Se você jogou e terminou o modo história de Mortal Kombat 1, certamente notou a inconsistência na qualidade do roteiro. Começa super bem, mantém o jogador empolgado pelo menos até sua metade para, finalmente, descarrilhar com força. Do nada temos uma guerra e uma confusão de linhas temporais que só prejudica a experiência. Veja, eu não tenho problema algum com a ideia de introduzir o multiverso na franquia Mortal Kombat. É uma solução válida para resolver as doideiras da série e também reviver lutadores esquecidos pelo tempo em prol do fan service. O que eu não esperava era uma continuação de história tão ruim.
O DLC apresenta os capítulos 16 a 20 da história, durando no máximo 3 horas. Temos lutas no controle de Noob Saibot e as versões femininas de Sektor e Cyrax, e também jogamos com personagens já introduzidos em Mortal Kombat 1, como Tanya e Rain – reimaginados como imperatriz e imperador, respectivamente. O vilão da vez é o Titã Havik, que sequestra Geras para drenar seus poderes e promover o caos em todos os reinos a bel-prazer. O problema é que esse objetivo não sustentar uma boa história, inclusive passando longe do carisma de Shang Tsung. Nada de história de origem, de espaço para explicar sua motivação, sua habilidade de auto-mutilação, nada. Temos apenas uma trama superficial pra conectar uma luta seguida da outra, com adversários em skins punk ou à imagem apodrecida de Havik.
Mortal Kombat 1: Reina a preguiça
A história começa com o treinamento da Cyrax, acompanhada pela mentora Sektor. Ambas respondem à Bi-Han (Sub-Zero) e defendem os interesses dos Lin Kuei, embora Cyrax não concorde com tudo. O primeiro impacto aqui fica pelo fato de não serem mais robôs, mas sim humanas vestindo armaduras à lá Homem de Ferro. A primeira luta jogando com cada uma deixa bem claro as diferenças no gameplay, com movimentos e táticas distintas para mestrar. Já Noob Saibot só dá as caras perto do final da história, como fruto de um experimento de Havik em Bi-Han. O gameplay dele é fantástico, mas complexo.
Tecnicamente, as animações seguem excelentes, com expressões faciais ainda mais realistas. Por outro lado, notei uma boa queda na qualidade da dublagem, bem mais canastrona. Mas imagino que seja culpa da história, que não ajuda com suas linhas fracas de diálogo, clichês e buracos no roteiro. Felizmente temos Johnny Cage para nos fazer rir com suas piadas, ainda que poucas, seja envolvendo Game of Thrones ou sua versão de Tenente Coronel dos tempos da Segunda Guerra Mundial.
Além de não explorar adequadamente o Havik, a campanha segue uma linha tediosa e previsível de eventos para juntar lutadores para um embate final em um labirinto repleto de armadilhas, para então eliminar Havik e chegar a uma conclusão tão anticlímax quanto foi no Armagedom de Mortal Kombat 1. Deveria ser incrível, impactante e desafiador, mas é só uma lutinha básica mesmo. E eu certamente não vou lembrar de mais nada dessa história daqui umas duas semanas.
Convidados sem datas
O principal apelo de Khaos Reigns deveria ser a história, mas acaba sendo os três novos lutadores (Cyrax, Sektor e Noob Saibot) e os três futuros convidados a ingressar a lista: Ghostface (da franquia de filmes Pânico), T-1000 (vilão no filme O Exterminador do Futuro 2) e Conan, o Bárbaro (com o visual do filme clássico, estrelado por Arnold Schwarzenegger). Infelizmente não posso opinar sobre eles, pois nenhum está disponível ou sequer tem data pra sair. Então recapitulando: são 3 horas de história ruim e mais 6 personagens por R$249,90. Sim, o mesmo preço atual do jogo base, em sua edição standard. A Warner ficou maluca?
Pelo menos Khaos Reigns celebra, com atualização gratuita, o retorno dos animalities. Estes fatalities em forma de animais, introduzido originalmente em Mortal Kombat 3, provam que ainda resta muita criatividade na mente perturbada da equipe da NetherRealm Studios. É um mais doido e visceral que o outro. O animality do Omni-Man (de Invincible) tem um gostinho especial. Agora, não tem como não ficar revoltado com um pacote de expansão tão fraco e caro como este. Espero ao menos me divertir bastante no futuro, com os lutadores convidados.
Prós:
🔺 Novos lutadores, convidados e cenários
🔺 O retorno dos animalities
Contras:
🔻 História fraquíssima
🔻 Dublagem inferior ao game base
🔻 DLC muito caro pro que oferece (e tem a oferecer)
Ficha Técnica:
Lançamento: 24/09/2024
Desenvolvedora: NetherRealm Studios
Distribuidora: Warner Bros. Games
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series, Switch
Testado no: PS5