Quando vi Magicka pela primeira vez no Steam, não imaginei que pudesse ser algo bom ou grande. Parecia ser apenas mais um dos vários jogos genéricos que o Steam vende a preço baixo. Eu estava completamente enganado. Magicka vai muito além do genérico, inovando e trazendo a comédia para o famoso mundo dos RPGs.
Em Magicka você é um mago que, seguindo as ordens de seu professor (e praticamente narrador do jogo inteiro), Vlad, deve ajudar o rei a enfrentar as forças do mal seguindo viagem até Havindr. A história é genérica como sátira aos RPGs, tendo vários elementos de comédia com referências a 300, Monty Python e outros filmes famosos. O pessoal da Arrowhead Game Studios criou um dialeto hilário para os personagens, soando algo tão desconexo como um viking bêbado tentando falar inglês e alemão ao mesmo tempo. Para tentar exemplificar, digamos que os personagens falando “barow barln dark dargunder” se transforma na legenda em “você deve seguir até Havindr”. Comédia, não?
O gameplay é o grande atrativo do jogo. Você controla o mago e tem em suas mãos oito elementos, sendo eles eletricidade, arcano, vida, frio, fogo, terra, escudo e água. Você pode combinar até cinco elementos ao mesmo tempo para formar magias novas. O interessante é que o uso de um elemento interage com o outro, como por exemplo: ao misturar água e fogo, ambos se anulam virando vento e ao misturar água e frio, se obtém o elemento gelo, aumentando em muito as possibilidades dos combos. As magias principais do jogo são as intituladas “magickas”, realizadas com a combinação pré-especificada de elementos e que só podem ser aprendidas com o decorrer do jogo, ao encontrar os livros que as ensinam. O jogador também pode usar armas de combate corpo-a-corpo. Uma coisa me deixou pasmo: em um capítulo do jogo eu ganhei uma metralhadora M60 para usar. Nunca havia rido tanto em um RPG como em Magicka, podendo metralhar trolls e soltar magias ao mesmo tempo. Me senti uma mistura de Rambo e Gandalf lutando contra as forças de Mordor.
Infelizmente, o design do jogo falha em alguns momentos, obtendo-se magickas muito poderosas logo de início e outras completamente fracas em momentos bem a frente do jogo. Esse desbalanceamento entre o momento que se adquiri e a magicka obtida é de certa forma estranha e a falta de balanceamento não ocorre somente com elas. Muitas vezes os inimigos comuns de alguns capítulos são extremamente mais difíceis que os chefões de capítulos mais avançados. Outro fator negativo é que alguns combos que eu mesmo criei eram extremamente mais poderosos que as magickas, e o jogo acabou se transformando basicamente no uso de três combos que resolviam qualquer batalha.
Os cenários do jogo são fantásticos e possuem uma variação de ambientes incrível. Conforme se avança de capítulo você entra em um novo cenário que muda a sua forma de lidar com os desafios, apresentando novas dinâmicas e obstáculos. Cada cenário me fez sentir em um novo jogo e não em uma completa repetição. Infelizmente, a repetição aqui acontece com os inimigos após algumas horas de jogo.
Agora o grande diferencial de Magicka está no co-operativo. A diversão aumenta e muito quando você se aventura com seus amigos no modo de campanha em até quatro jogadores ou ao jogar online o modo Challenge. Combinar elementos entre os magos deixa as batalhas muito mais ágeis e divertidas. Porém, será um grande desafio encontrar jogadores brasileiros para jogar com você. Jogando contra estrangeiros, o jogo sofre muito com a velocidade de conexão (causando os famosos lags). O modo Challenge traz batalhas divertidas em dois mapas de sua escolha (arena ou floresta) que não param de vir monstros em ondas de ataque, pontuando e rankeando os jogadores que chegaram à onda de inimigos mais difícil.
O verdadeiro inimigo do jogo são seus bugs, e olha que não são poucos. A performance de Magicka é muito instável, mesmo após baixar e instalar os vários patches de correção que a Paradox já lançou. O jogo apresentou travadas, queda de frames e diversos bugs de jogabilidade como magias que não funcionavam, magias que se soltavam sozinhas, inimigos que ficavam alguns segundos imbatíveis, entre diversos outros exemplos que me decepcionaram em diversos momentos. O game possui um potencial extraordinário, mas levou uma bela rasteira por ter sido lançado às pressas e com tantos erros de programação.
Magicka com certeza vale seus US$ 9,99 (R$ 17,00), sendo um jogo casual simples e divertido. Os bugs podem incomodar um pouco, mas não comprometem toda a diversão. A idéia de misturar elementos naturais para criar novas magias dá um toque todo especial ao gênero. Fãs do gênero, eis aqui um bom título para conferir e curtir com os amigos sem precisar esvaziar toda a carteira.