todas elas contam uma pequena história. Nada de eliminar 10 monstros X ou buscar objeto Y na caverna mais próxima. Há também as quests de múltiplas escolhas que afetam suas futuras relações, seja com a gangue de bandidos do pântano ou os monges do monastério. Você pode, por exemplo, investigar uma série de roubos que ocorreram em um determinado local, podendo delatar o ladrão para as autoridades ganhando assim respeito e acesso a certas magias mais rápido, ou encobrir tudo e receber uma parte do dinheiro dos furtos. E dinheiro em Risen é muito importante.

Risen

A progressão do personagem não é feita apenas subindo de nível e ganhando mais experiência, a exemplo de outros jogos do gênero. Você pode melhorar certas habilidades de forma individual ao encontrar professores que, pelo preço certo, aumentam a eficácia de suas habilidades como a Alquimia (que te ajuda a transformar raízes e plantas em poções). Temos também a caça, que em níveis mais altos te ajuda a tirar e pele de animais abatidos e usar na confecção de armaduras leves, e a habilidades de ferreiro, que ajuda a criar armas a partir de metais minerados.

Com respeito à ambientação, Risen leva mais um ponto positivo. O visual é acima da média, com cenários vastos e variados. Mesmo estando em uma única ilha, ela oferece muita exploração como em um “RPG open world”, apesar de muitas áreas estarem restritas dependendo do seu nível. Mas com a evolução do protagonista, você poderá explorar a ilha por completo, passando por pântanos, cidade portuária, castelos, fazendas, e etc.

Depois de um tempo, mesmo com ótimas armas, armaduras e magias, você ainda terá problemas no combate. Não apenas porque o nível dos seus inimigos se mantém constantemente elevado ao longo de todo o jogo, mas também porque o combate em Risen não oferece muita precisão. Especialmente o bizarro sistema de trava no inimigo, que se torna mais cruel quando você está lutando contra múltiplos inimigos, com a “mira” mudando sem aviso nenhum e deixando-o desprotegido. Outro problema está na forma como o seu herói bate: as animações são duras e o combo é sempre o mesmo, sendo que o último golpe sempre te deixa com a guarda aberta. E mesmo existindo uma esquiva e defesa com escudo, leva tempo para se acostumar ao ritmo das batalhas. As magias e armas de tiro (arco e flecha, por exemplo) ajudam bastante, mas se você gosta de se engajar em combate corpo-a-corpo vai precisar de muita paciência e dedicação.

Risen

Além da imprecisão nos combates, Risen apresenta vários bugs que dão a impressão de que o jogo foi entregue às pressas. Mesmo com a ótima dublagem, as frases ditas pelos personagens não são as mesmas que estão escritas na legenda, ou a legenda aparece com uma ordem errada em relação ao diálogo. Há até mesmo erros de digitação, como um inimigo que se chama “Dork” e outrora é mencionado por outros NPCs como “Drok”, e por aí vai…

Risen é um bom game, mas com falhas imperdoáveis. O combate falho e os bugs atrapalham o seu desempenho e a experiência de jogo. Se ao menos a dificuldade fosse mais equilibrada, com uma estrutura de jogo mais amigável e simples no início, este poderia ser um RPG mais interessante. Até porque Risen desenvolve uma boa história e apresenta personagens que fazem toda a diferença no gênero. Mas, infelizmente, o potencial do jogo foi desperdiçado.

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