Le parkour, ou Free Running, é um esporte que consiste em basicamente se movimentar em um ambiente urbano de forma ágil e fluída, fazendo uso de acrobacias. Vale lembrar que o primeiro game a usar a técnica foi o Free Running (PSP), como um game esportivo. Mas é Mirror’s Edge que estréia o parkour num enredo de ação frenética e com visão em primeira pessoa.
Na história, somos apresentados à um futuro não muito distante dominado pelo autoritarismo político, que apesar de manter uma aparente paz existem aqueles que vêem como uma forma de ditadura. Um dos grupos de resistência existentes, denominado Mirror’s Edge, trabalha para desmascarar o governo e causar uma revolução libertária. Faith (“fé”, no inglês) é uma das integrantes deste grupo, uma japonesinha cheia de estilo. Ela ingressou a resistência para combater a força política que destruiu sua família anos atrás, capturando seus pais e separando você da sua irmã.
Faith é uma dessas corredoras cujo trabalho principal é transportar objetos e informações para esses grupos de resistência que lutam contra o sistema. Sua primeira missão é justamente entregar uma dessas informações. Uma introdução aos movimentos de Faith, que já lhe apresenta parte da trama do game, que envolve a irmã de Faith e uma pequena conspiração de assasinato do candidato a prefeito local. Daí pra frente a história é contada através de animações no estilo cartoon.
Mirror’s Edge leva a ação do parkour para um boa variedade de cenários, como o topo de prédios, corredores, esgotos, metrô, escritórios e armazéns num total de sete capítulos, cada um com quatro ou cinco estágios em média. Os objetivos sempre serão ir do ponto A ao ponto B, desviando e fugindo de inimigos e driblando obstáculos. A movimentação de Faith é excelente: ela agarra em beiradas, escorrega por tirolesas, corre pelas paredes, rola e desliza. Tudo com a visão em primeira pessoa, que adiciona uma perspectiva mais dinâmica e imersiva.
Pegar as manhas dos movimentos de Faith não é complicado. Em uns 15 minutos você domina todos os comandos. O game foi construído com um visual único e limpo, com cores predominantes em branco, azul e vermelho. É belo, mas um pouco exagerado na execução, pois o contraste é tão alto que chega a doer a vista (mesmo depois de ajustar o contraste nas configurações).
Para não se perder, o jogo faz uso da cor vermelha como indicador de direção nos cenários. Porém mesmo depois de dominar os comandos, que respondem muito bem, o game exige uma precisão muito grande do jogador. Pulou um pouquinho adiantado e você já era. Passou um centímetro da posição de um cano e você não o agarra. O game não perdoa nem os pequenos erros do jogador, transformando a aventura num desafio de tentativa e erro mais frustrante do que divertido.
Outro problema visível está na arquitetura e orientação dos cenários. Em muitos momentos você se encontrará em corredores estreitos e lugares fechados tentando imaginar onde pular e como alcançar um lugar mais alto. A ação de correr e atravessar obstáculos é substituída por uma espécie de quebra-cabeça visual. Não que isso seja ruim, mas muitas vezes quebram o clima do jogo. O combate, apesar de ocorrer em poucos momentos, é pobre na jogabilidade. É possível desarmar os oponentes, até mesmo em câmera lenta, e usar a arma contra os adversários. Mas o estilo shooter não combina em nada com o game. Faith foi criada para correr, não para atirar.
A modo de história de Mirror’s Edge pode ser completado em menos de 8 horas, dependendo da dificuldade escolhida e da habilidade do jogador. Depois de terminar o game, há o modo Ghost para os jogadores que gostam de bater recordes de tempo e desafios elevados. O quanto você pode aproveitar desse jogo varia da sua tolerância à repetição e desafios. É um jogo bom, com um visual deslumbrante, trilha sonora apropriada para cada seqüência de ação e efeitos sonoros muito legais (dá até para ouvir a respiração ofegante de Faith). É só uma pena ver um game com tamanho potencial ser mal aproveitado em tantos aspectos.