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Ah o futebol, esporte bretão que alucina milhões de pessoas ao redor do mundo (este que vos escreve inclusive). Nesse gênero de jogo, temos 2 gigantes que saem anualmente tal qual o IPVA do seu carro, e hoje falaremos do game que já reinou, mas hoje corre bem por fora nessa briga: Pro Evolution Soccer, o famoso PES. Produzido e distribuído pela Konami, Pro Evolution Soccer 2019 é um jogo de futebol, com alguns elementos de manager pra quem quer jogar um modo carreira.

Vamos voltar um pouquinho no tempo. O PES, antigamente conhecido como Winning Eleven, reinou absoluto como melhor jogo do gênero por anos a fio. Eu mesmo jamais havia cogitado jogar FIFA, e como um bom fanboy, demorei pra perceber o abismo que havia se formado. Só abandonei o jogo em 2013, ainda no meu velho PS3. Os motivos para PES ter sido destronado? Bom, provavelmente a soberba da liderança. FIFA veio evoluindo gradativamente, seja em gráficos, jogabilidade, táticas, enquanto PES pareceu engessado numa fórmula que já funcionou. PES 2019 continua na mesma pegada do anterior (do qual eu só joguei a demo, é bom dizer), sem muitas inovações e muito pelo contrário, com algumas perdas.

O maior trunfo do jogo da Konami era a licença oficial da Liga dos Campeões da Europa, ou UEFA Champions League, o maior torneio de futebol entre clubes do mundo. Essa licença durou 10 longos anos e agora pertence ao FIFA. Alguns grandes clubes europeus inclusive ficam de fora, como o Real Madrid por exemplo, um dos clubes mais populares do planeta.

Imagem do Jogo Pro Evolution Soccer 2019
Flamengo é um dos times exclusivos do jogo.

E na hora que a bola rola?

Falando do jogo em si, ele possui o modo amistoso pra jogar aquela pelada descompromissada, seja sozinho, com um ou mais amigos tanto localmente quanto pela internet. Modo manager, onde você gerencia totalmente um clube, o myClub e o famoso e já clássico Master League. A jogabilidade é boa, e pra mim o único ponto de vantagem entre PES e FIFA. Não que ela seja exatamente melhor, mas sim mais intuitiva e fácil, então quando você for bater um contra com aquele seu amigo que não tem o jogo, as disputas vão ficar mais equilibradas pois a curva de aprendizado não é tão grande, coisa que não acontece no FIFA.

Jogar contra quem nunca jogou o jogo ou jogou uma versão anterior é mais fácil do que arrumar treta por política no facebook. A inteligência artificial dos seus jogadores me surpreendeu, é muito boa mesmo. Quem está sem a bola se movimenta de forma realista, sempre procurando espaços e pedindo pela bola, o que facilita muito a tomada de decisões. Jogar PES é bem fácil, mas às vezes irrita. O juiz por vezes parece realmente ter sido licenciado pelo campeonato brasileiro, já que ele apita qualquer esbarrão como falta. A dificuldade do jogo me surpreendeu nos primeiros 5 minutos, mas depois que você aprende a observar os sinais que seus companheiros te dão, é mais fácil fazer fluir o jogo. Os goleiros são 8 ou 80, que ou são verdadeiras paredes intransponíveis, ou não pegam nada.

Imagem do Jogo Pro Evolution Soccer 2019
Vinicius Junior já é jogador do Real Madrid. Alguns jogadores ainda não foram atualizados, uma falha principalmente nos times tidos como exclusivos.

Voltando a falar do licenciamento, a Konami tem exclusividade sobre o campeonato brasileiro e mais especificamente sobre 5 clubes: Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Vasco. Todos com seus uniformes, estádios e jogadores. Os outros 15 times da série A também estão ali, mas alguns contam com elencos fictícios. Nesse ponto o jogo deixa a desejar, em pleno 2018 ver jogadores com A. Peres ou F. Rodrigues é frustrante. Graficamente os uniformes e estádios estão perfeitos. Na tomada aérea pré jogo do Flamengo, até os arredores do Maracanã estavam bem feitos. Eu, que sou frequentador do lugar, me senti em casa. Já os jogadores… Bem, esses no geral não são lá muito parecidos. Jogadores até renomados como Diego, Guerrero e Nenê, são extremamente genéricos. Alguns jogadores inclusive dos 5 times exclusivos do PES tiveram até sua cor de pele alterada. Talvez o campeonato brasileiro não seja suficiente pra fazer alguém optar pelo PES ao seu rival, pois jogar um Barcelona X Real Madrid me parece mais interessante do que um Flamengo x Vasco ou Palmeiras x Corinthians. As expressões faciais dos jogadores são praticamente inexistentes, parecem robôs quando a cena muda pra uma cutscene ou durante um replay. Ah os replays, como são chatos. Todo lance é pausado para a entrada de uma revisão, até uma faltinha boba lá no meio campo ou um impedimento claríssimo, irritando bastante pois o costume com o FIFA de pular os replays com o X aqui é diferente, precisando aqui apertar o options ou start pra pular a cena. O modo carreira onde você joga com um jogador desde as divisões de base até o estrelato em um grande clube parece bobo e infantil perto do que é o modo journey do FIFA, com seu protagonista Alex Hunter evoluindo a cada temporada.

Narração feita por quem entende do assunto

O áudio do jogo é um problema. Os volume estão bem desequilibrados, tendo que jogar o volume da torcida pra baixo da metade pra poder ouvir a narração. As músicas que tocam nos menus são meio desconexas. Chega a tocar música clássica, o que de fato não é trilha pra futebol. Falando da narração, aqui poderia estar o trunfo para os fãs de futebol, pois temos um verdadeiro especialista no comando: Milton Leite, e com os comentários de Mauro Betting. E quando eu digo verdadeiro especialista eu falo sério, pois Milton é um dos melhores narradores do futebol brasileiro, com bordões maravilhosos como “Olha a batiiiiiida” e “Que beleza”. Eu me irrito bastante com a narração de FIFA, Tiago Leifert e Caio Ribeiro até tentam ser engraçados mas eu sinto que falta aquele algo a mais. No PES temos uma narração boa, porém pobre. A falta de licença novamente atinge aqui, alguns jogadores não tem sequer seus nomes citados, são ditas frases genéricas como “mandou a bola pro companheiro”. Além de serem bem repetitivas na maior parte do tempo, não é que eu tenha jogado 50 horas, pois já de uma partida pra outra você ouve as repetições. Além, é claro, das frases genéricas quase o tempo todo.

Imagem do Jogo Pro Evolution Soccer 2019
Barcelona é um dos times europeus licenciados pelo Pro Evolution Soccer 2019.

PES é um bom jogo? Até é, mas infelizmente ainda está bem atrás do seu maior adversário, isso em comparação com o FIFA 2018 ainda. Nem imagino como vai se comparar com o FIFA 2019. Até a versão de Nintendo Switch do competidor, que é bem capada, é mais divertida e completa do que o PES 2019. É aquele jogo legal pra jogar com aquele amigo que veio te visitar, tirar uma onda com um rival jogando um clássico regional, num estádio conhecido, e só. Pro Evolution Soccer é um excelente arcade, enquanto seu rival está num nível muito mais pra simulador. Como grande fã desde o saudoso PS1, onde colocava o ataque com Ronaldo e Roberto Carlos, a série me frustrou, assim como me frustra todo ano, pois eu sempre acho que, dessa vez, vai superar FIFA e eu vou poder voltar pro meu habitat natural (o botão correto de chutar pro gol é o quadrado e ponto final). Mas não foi dessa vez.

A Konami vem numa ladeira abaixo com suas franquias, e essa, a única que ainda sai com regularidade anual, parece ser feita meio de má vontade. Não sei quais os rumos que a empresa tem para suas propriedades, especialmente com PES, não deve ser barato produzir um jogo, por mais nas coxas que ele pareça ter sido feito. Ano após ano a surra que a EA e seu FIFA vem dando chega a ser humilhante, não só no jogo em si como principalmente nas vendas. Mais sorte no PES 2020 para todos nós que estão órfãos dessa série.