O primeiro e único Travis Touchdown finalmente saiu do maravilhoso Wii para o mundo dos PCs. Assim como em Travis Strikes Again: No More Heroes, o maior otaku assassino da história está em outras plataformas fora do poder da Big N (em sua versão original, não confundir com o port Paradise para PS3 e X360). Com um port feito pela Marvelous, No More Heroes e No More Heroes 2: Desperate Struggle, os jogadores agora conhecerão os eventos que precedem No More Heroes III.
Com uma trilha sonora incrível, muito estilo visual e one-liners inesquecíveis, No More Heroes veio mostrar por que marcou tanto no Wii. Mas não é apenas o gameplay satisfatório, ou desenvolvimento sem pé nem cabeça da história sozinhos que fazem tudo funcionar, e sim a união de todos esses elementos, como um bom e delicioso hambúrguer americano.
Moe~
O que fazer quando você mora de aluguel em um motel de beira de estrada e só sabe gastar dinheiro com games e mangás? Você pega e compra de um leilão online uma katana laser e vira um assassino, oras! Essa é a premissa de No More Heroes em suma. Travis, agora em posse da Beam Katana chamada Blood Berry, deve lutar para se tornar o maior assassino da UAA, ou União Associada de Assassinos.
Sua primeira luta é contra o décimo primeiro colocado da lista, um assassino chamado Helter Skelter. Após matar o mesmo fora das câmeras durante a abertura, começamos o jogo com Travis já em seu próximo trabalho, matar o assassino da décima posição, chamado Death Metal. Os assassinos não serão os únicos problemas de Travis, com seu passado surgindo às vezes para lhe assombrar, além das maquinações da linda e sedutora Sylvia Christel.
Agora para Travis não há mais volta, é matar ou morrer, mas sendo o otaku debochado que é, pode acreditar que a sua escolha é a primeira. A luz da sua Beam Katana é a última coisa que muitos que seguem os dez assassinos a frente de Travis irão ver. Com lutas que prometem mexer Santa Destroy, nunca foi tão divertido, glamoroso e interessante ser um assassino profissional e ter um prêmio em sua cabeça!
No More Heroes foi um clássico do Wii, mas como muito dos games do mestre SUDA 51, acabou ficando no anonimato, contando apenas com uma fan-base pequena, mas que amou a maluca jornada de Travis contra os assassinos bizarros da obra. O que é uma pena, tendo em vista que todo o jogo é uma excelente obra, que ajudou a formar o excêntrico império de jogos da Grasshopper Manufacture. Só deus sabe quantas horas enfiei em LET IT DIE.
O melhor de tudo é que recebemos a versão original de Wii e não um port de Heroes Paradise. Heroes Paradise foi uma versão do primeiro jogo lançada para PS3 e Xbox 360, com algumas grandes diferenças tanto em gameplay como em desenvolvimento. Enquanto que para os puristas a melhor versão ainda é a de Wii, já eu prefiro a de PS3, sendo que foi a primeira que joguei até o final.
Mas nada que mude drasticamente o aproveitamento, afinal estamos falando do jogo original. No More Heroes para PC torna obrigatório o uso de um controle, ou seja ainda, não temos um port para mouse teclado ou mod. Mas não duvido que tenhamos em breve. Outro grande “problema” é que o jogo não permite que o jogador configure questões ligadas ao gráfico do jogo, podendo alterar apenas se deseja usar FXAA, MSAAx2/4/8. O que para mim foi ruim, pois por algum motivo, No More Heroes rodou de maneira horrível em meu PC, enquanto a continuação rodou de maneira excelente!
Promessas escritas em sangue
Não posso dizer que a experiência será a mesma para todos, pois vi pessoas jogando ele cravado em 60FPS em 1920×1080 e meu setup não é “Brand New”. Mas a falta da opção de poder diminuir alguns specs para melhorar a experiência faz falta. Infelizmente, No More Heroes também ainda sofre um pouco com o reconhecimento de alguns controles, sendo necessário que o jogador dê uma explorada no modo Big Picture para poder fazer as configurações.
Não consegui de começo fazer meu Nacom Pro funcionar, mas o jogo reconheceu facilmente meu controle de Xbox 360. Já o Dualshock exigiu que eu desativasse o reconhecimento global de controles no menu de opções. Ou seja, se prepare para um tirar um tempinho configurando seu controle desejado. Mas tirando isso, o jogo não deixa a desejar em momento algum, com comandos fáceis e simples de se entender. Um dos carros chefes do Wii, a facilidade de pegar e jogar um jogo sem precisar ser um mestre dos games.
Os comandos de No More Heroes são bem simples. Travis possui ataques de postura alta e baixa com a Beam Katana, além de socos e chutes, que servem para quebrar a defesa e deixar inimigos tontos. Com os inimigos stunnados, é possível usar movimentos de wrestling, uma das artes secretas de Travis, causando grande dano nos oponentes normais e chefões. Já os ataques com a Beam Katana, além de poderem ser combados, podem ser carregados em ataques extremamente poderosos que farão chover sangue!
Na postura alta, o ataque carregado é um corte vertical de cima para baixo, enquanto na postura baixa, Travis desenha um meio círculo com a lâmina, cortando o que quer que esteja na frente.
Dinheiro na mão, cabeças no chão
O desenrolar da história alterna entre seções de assassinato e seções onde vemos o “dia a dia” de Travis. Como dito anteriormente, Travis é um otaku do mais alto nível, colecionando action figures e o que mais puder. Mas como isso custa dinheiro e as lutas de rank também, o mesmo vive de bicos, seja eles pegar cocôs, cortar grama ou assassinar um bando de engravatados em lugares escusos.
Para isso ele usa sua moto, a Schpeltiger, uma moto gigante e cheia de estilo, baseada no mecha “Schpertor” Mortar Headd de Five Star Stories. Essa moto gigantesca possui a habilidade de saltar e turbinas acopladas, possibilitando que Travis sempre alcance sua presa no final, ou pelo menos chegue no bico na hora certa. Uma vez que esteja com a moeda na mão, Travis, além de pagar a taxa da luta de rank, pode comprar novas roupas na loja Area 51, ou visitar a Dr. Naomi, uma engenheira capaz de alterar a Beam katana de Travis, criando a série Tsubaki, uma versão mais poderosa da Blood Berry.
Os inimigos dos ranks superiores de Travis são tão bizarros quanto o mesmo. Cada qual com sua particularidade e trazendo a tona todo o estilo de arte sagaz e despojado de SUDA 51 à tona. Há inimigos icônicos como Letz Shake com seu traje punk e Nintendo Virtual Boy para operar o maquinário, Destroyman, o bizarro herói com seu canhão pélvico e a favorita dos fãs, a assassina de vestido rosa e um taco ensaguentado conhecida como Bad Girl.
Fim dos heróis?
O estilo de arte dos games de SUDA 51 sempre foi em minha opinião o ápice do estilo em games japoneses. Começando a se tornar mais ousado em Shirubā Jiken – Silver Case – e levando isso até hoje em títulos como o excelentíssimo LET IT DIE e Travis Strikes Again: No More Heroes. O título original mostra como SUDA 51 sabe criar personagens marcantes sem precisar apelar para os estereótipos chatos de anime. Claro, temos bastante pele à mostra nas personagens femininas, mas nada de mulheres propositalmente burras e lindas. Caso o jogador não as leve a sério, pode acreditar que elas estarão usando as entranhas de Travis como cinta liga em dois palitos.
Além de todo esse estilo visual, a trilha sonora não fica atrás também, sendo composta pelo talentosíssimo Masafumi Takada, responsável por várias trilhas sonoras excelentes, como as presentes em Killer 7, Danganronpa, God Hand, Super Smash Bros. Brawl e Fatal Frame IV: Mask of Lunar Eclipse. O tema de No More Heroes vai ficar na sua cabeça, pode acreditar, junto com as piadas de Travis e a imagem de corpos decepados.
Santa Destroy está a um launcher de distância, e ainda que tenha alguns problemas no quesito desempenho, No More Heroes é uma aventura alucinante. Cheia de corpos mutilados, insinuações sexuais, humor sombrio e muita adrenalina. Só existe um caminho e é seguindo para cima através de uma escada construída como uma catedral de ossos. Pegue sua BEam katana, diga MOE~ e trucide a concorrência em No More Heroes.