A Turma da Mônica faz parte do imaginário popular do brasileiro e talvez seja a maior obra de entretenimento já feita no Brasil. Posso não estar sendo muito imparcial, mas a Turma da Mônica tocou uma grande parte da minha infância e é a primeira lembrança de leitura que tenho na vida. Em uma tarde agradável, comendo bolinhos de chuva (se você não conhece, tenho pena), minha mãe senta comigo e fala “vamos ver se tu aprendeu alguma coisa na escola mesmo” e, pela primeira vez, eu li conscientemente uma história.
Mônica e a Guarda dos Coelhos é um jogo independente que leva a marca Maurício de Souza Produções. Produzido e desenvolvido pela Mad Mimic , o game no estilo tower defense tem mecânicas que não são exatamente novas, mas executam muito bem o gênero. Mas com um adicional, o jogo tem um multiplayer local extremamente viciante e divertido.
A turma do Limoeiro defendendo castelos
O jogo tem uma mecânica interessante de preparar sua arma, que são os coelhos. Existem três tipos diferentes de coelhos, cada um com uma habilidade específica e itens específicos para sua construção. O objetivo como em todo tower defence é de impedir as hordas inimigas, que no caso são monstros de sujeira, de invadirem o seu castelo. Cada missão, além do básico que é não ser derrotado, apresentam missões secundárias como usar um determinado número de armas diferentes, não sofrer danos etc. Vale ressaltar que o jogo é uma repaginação de outro jogo, também da desenvolvedora Mad Mimic: No Heroes Here.
Os gráficos e o som são retrô, numa pegada 8-bit e extremamente charmoso. O estilo tower defence é muito popular em plataformas mobile, sendo um gênero desafiador e viciante, mas Mônica e a Guarda dos Coelhos está disponível para PS4, Xbox One, Nintendo Switch e PC.
Inicialmente temos os quatro personagens clássicos da turma, mas outros vão sendo desbloqueados a medida em que você vai jogando, num total de 16 personagens jogáveis. Todo mundo com a missão de salvar o Reino dos Coelhos dos perversos monstros de sujeira em três modos de dificuldade.
Frenético e irritantemente divertido
O maior trunfo do jogo, além da nostalgia clássica de ter nas mãos o controle de personagens que permearam nossa infância, é a diversão que ele gera no multiplayer local. Jogar em turma eleva a diversão a níveis estratosféricos. Coordenar quem faz o que e quem cuida de cada lado transforma o jogo numa coisa frenética. Numa pegada que lembra Overcooked, tal qual é o nível de irritação que a falha alheia te causa. Correr de um lado para o outro e gritar com seu coleguinha nunca foi tão legal.
Aí temos talvez o maior (e quem sabe o único) defeito do jogo. Jogar sozinho é virtualmente impossível: o jogo parece ter sido programado para jogar com 4 pessoas, então quanto menos pessoas estiverem jogando, maior será a dificuldade (e a frustração).
Mônica e a Guarda dos Coelhos é um grande avanço para a indústria de jogos independentes do Brasil. Não só por ser um jogo extremamente bem feito e polido, mas por ter no nome uma grande franquia conhecida por praticamente todo mundo e muito querida. O sucesso desse game é fundamental para termos ainda mais jogos desta e de outras franquias também.
O fato de não ser um jogo infantil, mesmo sendo bem “pra família” foi um passo arriscado. Este poderia facilmente ser um título de celular, mais lucrativo, com mecânica simples e voltado pra criançada. Porém a Mad Mimic enxergou o público geral e lançou o game para todos os consoles e PC, o que considero uma estratégia melhor. É só uma pena que seja tão curto e não ofereça um modo multiplayer online. Mas no modo local, na companhia de amigos e família, a diversão está garantida.