Enquanto você se diverte fazendo as dobraduras pelos cenários, Paper Trail vai construindo uma maravilhosa história sobre crescimento numa belíssima jornada desenvolvida e publicada pela Newfangled Games. Comovente e viciante, você não conseguirá largar o controle até chegar ao fim dessa história que brinca ao imitar um conto de fadas para entreter durante muitos quebra-cabeças.
Simples, bonito, criativo e estiloso, Paper Trail consegue resgatar a proposta dos jogos indies ao experimentar mecânicas e gameplay que, mesmo com certas limitações, conseguem reunir outros fatores de sucesso em jogos anteriores como, por exemplo, Gris e Snufkin, para explorar uma nova maneira interessante de construir uma narrativa.
Dobre, vire e combine
No papel de Paige Turner, vamos viver os dilemas da primeira garota de sua aldeia que conseguiu uma vaga para a universidade, porém seus pais não ficam felizes com a ideia de que você deixará sua aldeia para perseguir seus sonhos e viver uma nova vida. Dotada de poderes capazes de manipular o espaço-tempo, com alusão ao trocadilho em seu sobrenome, a jovem estudante vai enfrentar caminhos tortuosos entre muitos cenários, entre cavernas, florestas, templos e vilas, conhecendo e ajudando diversas pessoas pelo caminho que vão contribuir na construção da sua história.
![Paper Trail](https://gamerview.com.br/wp-content/uploads/2024/05/paper_trail_review_gamerview_img01-1024x576.webp)
Com entradas dubladas como registros em seu diário, Paper Trail apresenta a cada virar de páginas uma nova situação ao se apoiar na curva de aprendizado, muito bem desenvolvida e estruturada, explorando diversas maneiras em que o dobrar do papel reforça a principal mecânica de jogo. Desde o começo com o simples combinar das faces de dados ao deslizar de peças, com a inclusão de pedras, botões, raios, escadas e outras construções, você precisará testar dobras verticais, horizontais e diagonais para criar o caminho correto para Paige.
A história está longe de ser genial, mas possui uma aplicabilidade em nossa vida sobre os desafios que enfrentamos ao crescer e seguir em busca dos nossos sonhos, com pessoas que complementam e fazem parte dessa jornada. Essa metáfora está na maneira como você precisa encarar os quebra-cabeças para ligar as pontas ou faces corretas do cenário, que aparece como um pedaço de papel na tela, para você continuar em frente.
![Paper Trail](https://gamerview.com.br/wp-content/uploads/2024/05/paper_trail_review_gamerview_img09-1024x576.webp)
Tudo foi pensado para você aproveitar ao máximo a história de Paige, pois além da crescente dificuldade dos puzzles, você também encontrará coletáveis pelo caminho e que exigirão ainda mais raciocínio para que você alcance cada um deles. Caso você fique preso em qualquer etapa, os desenvolvedores disponibilizaram um guia que mostra a ordem para as dobraduras e como fazê-las, para que você consiga chegar à resolução. Mesmo que com muitos neurônios para queimar ao longo de aproximadamente seis horas, Paper Trail amarra muito bem a construção da narrativa com sua progressão, tanto nos desafios de dobradura quanto no crescimento da protagonista.
Obra de arte com dobraduras
Todo o mundo desenvolvido pela Newfangled Games parece ser uma aquarela deixada sobre a mesa esperando para ser dobrada na tentativa de revelar uma nova imagem. Essa premissa é muito bem adaptada pela direção de arte de Paper Trail, que explora muito bem as cores e os detalhes de cada cenário para que o jogador sinta-se imerso e com interesse em testar possíveis resoluções até encontrar a maneira correta ao puxar as extremidades da folha que realmente solucionarão o quebra-cabeça.
![Paper Trail](https://gamerview.com.br/wp-content/uploads/2024/05/paper_trail_review_gamerview_img06-1024x576.webp)
As cenas que contam a história, seja quando entramos numa nova região ou acontece algo que impacte a personagem principal, também acompanham a ideia e, além de precisarem da sua intervenção para serem montadas. Literalmente. Dobre a folha para que as cenas sejam construídas, revelando mais sobre a jornada de Paige e seu crescimento, enquanto persegue seus sonhos. O mesmo acontece para a trilha sonora, que pontua cada etapa da narrativa e deixa nosso coração cada vez mais quentinho, numa agradável mistura de estilo como se tivesse saído de um conto de fadas.
Tudo em Paper Trail é muito bem explorado e desenvolvido, com a excelente representação de mundo e adaptação da história. Ele permite que você aprenda, experimente e até trapaceie para que consiga ultrapassar os desafios propostos, mas sem deixar de lado o charme e carisma na maneira como constrói cada cenário e desenvolve o gameplay. A simplicidade nos controles e até certas limitações na movimentação de Paige, que podem incomodar por obrigar você a seguir as regras deste mundo, também fazem parte da proposta.
![Paper Trail](https://gamerview.com.br/wp-content/uploads/2024/05/paper_trail_review_gamerview_img07-1024x576.webp)
A delicadeza com que os elementos desse jogo são trabalhados e como a história se desenvolve são os principais elementos para você embarcar nessa jornada através de dobraduras que, com certeza, vão desdobrar sentimentos em você.
Prós:
🔺 Excelente direção de arte
🔺 Criatividade ao usar dobradura como puzzle
🔺 História cativante e interessante
🔺 Gameplay simples e acessível
🔺 Boa curva de aprendizado
Contras:
🔻 O jogo poderia ser mais longo e explorar outros personagens também
Ficha Técnica:
Lançamento: 21/05/24
Desenvolvedora: Newfangled Games
Distribuidora: Newfangled Games
Plataformas: PS5, Switch e Mobile
Testado no: Switch