Os Power Rangers marcaram gerações com suas coreografias de luta, explosões exageradas e a inconfundível frase que habita a lembrança de todos nós. Com Mighty Morphin Power Rangers: Rita’s Rewind, lançado pela Digital Eclipse no finzinho de 2024, a franquia retorna aos games com um título que, embora se apoie muito na nostalgia de quem viveu a geração 16-bit, busca trazer novas ideias para a geração atual.
Todo estilo galhofa da série está presente na trama, fazendo Robo Rita, uma versão futurista de Rita Repulsa, manipule o tempo com o Time Disruptor, abrindo um portal e voltando ao presente para fazer uma aliança com sua versão atual, em mais uma tentativa de eliminar os Power Rangers. Para isso ela vai contar com o apoio dos seus vilões clássicos em diversos cenários variados, desde cidades, parques e desertos.
A história, embora previsível, se destaca ao explorar momentos icônicos da série original, com diálogos cheios de referências que aquecem o coração de fãs e são divertidos o suficiente para cativar novos jogadores. Um ponto positivo está na presença de cenas animadas, tudo dentro desse estilo pixel art que aflora a nostalgia e dão charme ao enredo, com a sensação de estarmos em um episódio clássico.
É hora de nostalgia!
No papel de Jason, Billy, Zack, Kimberly e Trini, sem contar a possibilidade de desbloquearmos Tommy (Ranger Verde), a Digital Eclipse se preocupou em resgatar a experiência dos títulos para SNES num beat ‘em up que segue a fórmula dos recentes Streets of Rage 4 ou Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge. Temos uma porção pelo cenário esmagando botões e enfrentando horas de inimigos (sem muita variedade neste ponto, assim como a série) até encontrarmos com os chefões de cada região da cidade.
Até a batalha dos chefes, tudo é muito familiar e talvez repetitivo para quem não está acostumado com o looping desse gênero. Os Rangers possuem habilidades exclusivas de cada um dos seus Zords, com armas específicas para cada cor dos personagens, porém o estilo de combate não varia entre eles mantendo uma sequência de golpes e a finalização com a arma. A habilidade especial, carregada conforme sua performance, invoca as poses de cada animal pré-histórico atingindo os inimigos pela tela. Essa diversidade complementa a oportunidade de testarmos os vários heróis, além de combinar uma jogatina multiplayer com até seis pessoas.
No entanto, o grande diferencial fica por conta dos chefões que proporcionam combates divertidos e criativos. São combates mais elaborados contra inimigos de diversas temporadas, o que é justificado por conta do “Rewind” no título do jogo e a tentativa de Rita em reescrever a história. Com novos padrões de ataque e especiais diferentes, as lutas não são longas e possuem um nível pouco acima na dificuldade dos demais desafios pelas fases.
Ao derrotá-lo uma primeira vez, você utilizará seu Dinozord por cenários próximos à Alameda dos Anjos para perseguir o chefão, numa espécie de shoot ‘em up, para finalmente controlar o Megazord e enfrentar a versão gigantesca do inimigo em um combate que lembra muito Punch Out, desviando para os lados e avançando com seus golpes até carregar a sua Espada do Poder para aniquilar de vez a ameaça.
Por mais que a jogabilidade seja responsiva quando controlamos os Rangers pelas fases, o mesmo não podemos dizer dos Dinozord ou motos. A progressão parece ser acelerada, com um timing estranho para desviar dos elementos e o controle é confuso por conta da mira acompanhar sua movimentação pela tela, ignorando a possibilidade de trabalhar esses momentos como um twin stick shooter.
Exemplo disso é você ter o Dinozord de Trinity sobrevoando todas as ameaças sem sofrer danos, enquanto que o Triceratops de Billy responde muito mal às tentativas ao pular por obstáculos. Já à bordo do Megazord, as coisas funcionam bem, porém são simples até demais, transformando a batalha em algo fácil e bobo ao pecar por não apostar em mecânicas mais elaboradas ou que exijam mais estratégia além de bater e esquivar.
Go! Go! Power Rangers!
Inegável notar a tentativa dos desenvolvedores em resgatarem os jogos da geração 16-bit, trazendo para uma legião de fãs que acabou aceitando muito bem os recentes beat ‘em up de franquias da década de 90. No entanto, o gameplay carrega ideias boas para mecânicas que não foram valorizadas como todos os demais elementos como, por exemplo, a história, trilha sonora e estilo pixel art.
Se a história parece ter saído diretamente de um dos episódios clássicos, o visual desse jogo é um espetáculo a parte. Visualmente, Mighty Morphin Power Rangers: Rita’s Rewind é uma homenagem vibrante aos jogos 16-bit com sua pixel art muito detalhada e cenários que apresentam boa diversidade de biomas: desde a familiar Alameda dos Anjos às dimensões alternativas que Rita manipula. Os efeitos visuais, como explosões e animações dos golpes especiais, são cheios de personalidade e resgatam todo o estilo da série.
O jogo, no entanto, não se limita ao retro. Ele incorpora sutis efeitos modernos, como iluminação dinâmica e transições suaves, que mostram o cuidado da Digital Eclipse em agradar tanto fãs saudosistas quanto uma audiência moderna. Para deixar essa experiência ainda mais nostálgica, diferentes tipos de filtros trazem o estilo visual das TVs antigas, como se estivéssemos vendo Power Rangers nas manhãs da Globo ou jogando num Arcade antigo.
Acompanhando o visual, a trilha sonora, composta por remixes das músicas clássicas da série, também completa o jogo como um dos pontos altos. Afinal, ouvir o tema principal em meio às batalhas é uma injeção instantânea de adrenalina. Assim como o combate simples, talvez algumas músicas possam ser repetitivas, cansando o jogador que investir longas sessões de jogatina.
Como se não bastasse a onda de fanservice ao longo do jogo, o clássico Bar do Ernie e outros personagens que salvamos na história, com Bulk e Skull presentes desde o início, fazem parte da área para os seus colecionáveis, com direito a uma breve história para cada um dos 20 itens, além de minigames que são liberados em três fliperamas (inicialmente com defeito).
Mighty Morphin Power Rangers: Rita’s Rewind é um jogo divertido e que vale ser jogado, principalmente para quem gosta do seriado e ainda acompanha as histórias do universo expandido que estão sendo publicadas no Brasil pela Indievisivel Press. Mesmo com ressalvas por conta dos problemas de jogabilidade, que acompanham boas ideias para o jogo, e talvez peque pela repetitividade mesmo sendo uma jornada curta, o trabalho da Digital Eclipse demonstrou respeito à essência dos Powe Rangers e brilha como uma carta de amor aos fãs.
Prós:
🔺 Excelente adaptação em pixel art
🔺 Jogo divertido e nostálgico
🔺 Criatividade para incrementar a experiência beat ‘em up
🔺 Respeito ao conteúdo original
Contras:
🔻 Falta variedade nos combos entre os Rangers
🔻 Problemas na movimentação dos Dinozords
🔻 Combate simples com o Megazord
🔻 Fases longas e repetitivas
Ficha Técnica:
Lançamento: 10/12/24
Desenvolvedora: Digital Eclipse
Distribuidora: Digital Eclipse
Plataformas: PC, PS5, XBox Series
Testado no: PS5