Como vocês talvez saibam, aqui no Gamerview eu sou o responsável pelos jogos de gerenciamento e estratégia. É bem verdade que esse é um nicho bem específico, já que dificilmente as pessoas não se interessam por jogos que mais parecem uma tabela de excel – a maioria já tem que ficar olhando para essas planilhas em seus empregos. Em todos esses anos nessa indústria vital, posso dizer, com segurança, que poucos jogos atingiram mais esse estereótipo que Rise of Industry 2.
Se a experiência clássica de navegar em interfaces cheias de informação e realizar cálculos de produtividade, fazendo o famoso “min-max” lhe parece atrativa, então lhe trago boas notícias. Por outro lado, se você é uma pessoa normal, então eu nem sei o motivo de estar lendo essa review. Em Rise of Industry 2, você assume o papel de um CEO em busca de dominar o mercado e, assim, lucrar o máximo possível. Os caminhos para esse objetivo são variados, indo desde a captação de recursos básicos, como minérios, até a cadeias produtivas complexas, como aparelhos eletrônicos.

A tal da ascenção da indústria
Diferentemente de outros jogos do gênero, em Rise of Industry 2 o foco é na logística e na eficiência máxima. Não há outro jeito de descrever a experiência além disso. Você possui uma boa liberdade para entrar em vários nichos tecnológicos, mas, no final das contas, você sempre fará contas para saber qual a produção ideal a fim de maximizar os lucros. Para tal tarefa, você poderá comprar e vender matérias primas para outras empresas.
A parte de compra e venda, aliás, é um ponto que chama a atenção. Não é simplesmente produzir algo e vender automaticamente. Para estabelecer conexões comerciais, você deve, primeiramente, conseguir o contato dos responsáveis pela empresa que compra seu produto. Somente depois de estabelecer essa relação é que você consegue ir aos negócios. Rise of Industry 2 simula muito bem a relação de confiança entre fornecedores, já que entregas realizadas de maneira correta e constante são recompensadas com oportunidades de contratos maiores. Do mesmo modo, falhar nessas entregas acarreta penalidades que diminuem a sua confiança perante as outras empresas.

A mecânica de relacionamento é boa para a progressão dos contratos, liberando quantidades cada vez maiores que escalam com o crescimento da sua indústria. Porém, o contato inicial com as empresas é uma parte que irrita mais do que diverte. Tais mecânicas não são tão complexas, bastando você desbloquear o contato dos chefes das outras empresas através do famoso networking. Uma vez com o contato é só gastar uma quantia pequena de dinheiro que ele já ficará disponível para negócios.
Cadeias, mas no bom sentido
Nos jogos de gerenciamento, eu particularmente gosto do modo sandbox. Gosto de explorar o que o jogo tem a oferecer sem as amarras da campanha. Entretanto, em Rise of Industry 2 as campanhas, apesar dos objetivos que afunilam as suas escolhas, funcionam bem. Você tem vários cenários disponíveis, com locais que possuem certas matérias primas que são propícias para algumas cadeias produtivas, e, com isso, deve se virar com um investimento inicial a fim de se tornar um empresário de sucesso.

Com diversos objetivos e variáveis, a experiência do modo campanha é divertida. Gostaria de ver mais opções de investimento no modo sandbox, mas parece que essa possibilidade só está disponível do modo campanha. Falando em variáveis, em Rise of Industry 2 você também pode – e deve – negociar as relações com a cidade. Todo cenário terá uma cidade que, além de te prover água e energia, será o local onde seus trabalhadores vão morar. Durante os cenários, você deverá manter uma boa relação com os políticos, podendo investir em moradia e na infraestrutura da cidade a fim de aumentar a capacidade de trabalhadores e a oferta de água e energia, respectivamente.
Todas essas mecânicas não tiram o foco do principal aspecto de Rise of Industry 2: a eficiência na cadeia de produção. O jogo faz um bom trabalho no senso de progressão. Você pode, por exemplo, começar vendendo minérios de base. Depois, com o dinheiro necessário, você pode investir na criação de produtos intermediários. Um exemplo é uma indústria de areia, que pode ser criada e irá produzir uma quantidade fixa desse recurso. A areia pode ser vendida como recurso, já que várias indústrias a utilizam. Porém, esse é um recurso de base, sem valor agregado, e você terá uma baixa margem de lucro nas vendas. O vidro, por outro lado, é um recurso que utiliza a areia e que pode ser produzido em outra indústria. Se você juntar dinheiro o suficiente, poderá criar uma indústria de vidro e, com a areia produzida internamente e a importação dos outros recursos necessários, exportar esse produto para outras empresas, conseguindo uma margem de lucro maior. O vidro, por sua vez, pode ser utilizado em outras indústrias, como a automotiva, que exigirá ainda mais recursos, mas que, por sua vez, lhe trará lucros estratosféricos.

Veredito
De maneira simples, Rise of Industry 2 é um jogo que busca um público bem específico. Se você sente prazer otimizando processos, então esse jogo é do seu interesse. A grande diversão está em criar cadeias produtivas cada vez mais complexas e otimizadas, além de ver o número relativo ao dinheiro subindo cada vez mais através de cada contrato cumprido.
Não espere uma complexidade logística igual a títulos como Transport Fever ou OpenTTD. Esses jogos são focados na questão do transporte e na otimização de rotas. Em Rise of Industry 2, você não estará preocupado com o caminho que o recurso da indústria A vai percorrer até chegar na indústria B; você estará mais preocupado em saber qual o número mágico de prédios industriais e garagens você pode ter a fim de exportar o máximo de mercadorias sem abarrotar o seu estoque.
Rise of Industry pode não ter a profundidade logística dos outros títulos, mas a liberdade para empreender em diversas indústrias, optando por vários nichos de produção, torna essa uma experiência viciante. Como dito, se você é desses que enxerga o prazer nessa liberdade para otimizar processos, então vá em frente. Se essa não é a sua praia, há outros jogos do gênero que funcionam melhor como porta de entrada.
Prós:
🔺Inúmeras opções de cadeias produtivas
🔺Numbers go big
🔺Mecânica de interação com as outras empresas
Contras:
🔻Extremamente nichado
🔻A interface, como de praxe em jogos nesse estilo, não é das melhores
🔻Já falei que é um jogo que apela para um público bem específico?
Ficha Técnica:
Lançamento: 03/06/2025
Desenvolvedora: SomaSim
Distribuidora: Kasedo Games
Plataformas: PC


