Jogos de esportes não são muito a minha praia, mas sempre me esforço em expandir meus horizontes e jogar um título ou outro de diversas modalidades para acompanhar a evolução de cada uma. Dito isso, também é importante enfatizar que corridas de motocross sempre estiveram totalmente fora do meu radar e provavelmente o último jogo do gênero que joguei foi Excitebike do NES.
Quando fui incumbido do review de Monster Energy Supercross – The Official Videogame 4 (um nome mais longo do que deveria), achei que estava com um problema nas mãos, mas felizmente deu tudo certo. Temos aqui um título fácil de aprender e difícil de dominar, com mecânicas complexas e muito realismo sobre duas rodas. Este combo consegue oferecer uma boa dose de diversão e desafio na medida certa, até mesmo para novatos como eu.
Dando grau na lama
Monster Energy Supercross 4 oferece uma variedade de modos que, até onde sei, não são novidade aqui nem em nenhum outro jogo de corrida. Podemos criar nosso próprio piloto e construir um legado do zero no Modo Carreira, disputar campeonatos oficiais na pele das estrelas do esporte e até mesmo criar seus próprios percursos livremente.
Antes de tudo, é importante ressaltar que o jogo é um simulador, mas não é dos mais difíceis. Tendo as mínimas noções de acelerar e fazer drifts já é possível se sair bem nas corridas, mas não tão bem quanto deveríamos. O desempenho ideal exige bastante familiaridade com as mecânicas de pilotagem, que fazem bom uso não só da física das motos, mas também do peso do piloto. Parece complexo, mas é bem fácil de entender.
Coloquemos dessa forma: a sua moto possui um peso e seu piloto outro e, mesmo que ambos teoricamente sejam a mesma coisa no gameplay, é preciso aprender a controlar cada um individualmente para se sair bem-sucedido nas corridas. Nos consoles, é preciso balancear o peso do corpo de acordo com a direção que estamos empurrando o veículo, tudo isso com a ajuda dos dois analógicos. Se você não se dedicar a entender essa mecânica, não vai adiantar acertar o tempo dos drifts ou dos saltos, pois no final você sempre vai acabar caindo da moto e perdendo posições.
Uma vez que você conseguir dominar tudo isso, o resto é sucesso. Esse é um ponto muito positivo de Monster Energy Supercross 4, pois a experiência como um todo é muito realista. Os gráficos estão absurdos na nova geração, com efeitos de iluminação surreais e texturas incríveis. Quem estiver jogando no PS5 também terá o prazer de usufruir dos recursos exclusivos do Dualsense, onde os gatilhos do acelerador possuem pesos diferentes e podem até mesmo travar durante trechos difíceis de controlar. A vibração do controle nos momentos que estamos passando pelo terreno poroso e lamacento coroam toda a imersão do jogo.
A única coisa que quebra um pouco esse realismo é o recurso de Rewind, que permite retroceder alguns momentos na corrida caso a gente faça alguma besteira. Isso já é uma ferramenta recorrente em jogos como Forza Horizon e até que é bem útil, mas tira um pouco da graça da coisa. Neste título eles ao menos limitaram seu uso e agora só é possível usar um número determinado de vezes em uma mesma corrida, então quem depende disso para vencer vai se dar mal.
Escrevendo “sua” história
O Modo Carreira foi o que gerou mais expectativa dentre os fãs da franquia e no geral ele é bem satisfatório, apesar de alguns pesares. O que achei mais chato foi a customização do nosso personagem, que na verdade é praticamente inexistente. Você tem mais liberdade em editar características como nacionalidade, número do uniforme e fabricante da moto do que em customizar sua aparência. No final, você vai acabar jogando com um boneco genérico com visual pré-definido que não tem nada a ver com você.
Existem diferentes tipos de carreiras para seguir, mas primeiro é necessário jogar uma para desbloquear outras. Cada uma oferece níveis de desafios diferentes e uma árvore de skills exclusiva – isso mesmo, seu piloto possui habilidades que podem ser aprimoradas conforme você ganha corridas e pontos para usar. Como sempre, a narrativa desse modo é tão fraca quanto podemos esperar, então se a sua intenção é se sentir “dentro” das corridas, pode sair decepcionado.
Os demais modos já são mais que conhecidos e dedicados para corridas online, disputas únicas ou campeonatos completos com corredores reais, baseado na temporada de 2020. Quanto ao Modo Criação, assumo que não tenho muita paciência para ficar criando coisas dentro de jogos, mas o pouco que testei deste recurso foi bem prático e intuitivo. É claro que demora um bocado para construir uma pista bem feitinha, mas aqueles que encararem isso com afinco poderão estender muito a vida útil do jogo, não só para quem está criando, mas para todos que poderão usufruir de suas criações.
Monster Energy Supercross 4 segue aquela velha tradição já consagrada nos jogos de esportes: é mais do mesmo, só que um pouquinho mais bonito e com mais coisinhas para enfeitar. Quem jogou os demais títulos provavelmente não verá tantas diferenças neste aqui, mas é aquela velha história: quem é fã sempre vai curtir. Já os pilotos de primeira viagem podem investir sem medo, pois além de ser um simulador super acessível, também é incrivelmente divertido.