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Enquanto você se diverte fazendo as dobraduras pelos cenários, Paper Trail vai construindo uma maravilhosa história sobre crescimento numa belíssima jornada desenvolvida e publicada pela Newfangled Games. Comovente e viciante, você não conseguirá largar o controle até chegar ao fim dessa história que brinca ao imitar um conto de fadas para entreter durante muitos quebra-cabeças.

Simples, bonito, criativo e estiloso, Paper Trail consegue resgatar a proposta dos jogos indies ao experimentar mecânicas e gameplay que, mesmo com certas limitações, conseguem reunir outros fatores de sucesso em jogos anteriores como, por exemplo, Gris e Snufkin, para explorar uma nova maneira interessante de construir uma narrativa.

Dobre, vire e combine

No papel de Paige Turner, vamos viver os dilemas da primeira garota de sua aldeia que conseguiu uma vaga para a universidade, porém seus pais não ficam felizes com a ideia de que você deixará sua aldeia para perseguir seus sonhos e viver uma nova vida. Dotada de poderes capazes de manipular o espaço-tempo, com alusão ao trocadilho em seu sobrenome, a jovem estudante vai enfrentar caminhos tortuosos entre muitos cenários, entre cavernas, florestas, templos e vilas, conhecendo e ajudando diversas pessoas pelo caminho que vão contribuir na construção da sua história.

Paper Trail

Com entradas dubladas como registros em seu diário, Paper Trail apresenta a cada virar de páginas uma nova situação ao se apoiar na curva de aprendizado, muito bem desenvolvida e estruturada, explorando diversas maneiras em que o dobrar do papel reforça a principal mecânica de jogo. Desde o começo com o simples combinar das faces de dados ao deslizar de peças, com a inclusão de pedras, botões, raios, escadas e outras construções, você precisará testar dobras verticais, horizontais e diagonais para criar o caminho correto para Paige.

A história está longe de ser genial, mas possui uma aplicabilidade em nossa vida sobre os desafios que enfrentamos ao crescer e seguir em busca dos nossos sonhos, com pessoas que complementam e fazem parte dessa jornada. Essa metáfora está na maneira como você precisa encarar os quebra-cabeças para ligar as pontas ou faces corretas do cenário, que aparece como um pedaço de papel na tela, para você continuar em frente.

Paper Trail

Tudo foi pensado para você aproveitar ao máximo a história de Paige, pois além da crescente dificuldade dos puzzles, você também encontrará coletáveis pelo caminho e que exigirão ainda mais raciocínio para que você alcance cada um deles. Caso você fique preso em qualquer etapa, os desenvolvedores disponibilizaram um guia que mostra a ordem para as dobraduras e como fazê-las, para que você consiga chegar à resolução. Mesmo que com muitos neurônios para queimar ao longo de aproximadamente seis horas, Paper Trail amarra muito bem a construção da narrativa com sua progressão, tanto nos desafios de dobradura quanto no crescimento da protagonista.

Obra de arte com dobraduras

Todo o mundo desenvolvido pela Newfangled Games parece ser uma aquarela deixada sobre a mesa esperando para ser dobrada na tentativa de revelar uma nova imagem. Essa premissa é muito bem adaptada pela direção de arte de Paper Trail, que explora muito bem as cores e os detalhes de cada cenário para que o jogador sinta-se imerso e com interesse em testar possíveis resoluções até encontrar a maneira correta ao puxar as extremidades da folha que realmente solucionarão o quebra-cabeça.

Paper Trail

As cenas que contam a história, seja quando entramos numa nova região ou acontece algo que impacte a personagem principal, também acompanham a ideia e, além de precisarem da sua intervenção para serem montadas. Literalmente. Dobre a folha para que as cenas sejam construídas, revelando mais sobre a jornada de Paige e seu crescimento, enquanto persegue seus sonhos. O mesmo acontece para a trilha sonora, que pontua cada etapa da narrativa e deixa nosso coração cada vez mais quentinho, numa agradável mistura de estilo como se tivesse saído de um conto de fadas.

Tudo em Paper Trail é muito bem explorado e desenvolvido, com a excelente representação de mundo e adaptação da história. Ele permite que você aprenda, experimente e até trapaceie para que consiga ultrapassar os desafios propostos, mas sem deixar de lado o charme e carisma na maneira como constrói cada cenário e desenvolve o gameplay. A simplicidade nos controles e até certas limitações na movimentação de Paige, que podem incomodar por obrigar você a seguir as regras deste mundo, também fazem parte da proposta.

Paper Trail

A delicadeza com que os elementos desse jogo são trabalhados e como a história se desenvolve são os principais elementos para você embarcar nessa jornada através de dobraduras que, com certeza, vão desdobrar sentimentos em você.

100 %


Prós:

🔺 Excelente direção de arte
🔺 Criatividade ao usar dobradura como puzzle
🔺 História cativante e interessante
🔺 Gameplay simples e acessível
🔺 Boa curva de aprendizado

Contras:

🔻 O jogo poderia ser mais longo e explorar outros personagens também


Ficha Técnica:

Lançamento: 21/05/24
Desenvolvedora: Newfangled Games
Distribuidora: Newfangled Games
Plataformas: PS5, Switch e Mobile
Testado no: Switch