O que falar mais sobre The Legend of Zelda: Breath of the Wild do que já não foi dito ou escrito? Praticamente dois meses depois do lançamento e de ter terminado o jogo sem pressa, fazendo tudo que achei que deveria fazer e de começar o próximo (Horizon Zero Dawn), parei agora para escrever esse texto sobre a minha experiência em explorar por mais de 30 dias a Hyrule mais livre de todas.
Para quem escutou o nosso podcast de Beath of the Wild, já sabe que adorei este jogo, que acho que ele virou sim um divisor de águas nos games de mundo aberto e todos os sandbox daqui pra frente vão beber um pouco desta fonte. Mas deixei o título algumas semanas de molho, fui jogar outra coisa e voltei pra ver se ele era tudo aquilo que achei no começo. E sim, ele é!
Era uma vez Link, Zelda e Ganon
Se você jogou algum Zelda, sabe a sinopse básica de todos. Ganon está de volta, a princesa Zelda é aprisionada e cabe à Link salvar Hyrule. Isso não muda aqui. Desta vez, Link acorda de um sono de 100 anos após combater e ser derrotado pela encarnação atual do Ganon – desta vez, Calimity Ganon -, recebe as primeiras informações sobre o perigo que ronda Hyrule e deve pôr fim ao mal salvando Zelda e o mundo todo. Para isso, tem que convocar os antigos guardiões de cada povo ancestral e usar as grandes bestas divinas de cada um para, juntos, derrotarem Ganon.
Montado o cenário, chegou a hora de cair no mundo. À partir deste momento, o jogo te solta em Hyrule e na sua lista de missões principais aparece bem grande um “DESTROY GANON”. Sim, você pode sair bem do comecinho em direção ao castelo de Hyrule, chutar a porta e enfrentar o bichão grande de chifre. Vencer é quase impossível, mas se existe no mundo gente terminando Dark Souls sem subir de nível…
Pouco depois de uma introdução para ensinar o básico, o jogo te solta numa Hyrule livre para você explorar com muitos puzzles, coisas escondidas em cada cantinho, desafios e muitas missões. Muitas mesmo. E uma coisa que fizeram aqui que difere muito do que estamos acostumados nos mundos abertos atuais é que praticamente nada é marcado no seu mapa. Você deve explorar na raça, prestando atenção na descrição dos locais e nas pessoas.
Estou jogando agora Horizon Zero Dawn e a diferença neste ponto das missões é gritante. Sempre que você entra numa missão em Horizon seu mapa ganha uma marcação para onde ir e pula na sua tela de jogo uma espécie de ponto amarelo indicando a direção. Para o bem e para o mal, Breath of the Wild não tem nada disso! Na maior parte do tempo essa dificuldade extra é massa, mas em alguns momentos dá uma canseira ter sempre que sair procurando as coisas sem essa segurada de mão.
Eta Hyrule grande sem porteira
Mas enfim, exatamente essa exploração é o ponto alto do game. A sensação de liberdade aqui é gigantesca como o mundo. Nada de paredes invisíveis, nada de matinhos delimitando os cenários, nada de montanhas que você não pode subir. É incrível ver uma rocha enorme e conseguir subir até lá. E é massa saber que a Nintendo foi e botou uma das centenas de Koroks lá em só para você chegar e pensar “poxa, olha aí, eles queriam mesmo que eu viesse aqui”.
Detalhe: 25% do jogo destravado após derrotar Ganon com aproximadamente 100 horas de gameplay.
Outra coisa incrível é como funcionam as nuances de temperaturas e climas. Se chove, fica muito difícil escalar qualquer coisa. Se está muito calor, você deve usar roupas leves. Se está numa montanha de gelo, ou você se agasalha bem ou come algo que vá aumentar a temperatura do corpo. Se está trovejando, guarde os equipamentos de metal para não virar um para-raios e receber um baita de um relâmpago na cabeça.
Além dos cenários variados e belíssimos, ainda temos uma grande variedade de fauna, flora e minerais. Você deve caçar todos esses elementos que servirão de matéria-prima para fabricar o sem-fim de itens, comidas e poções do jogo, cada uma com sua serventia própria. Pode ser um mix de alimentos que aumentam temporariamente a energia ou a força. A poção que faz você aguentar o fogo ou o gelo. Ou então aqueles ingredientes que serão entregues para as fadas darem upgrade no seu equipamento. Ah sim, é bom aprender a cozinhar para tirar o máximo de proveito dos ingredientes!
Essa espada é massa!!! Era…
Um dos pontos polêmicos de Breath of the Wild é como as armas funcionam. Primeiro, achei genial o fato delas quebrarem fácil. Era uma chance de tentar diferentes abordagens contra os inimigos. Poderia chegar descendo a espadada, dava para jogar uma bomba, empurrar uma pedra e ver ela rolar ladeira abaixo e esmagar todo mundo ou então ficar escondido só atirando flechas tentando não ser visto – a inteligência artificial dos inimigos é bem okay.
Mas esse primeiro momento passou e eu comecei a ficar irritado ao ganhar novas e melhores armas e escudos e notar que eles continuavam quebrando muito rápido. Começava a curtir o equipamento, via as coisas quebrarem e passei a guardar um punhado de espadas e lanças ocupando preciosos slots. PÉIN, opção errada!
Daí entrei no terceiro momento que simplesmente deixei de lado isso tudo, passei a aceitar essa relação com as armas e usava indiscriminadamente. Quebrava, pegava outra, pegava a que tava no chão, pegava a do inimigo. Enfim, usava porque sempre teria uma outra do meu lado pra usar e eu acho que é exatamente isso que o jogo quer que você faça.
Ah, e só pra lembrar, aquela lógica dos outros Zeldas de conseguir um equipamento para passar de uma dungeon não existe aqui. Praticamente todos os tipos de itens estão disponíveis logo no início do jogo, por isso dá pra ir onde você quiser quase sempre restrições. O que restringe mesmo é a quantidade de vida e estamina que você tem para atingir certas áreas. Por isso é muito recomendável sair resolvendo os puzzles das Shrines que você encontrar pela frente (que são quase sempre fantásticos!), acumular e trocar as orbs por upgrades de corações e fôlego. Ah sim, e com os Koroks você compra mais slots para armas, escudos, arcos e flechas.
Obra-prima com selo Nintendo de qualidade
Jogue Breath of the Wild o quanto antes, seja no Wii U ou Switch, mas jogue. É aquele game que a Nintendo precisava agora para mostrar porque ela é o que é, e também para provar que consegue ainda fazer ótimos jogos hardcore. É o título para carimbar novamente o legado de uma empresa que mais de uma vez revolucionou os jogos eletrônicos.
Tem falhas? Tem sim, eu mesmo achei que a história poderia ser mais amarrada e até mais interessante, e que o frame rate inconsistente é bem chatinho. Mas nem isso tira o brilho dessa obra-prima. Jogo 10 de 10 e uma das melhores experiências que já tive desde que peguei um controle nas mãos pela primeira vez.