Você venceu Leon e se consagrou Campeão. Desafiou a Battle Tower e conquistou todos os níveis tanto no modo individual quanto nas batalhas em dupla. Seu ranking online está de vento em popa. Nosso guia te ajudou a completar toda a sua Pokédex e o que restou? Pokémon Sword e Shield, apesar de serem grandes títulos da franquia e os primeiros a saírem num console, não te dão muitas opções no pós-game. É aí que The Isle of Armor entra.
Pela primeira vez em toda a franquia foi escolhida a opção de oferecer uma expansão, ao invés de um terceiro título ou sequência como nos antigos. Dividida em duas partes, esta lançada nessa semana e a próxima ainda sem data prevista para sair, a intenção é te fazer querer retornar a Galar. Com novos monstros de bolso, um mapa inteiramente inédito e personagens cativantes, o DLC deu um novo ar e trouxe mais elementos ao jogo.
É um novo mundo de aventuras
Quando comecei a jogar a nova expansão, foi um extremo choque. Falo com tranquilidade que The Isle of Armor é um ambiente muito melhor que a Wild Area comum de Galar. Enquanto a do jogo-base é apenas uma grande planície, onde você pode ver tudo que há em sua extensão, aqui a história é outra. Com cavernas, riachos, florestas, colinas e torres penduradas em cima delas, se não usar o mapa você pode se perder com uma facilidade absurda logo no início.
Vamos aos fatos, ela não é maior que a Wild Area original, mas ela passa justamente essa sensação pela profundidade e mudanças de ambiente. Também contando com entrada para o oceano e às diversas ilhas espalhadas pelo local, é um prato cheio para exploração. Vale comentar o quanto é indescritível entrar no mar pela primeira vez e avistar um Wailord ao horizonte, ou ser perseguido por um Sharpedo que te caça em alta velocidade. O tubarão fica chato depois, mas nas primeiras vezes vão te encantar.
E foi justamente isso que me mostrou uma enorme falha, mas não da expansão, mas sim de Pokémon Sword e Shield. The Isle of Armor conseguiu criar uma área tão cheia de diversidade e interessante, com detalhes chamando sua atenção a todo instante que me mostrou o quanto o mundo aberto do game foi mal utilizado. Mesmo com uma variedade de monstros e clima, quem jogou sabe que o ambiente parece tudo a mesma coisa em quase toda sua extensão.
Com isso afirmado, ao menos aqui o mapa está completamente satisfatório e mesmo não sendo tão grande, foi muito prazeroso passear por lá. A história te dá respaldo para visitar toda a ilha enquanto completa suas missões, então mesmo que haja algo que ainda não viu, em algum momento te enviarão até lá para realizar suas novas tarefas. Não se preocupe que acabará visitando tudo.
Bem-vindo à The Isle of Armor
Falando na história, o que foi outro ótimo respiro que tive do jogo principal, ela é absurdamente mais divertida. Sem o peso de um lendário salvando um continente em perigo, o destino escolhendo seu heroi ou heroína para fazer par ao Zamazenta ou Zacian nem nada do gênero, restou apenas um mundo despreocupado e livre das ameaças megalomaníacas que sempre existiram na série.
O Mestre Mustard, aquele que treinou Leon e já foi um Campeão é um idoso muito engraçado, assim como a personagem Klara, mestre dos Pokémon venenosos. Na versão Shield o rival é Avery, especialista no tipo psíquico. Até mesmo os personagens secundários e as aparições especiais te dão uma sensação extremamente agradável e tornam a expansão em algo que admito que gostaria de ter visto na franquia principal.
Acabando no dojo por acidente, você deve realizar as diferentes missões lá dentro para poder participar do desafio máximo da ilha. Visto como um prodígio, claro que isso acaba desencadeando situações bastante inusitadas. E, em seu caminho, o inédito Kubfu aparece para se unir ao seu treinamento e conseguir vencer as lutas de uma das duas torres que deve escolher espalhadas no mapa.
Já que citei os monstros inéditos, a The Pokémon Company prometeu trazer mais de 200 deles em cada expansão. Realmente trouxeram, não foi uma mentira, já que a nova pokédex tem 207 espaços referentes àquela área. Porém, quando fui dar uma olhada nela, percebi que quase a metade já estava preenchida. The Isle of Armor traz exatos 105 antigos monstrinhos a Galar, com um novo deles bloqueado por fazer parte da ação do próximo filme da franquia.
Sendo sincero? Para mim foi um imenso desperdício de espaço e que podia ser utilizado para inserir uma diversidade maior. Isso foi o que mais me incomodou, iniciei acreditando que veria novidades e me deparei com alguns rostos conhecidos que me desanimaram. Obviamente os que chegaram agora também já estão liberados para serem passados para Galar, porém se você não adquirir a expansão terá que contar com um amigo e com o falho sistema online de conexão que Pokémon Sword e Shield oferece.
Infelizmente isso dá ainda mais gás aos que aderiram ao movimento “Dexit“, qual brigava contra a Game Freak e seu sistema de exclusão de vários dos Pokémon que fizeram parte de seus times no passado. Principalmente se eu disser que, destes 105, 34 são da primeira geração. Matematicamente falando, são aproximadamente 33% reservados apenas para um de sete games que vieram anteriormente. Assim não dá para defender de quem reclama da preferência deles em puxar o público que conhecia apenas os antigos, sendo que há uma variedade absurda, seja em questão de estratégia ou de design.
A expansão também te dá uma escolha
Mesmo com isso, eles compensaram com novas formas Gigantamax para Cinderace, Rillaboom e Inteleon, além dos conhecidos Blastoise e Venusaur. Na ilha da armadura você também possui a Max Soup, que permite tornar seu monstro comum que usa apenas a forma Dynamax a utilizar a versão suprema. A ajuda disso é essencial, já que nem todos conseguiram capturá-los nas Max Raids ou queriam evoluir os que já estavam em seu time, qual foi meu caso com o Copperajah da minha equipe.
Outra novidade que, inclusive, não tinha sido divulgada anteriormente e foi espetacular é a possibilidade de poder caminhar com seu Pokémon ao lado após passar por um certo trecho da expansão. Você só pode fazer isso em The Isle of Armor, porém as animações vistas no Camp agora são realizadas todas enquanto caminha em busca de seus objetivos. Diria que foi uma das melhores adições e me fez testar vários monstrinhos no meu trajeto.
Além disso, com a expansão vem uma variedade maior de roupas disponíveis para adquirir, assim como novos cortes de cabelo, novas cores e efeitos para a bicicleta e inclusive você pode personalizar o dojo gastando Watts acumulados em suas aventuras. No fim da aventura, também é inserida uma grande deixa de que a história será interligada com The Crown Tundra, a Parte 2 do DLC. Sem entrar em detalhes para não soltar spoilers, só saiba que tudo visto nesta expansão será para te preparar para algo que virá futuramente.
Falando francamente com vocês, fiquei muito feliz jogando e realmente o combo de história, novas criaturas e as mudanças de ambiente renovaram meu gosto pelo título. Porém, The Isle of Armor mais me mostrou dos defeitos que Pokémon Sword e Shield carregam do que qualquer outra coisa. Por ser tão legal, abriu o questionamento da razão do restante da experiência, que já devia ser completa, não trazer a mesma sensação.
Claro, antes isso do que um terceiro jogo ou uma sequência direta, nossos bolsos agradecem. Mas acredito fielmente que tudo que foi apresentado já devia estar no game completo e não um conteúdo sendo vendido à parte. Compensou? Bastante, me animou muito. Mas queria ter passado por isso no jogo-base ou, no mínimo, que tivessem sido inclusos mais elementos para todos aproveitarem no pós-game.
Pokémon Sword e Shield: The Isle of Armor vai dividir os fãs e não conquistará a glória que tanto almeja logo de cara. Apesar do conteúdo muito mais divertido e recompensador, com desafios até maiores do que o próprio game oferece, a forma como a Game Freak e a The Pokémon Company trabalham isso terá de passar por uma reformulação nas próximas gerações. O DLC vale a pena, mas para mim. Cada um saberá o quanto de tudo isso pode ser um fator decisivo para adquirir ou não.