… E então o homem ponderou sobre a existência de um deus, e viu que Deus era bom e o introduziu à sua realidade. Pascal’s Wager, um jogo mobile lançado originalmente para iOS, finalmente está disponível para Android, trazendo a proposta criada pelo filósofo francês do século XVII Blaise Pascal, na qual o indivíduo ganha mais acreditando em Deus do que vivendo em descrença.
Com um cenário e ambientação resultantes de uma amálgama entre Dark Souls e Bloodborne, Pascal’s Wager é uma ótima “versão” portátil de games da série. Produzido pela Tipswork e a Giants Global, e trazendo uma temática gótica com um gameplay exigente, o jogo acaba superando toda e qualquer expectativa.
Tende piedade
Como dito anteriormente, Pascal’s Wager nos apresenta este mundo soturno e pesado, onde a noite e criaturas dominam grande parte da terra. Assim é contado que há eras o sol se chocou com o oceano e envolveu a terra em uma densa e perigosa névoa. No entanto, a luz ainda acolhia os humanos e mantinha as criaturas escondidas, graças aos Colossos. Porém os mesmos vem se enfraquecendo cada vez mais e resta a Terrance, nosso protagonista e herói, descobrir o porquê disto.
Terrence, uma versão de Geralt desse universo, está seguindo rumo à Tumba dos Colossos para descobrir o que está ocorrendo. Acompanhado de Viola, uma jovem enigmática e seu fuzil, o misterioso homem de um braço só Norwood e a freira Benita, eles buscam a resposta deste mistério. Cada personagem possui um estilo de jogo diferente, todos extremamente poderosos caso bem manejados, sendo Terrance e Norwood personagens focados em combate corpo-a-corpo e Viola e Benita com um foco maior à distância.
Terrence utiliza dois sares, o que permite uma abordagem mais equilibrada em relação a Norwood. O misterioso andarilho de um braço só usa seus poderosos socos para desestabilizar oponentes e os ataca com a Madame de Ferro que sempre leva consigo. Viola, como já dito anteriormente, possui um tipo de fuzil, no qual deposita toda sua habilidade de combate, enquanto Benita usa uma lanterna como mangual.
Caminho dos espinhos
A parte mecânica de Pascal’s Wager é extremamente semelhante a um soulslike, com um alto foco em risco e recompensa. No entanto, é aqui que entra meu maior problema com jogos mobile, talvez pela falta de um aparelho bom ou coordenação motora. Eu amo jogos soulslike, tanto que tatuei meu personagem de Bloodborne na perna, mas jogar um game do gênero em um celular requer um controle externo. Não que seja impossível jogar apenas com os comandos touch, mas será bem mais trabalhoso.
O jogador tem acesso aos mesmos tipos de ataques do jogo da série Souls, ou seja, um ataque leve e outro pesado. Com o avanço da história, recebemos novas habilidades ao usarmos pontos de habilidades nos altares. Semelhante às habilidades de armas em Dark Souls, aqui elas são cumulativas e ajudam muito a dominar o combate. Além disso, existem troféus, que servem como os itens de acessórios, dos quais alguns são encontrados e outros confeccionados pelo player.
Dessa maneira, o personagem tem um foco maior em aprimoramento próprio do que de equipamento. Ainda é possível oferecer Fragmentos de Ossos nos altares, que farão com que o personagem suba de nível, semelhante às Almas e Ecos de Sangue de Dark Souls e Bloodborne. Cada vez que subimos, devemos gastar o novo ponto de habilidade em um dos atributos da personagem, que regem força, vigor, sabedoria, resistência e energia.
Prepare-se para as lágrimas
Em Pascal’s Wager, existe um sistema de sanidade, que deve ser observado igual ao medidor de vida do personagem. O medidor de sanidade rege o atual estado do jogo: quanto maior, mais perigosas e vorazes as criaturas, ou seja, sempre o mantenha baixo. Isso vale principalmente nas lutas de bosses, que em algum momento darão um jeito de ativá-la, o que fará com que o mundo se torne ainda mais opressivo e o chefão ainda mais impiedoso.
Graficamente o jogo é impressionante, trazendo um mundo rico em detalhes e personagens cheios de originalidade. As criaturas também são realmente interessantes e acredito que o jogo seria um ótimo AAA para consoles. O primeiro boss mesmo me lembrou uma mistura de Greirat e Iudex Gundyr de Dark Souls 3, mas as homenagens vão muito além disso. A trilha sonora também é magnífica, complementando muito bem a parte visual de Pascal’s Wager.
Meu maior problema mesmo é a necessidade de um controle para se jogar o game. Usei meu Dualshock 4 pareado ao meu Mi A3, e o controle funcionou perfeitamente. No entanto, ter que levar um controle grande além de um suporte para o celular para poder tirar proveito máximo do game reduz um tanto o fator de mobilidade dele, ao menos para mim. Mas tirando isto, Pascal’s Wager é definitivamente a experiência Souls que sempre quis para um mobile, mas que não sabia que queria.