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Kitsune Tails é mais do que um simples jogo indie, pois ele também consegue ser um resgate importante dos títulos clássicos que pavimentaram a história dos games. Muito inspirado por Super Mario Bros. 3 e carregando diversas características da mitologia japonesa, o trabalho da Kitsune Games entrega uma experiência familiar que vem acompanhada de boas e novas ideias.

Para quem cresceu com a geração 8-bit e o gênero plataforma sendo um dos mais apreciados na década de 80, Kitsune Tails com certeza vai ter um fator nostálgico importante que justifica muitas escolhas feitas pelos desenvolvedores. Dividido em cinco mundos temáticos, acompanhamos a jovem Yuzu, uma yokai que se torna mensageira da divindade Inari, e ao vagar pelo mundo dos humanos acaba sendo salva por Akko, uma curandeira local, do ataque final de um monstro imenso.

Kitsune Tails

Após conviver e realizar algumas tarefas para os humanos, Akko é sequestrada pela ciumenta Kiri, uma outra jovem yokai, durante um matsuri de primavera. Nossa jornada continua por diversos mundinhos, enfrentando muitas criaturas e descobrindo mais sobre Akko, Kiri, yokais e as divindades dessa fantasia, para encontrar as cinco esferas mantidas pelos Guardiões, abrir a prisão elemental, enfrentar o imenso oni e viverem felizes para sempre. No entanto, a história reserva um plot twist final envolvendo os reais corações apaixonados, além de Erin e Kimiko, mas que deixarei no ar para evitar spoilers.

Mama mia, uma raposa

Kitsune Tails pode até ser extremamente parecido com Super Mario Bros. 3, inclusive com uma barra de corrida para você aumentar seu “ki” e conseguir saltar mais alto ou ativar alguma característica do power-up que você estiver equipado. Sim, isso mesmo! Yuzu possui poderes recebidos através de roupinhas que você vai coletando ao longo do jogo. Correr pela água com sua roupa de tubarão, quebrar o chão com um chapéu estilo kasa, utilizar uma lança ao vestir o capacete de um samurai, pulo e dash ao entrar numa bota mágica, atirar cristais com os poderes da raposa de gelo, entre outros.

Kitsune Tails

A história possui uma grande conexão com o fator espiritual, principalmente por conta de um recorrente inimigo, além dos elementos da natureza, seja pelos guardiões da terra, água, ar, fogo e gelo, para justificar os poderes da protagonista e como os vilões se organizam para que Yuzu, Kiri e Akko interajam ao longo da aventura. Os combates não são complexos, sendo resolvidos apenas com pulos na cabeça do principal inimigo, porém o fator de desafio existe ao desviarmos das ameaças em tela e exigindo muita destreza.

Mantendo estilo de jogabilidade dos clássicos de plataforma, Kitsune Tails possui controles fáceis e a movimentação dos personagens é precisa, mesmo com aquele deslizar característico da geração 8-bit. Precisão e habilidade nos controles são essenciais para você aproveitar o jogo, porém os desenvolvedores incluíram opções para que sua experiência não seja frustrante. Os jogadores poderão escolher um estilo mais voltado para a aventura ou mais desafiador, fazendo com que você escolha previamente os poderes do seu personagem enquanto estiver no mapa e não mais durante a fase, dificultando sua tarefa.

Kitsune Tails

Jogar com Yuzu ou Kiri fica ainda mais interessante quando sofremos dano e vemos sua forma meio-humana ser transformada em raposa mágica. Isso aumenta a urgência de você recuperar seu poder e tomar cuidado ao longo da fase. Nossa protagonista também possui um comando para segurar e arremessar itens ou inimigos, ajudando durante as fases em mansões assombradas ao carregar a lanterna que protege você dos fantasmas ou fazendo com que você lance inimigos uns contra os outros.

Uma viagem no tempo

O trabalho da Kitsune Games simula muito bem a experiência dos jogos de plataforma na geração do NES, pois a direção de arte desenvolveu muito bem os cenários e mostrou ter um cuidado imenso na maneira como trabalha o visual do jogo. Tudo muito colorido e esbanjando personalidade, Kitsune Tails agrada visualmente e acende um sentimento nostálgico muito forte.

Kitsune Tails

Ao iniciar minha jornada com Yuzu, Kiri e Akko, me surpreendi ao notar que o jogo é dublado. Além da trilha sonora divertida e chiclete, igual ao que tínhamos em nossa infância e nos deixava cantarolando por horas ou dias, os desenvolvedores deram ainda mais vida aos personagens principais com a opção por trabalhar cada um deles com sua própria voz. Por mais que seja uma dublagem muito caricata e infelizmente apenas em inglês, que parece ter saído dos cartoons dos anos 80, ainda assim torna tudo mais legal e divertido.

Como se não bastasse toda essa experiência, você também contará com mini games disponíveis na Games Arcade, uma casinha em sua vila. São jogos simples e breves que simulam títulos famosos como, por exemplo, Dig Dug e Marathon, além de atividades envolvendo memória e roleta. Nada muito expressivo, mas que reforça a dedicação dos desenvolvedores no resgate histórico dos games.

Kitsune Tails

Kitsune Tails consegue ser perfeito em sua proposta por entregar tudo aquilo que tínhamos em nossas lembranças adaptado ao que podemos usufruir da nova geração. Sem inventar muito, podendo até ser considerado uma cópia, mas que carrega muita diversão com boas horas de desafio num competente plataforma.

100 %


Prós:

🔺 Excelente resgate nostálgico
🔺 Visual em pixel art muito bem trabalhado
🔺 Diversas ideias bem implementadas no gameplay
🔺 Boa quantidade de fases e chefões
🔺 História simples e divertida

Contras:

🔻 Pequenos glitchs, mas que não atrapalham a experiência

Ficha Técnica:

Lançamento: 01/08/24
Desenvolvedora: Kitsune Games
Distribuidora: Kitsune Games, MidBoss
Plataformas: PC, Switch, Playstation
Testado no: PC