Prince of Persia, para muitos (incluindo eu), remete aos primeiros contatos com os videogames. O famoso Príncipe começou sua carreira na época em que tínhamos monitores monocromáticos, e atravessou gerações ganhando versões para os consoles. Não demorou muito para ingressar no mundo 3D, adquirir controle do tempo e chegar na atual geração reformulado e mais belo do que nunca.
Na nova aventura, o Príncipe se perde durante uma tempestade de areia, enquanto tentava achar sua jumenta Farah, que desapareceu com todo o seu ouro. Uma misteriosa mulher tromba com o Príncipe, desesperada, correndo de guardas comandados pelo seu próprio pai. Elika pede ajuda ao Príncipe, iniciando um tutorial introdutório aos movimentos do protagonista. A moça tenta impedir os planos malignos de seu pai, mas em vão. Ele destrói a Árvore da Vida, libertando o deus negro Ahriman, e o mundo é consumido pelas trevas. Cabe à dupla restaurar os terrenos férteis do mundo.
Este mundo é dividido em quatro tipos de regiões, em cenários e paisagens, cada uma governada por uma ser da escuridão. Cada região possui cerca de cinco áreas, que por sua vez possui um terreno fértil a ser restaurado. É nestes momentos que ocorrem as batalhas, seja contra pequenas criaturas consumidas pelas trevas ou por chefões. Ao ganhar, Elika usa seus poderes para limpar as sombras daquele cenário. Desta forma são reveladas as Sementes da Luz (Light Seeds), importantes para fortalecer os poderes de Elika e do Príncipe, além de liberar passagens para outras terras inexploradas.
Por conta dos caminhos interligados, é comum você passar pelos mesmos cenários mais de uma vez. Os quatro poderes do Príncipe, chamados Poderes de Ormazd, dão acesso às novas áreas em cenários pelo qual você já esteve horas atrás, dando uma nova perspectiva à aventura, sem enjoar.
Não sei se chamaria isso de poder, mas o Príncipe nunca morre. Em qualquer momento que sua vida estiver em risco, Elika usa seus poderes para te salvar da monte. Seja de uma queda em direção a um abismo ou de um golpe fatal do inimigo. Pode até parecer fácil, afinal de contas o desafio do jogo está em vencer os cenários, mas se prestar atenção verá que é uma forma de mascarar os checkpoints, evitando telas de loading do último save. Ao meu ponto de vista isto é perfeito, algo que mantém o ritmo do game sempre constante.
Agora falando no visual, a Ubisoft Montreal caprichou em tudo que pôde. O jogo foi feito totalmente em cel shading, com adição de novas técnicas e efeitos de partícula. O resultado é um jogo vivo em cores e detalhes, bonito de assistir e jogar. Os movimentos capturados do Príncipe e da Elika são um show a parte, essenciais pro realismo do jogo. E também uma homenagem ao game original, o primeiro da história a fazer uso da técnica de captura de movimentos para um jogo de computador. Se você achou os movimentos de Altair (Assassin’s Creed) super realistas, precisa conferir este novo Prince of Persia. Há também a interação entre a dupla, ao escalar por vinhas, passar por uma viga estreita ou trocar de lado. Simplesmente impecável!
O Príncipe possui diversos movimentos acrobáticos, que somados as poderes são bem divertidos de executar. Por conta disso o jogo ficou um tanto fácil, uma vez que você aperta um ou outro botão para cada movimento e sempre verá uma indicação do que fazer ao observar o cenário, seus obstáculos ou pedir orientação à Elika (que usa sua magia para mostrar o caminho). Porém a única coisa que realmente tirou a diversão em Prince of Persia foi o sistema de batalha. Os movimentos se limitam a apenas três comandos, que podem ser combinados para desferir um combo diferente com ajuda de Elika. E só. As batalhas são extremamente bonitas, mas ordinariamente fáceis do começo ao final do game. E pra completar não há outras armas, exceto a sua espada. Não que fosse necessário, mas com certeza ficaria mais interessante, cada arma com um combo diferente.
A relação dos protagonistas, como casal, chega a cativar em alguns momentos com bons diálogos. Elika é sempre a racional e compassada, explicando ao seu companheiro (e ao jogador eventualmente) a história por trás de tudo, compensando o número de besteiras e piadinhas que o Príncipe dispara durante a aventura. Não chega a ser irritante, mas a química poderia ser melhor, mais adulta. Prince of Persia é uma aventura de encher os olhos, com jogablidade fácil e fluída, mas que carece de desafios na parte dos combates. Mas é bom saber que a aventura está só recomeçando.