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Pac-Man é um clássico importantíssimo para a história dos games e não dá para negar toda a contribuição dessa bolota amarela para que os jogos viessem a se tornar o que são hoje. Porém, sempre tive problemas em simpatizar com a versão “moderna” da franquia, que transformou aquele conceito simplório de comer bolinhas em labirintos em um jogo de plataforma onde o Pac-Man é, de fato, um personagem que tenta ser tão carismático quanto um Mario ou Sonic da vida.

Foi em meados da década de 1990 que a Namco decidiu renovar este clássico afim de evitar que ele acabasse caindo no esquecimento. Assim nasceu Pac-Man World, exclusivo do PS1 que recebeu uma espécie de demake para GBA alguns anos depois, sendo a primeira tentativa da Namco de implementar mecânicas de plataforma na franquia. 23 anos depois, o jogo está recebendo um remaster completão, com gráficos modernos e adaptações nas mecânicas, o que seria a oportunidade perfeita para apresentar o personagem para novas gerações e, quem sabe, reviver a série em um futuro próximo.

Bonitinho, mas ordinário

Pac-Man World Re-PAC não é um remake, como muita gente pode confundir, mas uma versão mais bonita e modernizada do original – semelhante ao que fizeram com a trilogia do Crash e Spyro do PS1. Se você chegou a jogar o clássico de 1999, ainda é o mesmo jogo, então essa pode ser uma experiência bem nostálgica e igualmente divertida, desde que você não se importe com os diversos problemas que o jogo já apresentava na época.

Neste jogo, Pac-Man deve partir ao resgate de sua família, que foi sequestrada durante os preparativos para sua festa de aniversário. O autor do crime foi o maléfico TOC-MAN, um impostor que quer eliminar nosso herói para tomar seu lugar como o único Pac-Man “verdadeiro” do mundo. Se você esperava um enredo mais elaborado, não sei nem o que dizer, pois estamos falando de uma adaptação de um jogo onde você só saia comendo bolotas e fugindo de fantasmas.

Pac-Man
Agora ninguém me segura!

Meus maiores problemas com esse Pac-Man repaginado é justamente a falta de identidade dos jogos e do personagem em si. Apesar de tentarem criar um pequeno universo que seja amigável e divertido, assim como vemos nos jogos do Mario, por exemplo, tudo aqui só é bizarro. Nenhum personagem consegue cativar e até mesmo as mecânicas parecem ter sido “surrupiadas” de outros jogos, salvo alguns momentos onde jogamos com o propósito inicial, que acabam sendo os únicos trechos que fazem deste um jogo de Pac-Man.

Pac-Man World foi lançado em uma época bastante experimental dos jogos de plataforma 3D, então aqui temos uma câmera fixa que alterna entre uma visão isométrica e sidescroll (de ladinho, igual jogos 2D). Ao invés de um mundo aberto ou mapa sandbox, o jogo é dividido em fases lineares onde só devemos ir do ponto A para o ponto B, mas também temos uma série de colecionáveis para ir pegando no caminho. Contudo, a progressão não é linear e até foge do que outros títulos do gênero faziam; aqui, você já começa com três mundos desbloqueados e pode jogá-los na ordem que quiser.

Pois é, o Pac-Man sabe nadar

Essa não linearidade é legal, mas também expõe uma falha grave do jogo: ele é melzinho na chupeta e não aumenta sua dificuldade gradativamente, como de costume. A curva de aprendizado é mínima e não demora muito para você perceber que as coisas não vão sair daquilo. Até o level design fica previsível e com o tempo você vai saber exatamente onde estarão escondidos itens e colecionáveis, já que as fases seguem um padrão bem simplório.

Bater e comer

As mecânicas de Pac-Man World Re-PAC são as mesmas do original, só que com uma facilidade maior de realizar todos os movimentos do personagem (levando em consideração que antes a jogabilidade costumava ser mais travada). Nossa bolota amarela pode pular alto igual ao Mario, correr e atropelar seus inimigos igual ao Sonic e até mesmo atirar as esferas amarelas que ele come. São bastante movimentos diferentes, apesar da maioria ser uma mistura maluca de vários outros jogos de plataforma.

Em alguns momentos, teremos a oportunidade de jogar labirintos improvisados, onde você poderá virar o Pac-Man clássico e destruir seus inimigos daquele jeitinho bem famoso. Durante o jogo, você também encontra fases bônus onde será possível jogar Pac-Man à moda antiga, porém com o visual dessa versão reimaginada. Para mim, esses são os trechos mais divertidos e, no final, até que casam bem com as partes de plataforma. Não dá para negar que o jogo equilibra bem essas duas coisas.

Os labirintos conectam o jogo com suas raízes

Uma coisa realmente confusa é o excesso de colecionáveis que podemos encontrar nas fases. Parece que os desenvolvedores não sabiam como encaixar os itens do clássico dentro deste, como as frutas, por exemplo, e daí só saíram jogando tudo de qualquer jeito. Aqui você encontra diversos tipos de frutas, moedas, letras (para formar o nome do Pac-Man, igualzinho aos jogos do Donkey Kong) e um item para desbloquear as fases bônus. Cada um tem um propósito diferente, então você acaba se perdendo na loucura de pegar tudo.

Mesmo com essas particularidades, o jogo ainda é bem genérico e não vai além do básico em absolutamente nada. Os novos gráficos estão aceitáveis, apesar de não impressionar, e o game sem dúvidas está mais agradável de jogar, mas é só isso. Para o bem ou para o mal, ainda é aquele Pac-Man World de 1999 e, no final, sua maior qualidade é a nostalgia. Quem jogou na época vai adorar, mas quem for jogar só agora provavelmente não vai achar nada demais. Talvez um remake completo fosse mais interessante para atrair um público maior e, quem sabe, dar uma certa sobrevida à franquia.