Já sabemos que a Marvel vem massificando suas propriedades intelectuais (IP) e se afastando cada vez mais da fórmula dos quadrinhos. Após inundar os celulares com diversos auto battle e match three, a Casa das Ideias resolveu abocanhar o mercado digital de Collectible Card Game (CCG), com a chegada de Marvel Snap.
Muito influenciado por Gwent e Hearthstone, o novo “jogo de cartinhas” reúne os heróis mais amados e famosos numa proposta de gameplay bem simples, com um visual incrível e baixo investimento, de tempo e dinheiro.
Sucesso num estalar de dedos
Em maio, quando a Marvel anunciou o lançamento de Marvel Snap para outubro deste ano, a surpresa não era por termos mais um jogo mobile chegando e sim pelas mentes por trás do desenvolvimento.
Ao descobrirmos que a Second Dinner era a responsável por este título, não demorou para que Ben Brode e Hamilton Chu aparecessem como os principais nomes por trás deste Card Game.
E por qual motivo isso é relevante? Simplesmente por serem as mentes brilhantes que trouxeram Hearthstone à vida e estrelato, que evoluíram e aprenderam com este mercado. O resultado é um jogo simples, fácil, rápido e o mais importante: viciante.
Mais simples do que Gwent conseguiu ser e mais carismático do que Hearthstone apresentou, essa é a fórmula de sucesso que fará de Marvel Snap uma nova mania. A ideia é você ter três terrenos para conquistar no campo de batalha, colocando até quatro cartas em cada um deles. Simples, não é mesmo?
Os jogadores colocam sempre “ao mesmo tempo”, fazendo com que cada personagem tenha um custo e um poder. A soma dos poderes em um mesmo terreno fará com que você conquiste-o. Ao término das seis rodadas, quem tiver ao menos dois terrenos conquistados será declarado o vencedor.
Estrategistas… ASSEMBLE!
A profundidade de Marvel Snap está na combinação de cartas em seu deck e nos terrenos que surgem no campo de batalha. A maioria dos heróis possuem efeitos ao serem revelados, já que inicialmente ambos os jogadores baixam suas cartas com o conteúdo para baixo.
No entanto existem efeitos que dependem de ações seguintes, suas ou do seu adversário, para desencadearem efeitos sequenciais ou até mesmo a destruição, mudança no valor de poder ou destruir cartas, na mão dos jogadores ou diretamente no deck. Afinal você pode jogar apenas pela busca do maior número de poder, mas também terá uma camada mais estratégica caso queira se aprofundar no jogo.
Por exemplo, a Elektra possui um efeito “Ao Revelar”, que destrói um inimigo aleatório de Custo 1 no terreno em que ela se encontrar. Já o Homem-Formiga oferece um efeito “Contínuo”, em que caso você tenha outras três cartas no mesmo terreno que ele, seu card ganhará +3 em seu poder. Por último, mas não menos importante, o Noturno não possui efeito, mas sim uma habilidade em que você poderá mover apenas uma vez o seu card de um terreno para outro.
E para não falarem que o competitivo é muito raso, a brincadeira em torno do nome “Snap” não está necessariamente presente por conta do Thanos, já que na capa do jogo aparece o Galactus como vilão. Após alcançar o nível 10 e chegar na classificação “Iron”, todas as partidas serão consideradas como ranqueadas e por vitória conquistada você ganhará um Cubo do Poder.
Para deixar o jogo ainda mais desafiador, durante as partidas em que o seu rank estiver em jogo, você poderá dar Snap em seu adversário ao clicar no cubo (marcado com o número um) que existe centro superior da tela para aumentar sua “aposta”.
Desta maneira, o seu cubo utilizado para entrar na partida será duplicado e seu inimigo pode aceitar ou recuar, fazendo com que quem desistir da partida perca somente o cubo inicial e não a quantidade apostada até o fim do jogo. Quase como numa partida de poker, esta mecânica serve para você realmente reforçar sua vitória ou para blefar, jogando com o psicológico de quem está do outro lado.
Com belos visuais vem grandes jogos
Sem esforço algum, Marvel Snap já possui um panteão de personagens idolatrado ao redor do mundo e todas as artes envolvendo os nomes, dos mais obscuros aos mais famosos, fazem com que qualquer fã queira colecionar o que estiver de graça ou ao seu alcance. A partir desta premissa e oferecendo cartas de heróis que provavelmente você nunca ouviu falar ou leu algum gibi, o atrativo sempre estará nas artes dos cards.
Oferecendo até cinco níveis de evolução para cada card (Uncommon, Rare, Epic, Ultra, Infinity), você terá um incremento no visual da carta. Primeiro fazendo ela “quebrar a moldura”, depois com ela ficando 3D e assim por diante, com mais efeitos visuais a cada nível. Tudo com um custo que exigirá o dinheiro que você conquista no jogo (Créditos) somado aos potencializadores (Boosters), que serão usados para evoluir o card.
Além dos efeitos visuais, a Marvel convidou diversos artistas para criarem versões alternativas e únicas dos heróis. Ou seja, você poderá ter até cinco variantes (por enquanto) de um único herói. Eu tive a sorte de ganhar artes alternativas do Gavião Arqueiro feitas pelo incrível artista Dan Hipp, que eu acompanho o trabalho e recomendo. Isso sem contar dezenas de outros talentosíssimos artistas que estão tendo a oportunidade de participar do jogo com seus trabalhos.
Marvel Heroína ou Vilã da sua carteira?
A evolução no jogo é bem honesta e conta com diversas missões diárias ou do “Collection Level”, que você conquista ao ganhar Cubos de Poder ou evoluir seus cards. Desde sua coleção à jogatina, tudo está relacionado ao fator “crafting” do jogo, com o loop de: jogar, vencer para ganhar créditos e potencializadores até evoluir um card ou cumprir missões, para andar no season pass e collection level.
Como nem tudo são flores, o jogo oferece uma versão paga do season pass, com os prêmios gratuitos e outras vantagens mais para quem comprá-lo, porém todos sempre serão cards, créditos ou potencializadores.
A loja também oferece diversas opções que podem ser compradas com os créditos ganhos em partida, mas também para aqueles que desejarem investir alguns Reais para alavancar a conta com novos cards, visuais e evoluções, além do “Gold” que permite comprar conteúdo diretamente sem crafting. Isso com certeza fará você andar nas trilhas de batalha e coleção mais rapidamente.
Não acredito que seja um jogo muito focado no “pay to win”, pelo menos neste início, até mesmo por conta das partidas contarem muito com o fator sorte. O mesmo vale para os cards, que possuem as funções e habilidades muito parecidas entre si para serem impactadas de maneira isolada, já as evoluções são meros cosméticos e não afetam o nível de poder.
Vou acompanhar de perto, pois eu sou fã de Card Game e gosto de um bom gacha, porém somente o tempo vai dizer como os desenvolvedores vão manter ou se vai acabar descambando para a monetização desenfreada.
Por hora, o que realmente está fazendo a diferença na jogatina é a combinação de cards e a maneira como você constrói o seu deck, mas isso fica para um outro dia num outro texto aqui no Gamerview!