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Conheci Naruto em 2007, uns seis meses após a estréia do anime no Japão. Naquela época, o único jeito de acompanhar a série animada era por “fansubbers” (grupos de fãs que fazem traduções, legendas), baixando os episódios da internet ou comprando DVDs em eventos de cultura japonesa. Até então eu não tinha lido o mangá, que é publicado no Japão desde 1999 e só foi chegar no Brasil em 2008, pela Panini Comics. O mangá é fantástico e, aliás, tenho que admitir: Masashi Kishimoto é um gênio. O mundo de ninjas que ele criou é fabuloso, criativo e muito carismático. É uma obra que, além de divertir crianças e adultos, ensina lições morais.

Nos videogames, Naruto estreou com Clash of Ninja para GameCube, série exclusiva no Japão que rendeu mais três títulos e teve uma edição diferente chamada Battle Stadium D.O.N, que mistura personagens dos mangás Dragon Ball, One Peace e Naruto em um game no estilo Power Stone. No Game Boy Advance, foram outros quatro games exclusivos, enquanto que o Nintendo DS recebeu mais de 10 títulos. E aí não parou mais de sair jogos do Naruto, especialmente no oriente. Aqui no ocidente, eu conferi dois títulos de PSP (Ultimate Ninja Heroes e Shippuden Legends: Akatsuki Rising), alguns games da série Ultimate Ninja e Narutimate Accel no PlayStation 2, e os jogos exclusivos de Xbox 360 (Rise of a Ninja e The Broken Bond). Não vi nem a cor dos jogos para o Wii, e não testei a versão exclusiva de PlayStation 3, Ultimate Ninja Storm. Este último sim eu queria muito ter jogado. E então veio o Ultimate Ninja Storm 2, não só para PS3 mas também para Xbox 360.

Em meio à enxurrada de jogos do Naruto, este era o que eu mais desejava jogar. Produzido pela CyberConnect2, que cuidou de vários games da franquia, era de se esperar uma evolução de seu trabalho, marcado pela mistura das técnicas de desenho à mão e cel shading. A continuação é idêntica ao jogo de PS3, mas algumas mudanças trouxeram novidades mais do que bem vindas. Antes de mais nada, vale lembrar que UNS 2 recapitula a atual fase do anime, chamada Shippuden. A história começa com Naruto voltando para Konoha após 2 anos e meio de treinamento ninja e encerra na batalha contra Pain, um dos membros da Akatsuki. Tal fase é chamada de “Parte II” no mangá.

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Você controla o Naruto livremente pela cidade, podendo conversar com NPCs, visitar lojas, etc. O jogo logo introduz as missões de história, as quais fazem a aventura se desenrolar, mas também oferece missões secundárias, que oferecem pontos de experiência (Storm Points), mais dinheiro (Ryo) e itens especiais. Naruto é apenas um dos personagens que você controla durante a aventura; você joga também com a Sakura, Sasuke, Gaara, Kakashi, Jiraya, entre outros personagens. Felizmente, cada vez que você muda de personagem os itens que você possui permanecem no seu inventário. Há os itens que você usa para recuperar energia, chakra e dar status para as próximas batalhas (força, defesa ou imunidade) e aqueles que você usa durante as batalhas; até quatro itens como shurikens elétricos, selos explosivos, e etc.

No geral, a mecânica do jogo é simples: explorar cenários, coletar materiais naturais (que somados habilitam novos itens nas lojas), e lutar. As batalhas acontecem no sistema de luta herdado do primeiro jogo, exceto que os especiais não possuem sequências de botões para apertar. Aliás, o Quick Time Event entra como elemento chave no modo de história (Ultimate Adventure), sendo que tal mecânica é utilizada de forma inteligente nas batalhas mais importantes da trama. A novidade aqui é o modo Awakening, que transforma seu personagem em um ninja mais poderoso (em modo Sennin, por exemplo) quando está mais fraco. Isto cria um equilíbrio interessante, uma vez que as lutas possuem controles simples: um botão pra pular e correr, outro para arremessar shurikens, outro para carregar e utilizar chakra, outro para golpear e outro para defender. São suas combinações que criam a enorme variedade de ataques e jutsus. Outra adição importante são os personagens de suporte, os quais você chama para te ajudar durante a batalha – porém, você controla apenas o personagem principal. Estas batalhas em equipe de 2 ou 3 ninjas acontecem em alguns momentos da aventura, e é uma opção interessante no modo de batalha online.

O visual continua fantástico. A impressão que se tem é de estar jogando o próprio anime, de tão integrado que são os cenários desenhados à mão e os personagens em cel shading. As animações são espetaculares, cheias de vida, e com muitos detalhes. As batalhas mais importantes do anime são representadas no jogo quase que fielmente; a diferença é que elas são mais curtas. Até os diálogos foram adaptados para serem mais dinâmicos e menos dramáticos. Para os aficionados, ainda rolam flashbacks da fase anterior do anime e também os chamados Secret Factors, que são habilitados quando se vence uma batalha contra “chefe” acertando todos os QTEs (somados em estrelas). São pequenas cenas estáticas do anime; nada de especial. Outro detalhe bacana são as variações de combate com os chefes, que transformam a luta em uma perseguição, tiro ao alvo, entre outros exemplos.

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A campanha de UNS 2 é linear e simples, mas oferece mais de 16 horas de diversão e muitos extras para abrir. Já no modo multiplayer, temos duas opções: Free Battle e Online Battle. A primeira opção é para jogar contra o computador ou amigo, enquanto que a outra é para jogar online em partida simples ou em time. A novidade aqui é a opção de customizar seu Ninja Info Card com títulos e cards que você adquire no modo de campanha. Há também os Battle Points (BP), que funcionam com a mesma regra de Super Street Fighter IV (você ganha e perde pontos conforme o desempenho nas partidas). Já o sistema de nível, que define a sua performance, ajuda a filtrar jogadores de mesmo nível na hora de procurar uma partida. E por falar nisso, jogue de preferência contra amigos brasileiros, pois contra gringos a diferença de conexão de internet interfere muito na luta.

Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 2 é simplesmente um dos melhores games da franquia para a atual geração. Só não elogio mais porque, tecnicamente, é um jogo simples. O grande atrativo continua sendo as lutas, sendo que agora temos 42 personagens para escolher – incluindo Lars Alexandersson, de Tekken 6 (criado pelo próprio Masashi Kishimoto). Pra quem gosta do anime original, em japonês, é obrigatório deixar a dublagem na língua oriental com legenda em inglês. Salvo os loadings demorados e algumas missões tediosas da campanha, o game é recomendadíssimo.