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Antes de começar essa análise quero deixar bem claro o seguinte: Killzone 3 é um ótimo game, e com certeza é o melhor da série até agora. Mas é lógico que isso não faz com que seja perfeito. Por ser a principal franquia do gênero para o PS3, era de se esperar que inovasse ou acrescentasse mais ao estilo, e isso não acontece. Pelo menos não pra mim, que não tenho o Move ou uma TV 3D para desfrutar das novidades.

O desenvolvimento de Killzone 3 seguiu a fórmula que está dando certo, com partes em que temos que usar tanques, robôs, sniper ou mesmo aquelas em que é necessário ser mais tático e silencioso. A história começa exatamente aonde o capítulo anterior parou e, para entender tudo, é preciso ter jogado Killzone 2 (ou então ler sobre os acontecimentos). Visari, o líder dos Helghast, foi morto por Velasquez, soldado da Interplanetary Strategic Alliance, quando a ordem era para capturá-lo vivo. Isso leva com que o povo de Helgan (Helghast lembra o nazismo, desde o seu símbolo até as roupas) se rebele de vez contra a ISA e partir pra medidas desesperadas, como detonar uma bomba atômica em sua própria capital e partir pro ataque com força total. Aliás, as cutscenes dos inimigos e suas discussões são bastante interessantes, quase me fizeram torcer por eles. Você assume o papel do sargento Sevchenko e tem que lutar para que suas tropas consigam evacuar a cidade antes que sejam mortos.

Apesar do final decepcionante (o game acaba de repente e sem uma conclusão), o modo de campanha consegue prender a atenção do jogador. Várias vezes me peguei querendo continuar mais um pouco somente para participar de mais tiroteios. Tudo bem, existem altos e baixos e as reviravoltas não muito interessantes. Mas o fato de sair visitando cada local, buscando formas de se esgueirar, esconder e matar seus inimigos vale o esforço. Não dá pra simplesmente sair atirando pra todos os lados, é preciso de um mínimo de tática e estratégia. Do contrário, é morte na certa. Ainda falando sobre os inimigos, a inteligência artificial deles é fantástica. A todo momento os Helghast buscam te cercar, conseguem se proteger atrás de obstáculos, fogem de suas granadas e também lançam algumas para que você seja forçado a sair do seu esconderijo. Só achei um tanto lento a resposta dos snipers inimigos. Mesmo no modo mais difícil, eles demoram um pouco para atirar quando conseguem te enxergar, e isso me dava tempo suficiente para acabar com eles antes que me atingissem.

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Sem dúvida nenhuma Killzone 3 é um dos mais belos games do console. Os gráficos chamam bastante atenção, e o som consegue fazer com que o jogador se sinta realmente imerso na guerra. Fora isso, a diversidade das armas é muito bem vinda: pistola, rifles, metralhadoras (inclusive uma de mísseis), lança-chamas… O design de cada uma delas é digna de elogios. Só senti falta de um sensor que mostre a proximidade das granadas, talvez por estar muito habituado com o sistema que a série Call of Duty usa, mas é tudo questão de costume. Os cenários alternam entre ambientes abertos e fechados, todos cheios de detalhes, características e com cores muito bem escolhidas que dão o clima certo à aventura. Mesmo quando há muita coisa acontecendo ao mesmo tempo na tela o frame rate nunca cai.

Tenho sérias restrições ao DualShock 3 quando o assunto é tiro em primeira pessoa. Já até falei sobre isso em um de nossos podcasts, mas dessa vez tenho que dar o braço a torcer. Os controles ficaram bem interessantes, as respostas estão mais rápidas e precisas e não há mais aquele “peso” sentido em Killzone 2. Uma mudança muito bem vinda já que muitos, inclusive eu, sempre reclamaram dessa característica. Por várias vezes é preciso usar o sensor de movimentos do DualShock 3 em determinadas ações, como abrir um portão, e isso foi muito bem integrado à jogabilidade. Claramente essa opção não foi incluída simplesmente porque existe a capacidade, mas sim porque torna a jogatina mais interessante, mais natural. O tão falado Jet Pack funciona muito bem; a fase em que é preciso utilizá-lo é sem dúvida uma das melhores que vi ultimamente. O dispositivo foi uma adição muito bem vinda e a forma que encontraram para inserí-lo foi bem pensada.

E quanto à prometida dublagem para português do Brasil? Bom, sou um cara mais tradicional, prefiro aproveitar as coisas no idioma que foram concebidas, como ao assistir um filme. Só que Killzone 3 é o primeiro título da Sony a receber localização para nossa língua, então fiquei curioso e me senti na obrigação de jogá-lo dessa forma. A dublagem não é ruim, mas também não ficou boa como poderia ser. Algumas vozes são bem forçadas, como a de Jorhan Stahl, líder da indústria de armas de Helgan. A dublagem dele é tão exagerada que sai do contexto. Aliás, muitas frases parecem ter saído de um filme de ação da Sessão da Tarde. Na maioria do tempo os personagens estão gritando e alguns erros de português podem ser notados com uma certa frequência. Pelo menos os palavrões estão presentes…

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O modo multiplayer, com suporte para até 24 jogadores simultâneos, ficou muito bom e com várias opções de partidas. Existem as mais simples, como o tradicional Deathmatch, e aquelas com objetivos variados, disputadas em mapas enormes. Os dois times tem suas características muito bem distribuídas e ninguém fica em desvantagem. Ainda existe o sistema de classes (Engineer, Tactician, Infiltrator, Field Medic e Marksman), cada uma com suas próprias funções e armas. O jogador ainda tem que trabalhar na evolução dessas classes, para atingir o máximo do potencial de cada uma. Infelizmente, é justamente no multiplayer que está o maior pecado de Killzone 3: o modo cooperativo. Sim, dá pra jogar a campanha cooperativamente mas só com tela dividida, pois não existe a possibilidade de fazer isso online.

Mesmo com as falhas na jogabilidade (quando falo em falhas na jogabilidade estou me referindo ao fato de não trazer nada novo, e não por ela ser ruim) e de uma história um tanto quanto dispensável, Killzone 3 consegue prender a atenção de quem está jogando, seja durante o tempo que você levar para finalizar o game ou mesmo jogando online. Com certeza uma ótima opção para os fãs do gênero.