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Já faz um ano que Kingdom Hearts III foi lançado e, apesar de ter concluído a saga Seeker of Darkness de maneira épica, muitas respostas ficaram no ar. Quem é fã da saga de longa data já esperava algo do tipo, afinal, todos nós sabemos o quanto Tetsuya Nomura adora deixar suas obras exageradamente complicadas e misteriosas (igualzinho um cara chamado Hideo Kojima).

Como toda a sequência final de KH3 deixou muitas lacunas sem explicação, o DLC Re:Mind foi anunciado com o intuito de tentar explicar algumas coisas e contar um pouco mais da história após o final do jogo. A expansão é contada de maneira episódica, igualzinho em Birth by Sleep: “Limitcut Episode”, “Secret Episode” etc. É como se fosse uma versão Final Mix de Kingdom Hearts III, com chefes novos e mais história. A parte boa é que também foram adicionadas mais duas keyblades clássicas e uma nova forma para Sora, mas isso está disponível para todos por uma atualização gratuita, nem precisa ter o DLC.

De maneira bem objetiva, se você está esperando respostas em Re:Mind, sinto dizer que suas expectativas irão por água abaixo. O DLC explica algumas coisas, mas ao mesmo tempo acrescenta muitas outras perguntas que vão te deixar ainda mais confuso.

Déjà vu

Re:Mind se passa exatamente após o final da campanha principal, então para jogá-lo é preciso ter um save com a história concluída. Não entrarei em detalhes sobre a trama, primeiro para não dar nenhum spoiler e segundo porque é impossível explicar Kingdom Hearts, mas posso afirmar que pelo menos eles se atentaram em justificar como que alguns personagens simplesmente voltaram das cinzas do nada.

Quem mais estava com saudade de usar duas keyblades?

A primeira parte do DLC não é muito empolgante, pois é basicamente tudo que já jogamos na campanha principal. Você irá reviver todos os confrontos finais (que não são poucos) que antecedem a batalha contra Master Xehanort, mas ao menos temos o atrativo de jogar com outros personagens além de Sora. Admito que esperava poder jogar com todos, mas infelizmente a lista é limitada: contamos apenas com Riku (que já tinha seus momentos no jogo base), Aqua, Roxas e Kairi em momentos específicos.

Existe pouca coisa realmente inédita nesse primeiro episódio, mas no final temos uma batalha bem empolgante e até emocionante. A primeira parte dessa expansão até engana, pois caso você tenha evoluído seu Sora ao máximo, as batalhas permanecerão extremamente fáceis. Estando no level 99 com a Ultima Weapon (a melhor keyblade do jogo), eu conseguia terminar algumas lutas em menos de um minuto! Caso você escolha controlar outros personagens, a batalha poderá ficar mais balanceada, mas com o Sora será sempre brincadeira de criança.

Mas não se engane! Um dos pontos negativos que citei sobre o jogo base é o fato dele ser muito fácil e não ter quase nada de desafio. Sempre foi uma tradição em Kingdom Hearts conter alguns super chefes escondidos que vão exigir o máximo de sua habilidade para serem derrotados. Pois bem, Re:Mind guarda o pior para depois, pois essas batalhas super difíceis voltaram e estão mais difíceis do que nunca.

Darkside marcando presença mais uma vez

Saudosamente difícil

Após concluirmos o primeiro episódio, liberamos o Limicut Episode, que aposta alto na nostalgia e resgata rostos conhecidos na franquia. O jogo base não contou com uma única aparição dos personagens de Final Fantasy, mas pelo menos eles retornam por um breve momento nessa parte do DLC. A participação deles é mínima e foi puro fan service, mas ao menos foi legal revê-los. Ainda assim, todos eles mereciam ter aparecido no jogo base com uma trama mais elaborada.

É nesse episódio que os adultos são separados das crianças, porque a coisa fica realmente feia. Aqui teremos uma mistura de Kingdom Hearts II com Kingdom Hearts Re:Coded, onde controlaremos um Sora virtual e teremos que enfrentar 13 réplicas digitais de cada membro da nova Organization XIII. Quem jogou KH2 sabe que essas lutas eram bem mais difíceis que suas versões na campanha principal e aqui não é diferente. Prepare-se para esmagar muito seus botões, pois alguns chefes dão vontade de arrancar os cabelos!

E lá vamos nós…

Eu nunca dispenso um bom desafio e sempre gostei dessas batalhas absurdas que marcam presença na saga Kingdom Hearts, mas aqui existe um fator que deve ser levado em consideração. Essa não é a parte final do DLC e para prosseguir você precisa vencer todos os chefes, o que não será fácil nem nas dificuldades mais baixas ou com um Sora evoluído ao máximo. Em todos os outros jogos, essas batalhas eram opcionais e não influenciavam no seu progresso, mas aqui não é e somente quem superar esse desafio conseguirá ver o final de Re:Mind. Sendo assim, acho que poucos conseguirão concluir essa expansão.

Mas calma que ainda não acabou, pois ao vencer todas as 13 batalhas você libera o Secret Episode, que contém o verdadeiro final boss de Re:Mind.

O desafio supremo

Digamos que as 13 data battles são apenas um aquecimento, pois o pior realmente ainda está por vir. Em uma entrevista, Tetsuya Nomura e Tai Yasue, diretores do jogo, afirmaram que haveria um chefe em específico que ia “te fazer chorar”. Eles não estavam brincando, pois a batalha final é de longe a luta mais difícil que já enfrentei em um Kingdom Hearts (e olha que já platinei todos).

Quem costuma enfrentar os super chefes da franquia já conhece bem seu modus operandi. Eles são rápidos, possuem sequências de ataque aleatórias e exigem um misto de sorte e habilidade para serem vencidos, assim como incontáveis tentativas para decorarmos cada um de seus movimentos e termos alguma chance de derrotá-los. Em Re:Mind não é diferente, só que tudo é extremo demais e até faz você esquecer que já enfrentou 13 lutas super difíceis antes disso.

Que dupla!

Felizmente, você não é obrigado a vencê-lo para ver o final do DLC. Ganhando ou perdendo, você consegue ver a conclusão (com leves alterações na cena, dependendo de quem venceu a luta) e ficar ainda mais confuso sobre o futuro da franquia. É sério, quanto mais tentamos entender, pior fica. A única coisa que podemos ter certeza é que o Nomura aparentemente ainda não superou certos projetos antigos que foram cancelados.

Além de todo esse conteúdo jogável, o DLC também traz dois novos modos para os jogadores brincarem. Em um, você pode criar um slide com as fotos que tirou pelo jogo, podendo colocar música de fundo e tudo. O outro é intitulado Data Greeting e nele podemos criar cenas totalmente customizadas do jeito que bem entendermos, escolhendo cenário, personagens, objetos e muito mais. É uma função divertida, principalmente porque dá para fazer umas coisas bem engraçadas, mas antes é necessário jogar uma parte da expansão para liberar esse modo.

O Data Greeting permite criar cenas bizarras como essa

Para os caçadores de conquistas, não espere nada muito diferente da dificuldade desse DLC. Existem três troféus absurdos que vão te dar um trabalho imenso, o que inclui não só vencer o último chefe de Re:Mind como também completar o jogo inteiro com modificadores, dificultando as coisas ao extremo. Pois é, Kingdom Hearts III não é mais brincadeira de criança.

No final, Kingdom Hearts III Re:Mind poderia muito bem se chamar “Kingdom Hearts III NeverMind”, pois suas novidades não ajudaram em nada ao sanar nossas dúvidas. Ao menos, graças a sua dificuldade exacerbada, tem bastante conteúdo para te prender por várias horas de muita tentativa e erro. A única coisa realmente confirmada por Re:Mind é que tem mais jogos da franquia vindo aí; só espero que nós não tenhamos que esperar mais 10 anos para jogá-los.