Life is Strange é a principal franquia no cenário dos games narrativos e marcou o mercado na última década. Desde o lançamento inicial, desenvolvido pela Don’t Nod Entertainment antes de passar para a Deck Nine Games, a série de jogos conquista uma legião de fãs ao redor do mundo a cada lançamento e, com toda certeza, Life is Strange: Double Exposure promete seguir o mesmo caminho.
Com o lançamento em outubro e chegando para a nova geração, tanto de consoles como dos jogadores, o trabalho da Square Enix promete se manter sinônimo de jogos capazes de contar uma boa história e trazer a interação como parte responsável da construção narrativa. A prova disso é o resgate de Max Caulfield, a protagonista do primeiro jogo, para trabalhar uma nova proposta de jornada e tentando reinventar sua própria fórmula.
E nessa história, você decide!
Depois dos emocionantes acontecimentos ao final de Life is Strange e das sequências, seja em quadrinhos, títulos spin-off ou o segundo e controverso jogo, Life is Strange: Double Exposure é o responsável por respeitar os dois finais originais e continuar a história de Max. Dez anos se passaram após os acontecimentos do jogo anterior e Max segue dedicada a sua vida como fotógrafa, trabalhando na Universidade de Caledon. Mesmo sem utilizar seus poderes desde o incidente em Arcadia Bay, o assassinato de sua amiga, Safi, faz com que Max desperte uma nova habilidade: sua capacidade de acessar uma realidade paralela.
Disposta a desvendar o crime, você precisará investigar entre duas realidades, uma em que Safi está morta e outra em que ela continua viva. Essa trama principal é a responsável por adicionar uma mecânica nova à franquia, se diferenciando do “rewind” no primeiro jogo, que retrocedia o tempo para alterar os acontecimentos já presenciados e criar novas consequências, permitindo acompanharmos duas situações paralelas (parecidas ou não) para resolver quebra-cabeças e prosseguir na história. O mais interessante é como essas realidades dialogam e apresentam
Ainda mantendo o gameplay tradicional, em que o jogador assume o controle de personagens para tomar decisões através da escolha de respostas e interações, diversos dilemas emocionais sociais e até sobrenaturais surgem para aproximar o jogo da realidade. Em Life is Strange: Double Exposure isso fica ainda mais forte, pois ele apresenta novas discussões sobre preconceito, depressão, estresse pós-traumático e outros temas relacionados ao mundo conectado em que vivemos como, por exemplo, superexposição e hiperconectividade.
Por mais que suas decisões não sejam extremas e possam causar o fim do jogo de maneira inesperada ou levando para uma rota que encerre a jornada de Max de maneira brusca, como em Detroit: Become Human, os desenvolvedores criaram maneiras para você explorar a história por algumas perspectivas diferentes. Isso só foi possível por conta do excelente elenco de personagens que o jogo possui, diferente do peso ficar apenas em Max e Chloe, como vimos no jogo anterior.
Max, agora mais velha, se mostra muito mais interessante e faz com que a história aconteça de maneira mais atual. Safi Llewellyn-Fayyad brilha como melhor personagem ao trazer o ponto de equilíbrio na narrativa e peça fundamental para seu desenrolar, enquanto Amanda, Moses e Loretta complementam com suas humanidades, questionamentos e anseios, quase como um segundo jogador ávido pela movimentação da história. Diamond e Gwen também são interessantes, trazendo pontos distintos e complementares que vão acompanhar seu progresso e farão Yasmin, Vinh e Lucas serem esquecíveis.
Essa mudança de termos apenas duas protagonistas para um grupo muito maior faz com que Life is Strange: Double Exposure seja muito mais interessante e atrativo desde o começo do jogo, criando um engajamento mais breve e sem demorar para engrenar ou até mesmo criando barrigas ao longo da história.
Um novo poder em todos os sentidos
A Deck Nine Games conseguiu levar Life is Strange para um novo patamar. Isso fica claro desde o início com o excelente trabalho no visual do jogo, evoluindo o que vimos em True Colors e entregando um jogo muito bonito. Os cenários são bem feitos e muito bem cuidados, enquanto os personagens, além de bem escritos e desenvolverem diálogos interessantes, possuem uma ótima caracterização e estereotipagem conforme seus arquétipos dentro da história.
Toda essa mudança de viagem entre realidades paralelas ganha uma tradução visual muito bem trabalhada em que a realidade morta ou realidade viva possuem cores e sentimentos diferentes, assim como seu poder de ouvir e enxergar esses ecos entre as realidades. Sem contar o efeito visual para a transição que, na minha opinião, ficou incrível. O comportamento do mundo ao seu redor também é afetado pela tragédia de Safi e os desdobramentos durante sua investigação, fazendo com que o campus de Caledon pareça ter vida e acompanhar a maneira como você avança pela jornada de Max, Safi, Mouses, Amanda e os demais.
Montado para funcionar como uma boa série, que poderia muito bem ser adaptada pela Netflix, Life is Strange: Double Exposure desenvolve muito bem sua história em paralelo ao uso da trilha sonora, com músicas originais interpretadas por artistas como Dodie, Chloe Moriondo e Matilda Mann, entre muitos outros. A trilha sonora é maravilhosa e fundamental para complementar a história misteriosa e dramática do jogo. Ouça September, So This is Lonely e Someone Was Listening, já disponíveis e com a trilha completa chegando após o dia 29/10, e prepare-se para deixá-las na repetição por um bom tempo.
Com uma boa performance no PC, rodando com todas as opções de configuração no máximo, controles fáceis e responsivos, e uma excelente localização para o português brasileiro, Life is Strange: Double Exposure é uma excelente opção para quem deseja uma boa história. Infelizmente tivemos um pequeno problema com a versão para análise, com a perda do save e sem poder progredir na história até o final, mas acompanhando a comunidade conseguimos saber como a narrativa cresce e tem seu desfecho, acompanhando a tendência atual de grandes produções cinematográficas.
Emocionante, divertido e interessante, o novo capítulo de Life is Strange leva a série para novas direções e se mantém atual para a nova geração de jogadores, entregando uma experiência agradabilíssima e que consegue impactar pelo excelente trabalho de roteiro, visual e sonoro.
Prós:
🔺 História interessante e novos rumos para a franquia
🔺 Construção narrativa mais atualizada
🔺 Dinâmica dos acontecimentos deixaram o jogo mais ágil e interessante
🔺 Excelente trabalho na evolução do visual
🔺 Trilha sonora muito boa
Contras:
🔻 As escolhas poderiam causar mudanças mais significativas
🔻 Os puzzles não oferecem muito raciocínio para resolução
🔻 Problema de perda no save com a versão para review
Ficha Técnica:
Lançamento: 29/10/24
Desenvolvedora: Deck Nine Games
Distribuidora: Square Enix
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series
Testado no: PC