Jitsu Squad chega no finzinho de 2022 com uma reunião de boas experiências vindas diretamente dos melhores beat ‘em up já lançados, coletadas uma a uma pela Tanuki Creative Studio para fazer deste um dos melhores títulos deste gênero.
Saindo da zona de conforto e mesmice dos “jogos de lutinha”, os desenvolvedores apostaram na combinação de elementos já conhecidos para inovar a experiência e o gameplay.
Reunião de carisma e referências
Depois de uma campanha bem sucedida no Kickstarter, a Tanuki Creative Studio conseguiu entregar sua principal promessa: um jogo com foco em ação e com gráficos 2D muito coloridos. Isso porque o jogo parece resgatar aquele estilo carismático dos jogos da geração 16-bit, com personagens muito bem trabalhados visualmente e com história para cada um deles.
Quase como se a Disney encomendasse esse jogo, os heróis são animais antropomórficos e que sofreram com a maldição do vilão Origami. Este feiticeiro maligno deseja despertar o demônio que reside na pedra Kusanagi, para conseguir seus poderes.
Com até quatro jogadores ou sozinho, mas nunca em um modo multiplayer online (pelo menos até o lançamento), você poderá escolher entre o guaxinim shinobi, Hero Yamagiwa, a kunoichi transformada em coelha, Baby O’Hara, o sapo Jazz Amun, um dos sacerdotes sagrados da Black Lotus, e por fim, Aros Helgason, o javali e guerreiro viking.
Os quatro heróis se reunirão como Jitsu Squad e terão Ramen, o sábio monge que foi transformado em coruja, para guiá-los pelos principais desafios em esmagar os botões em combos que facilmente ultrapassarão os 100 hits. Viajaremos por oito planetas diferentes, em mais ou menos 3h de jogo, enfrentando o clã Emaki e seus mais malucos subordinados, para impedir o vilão de conseguir conquistar a pedra Kusanagi.
Todos os heróis possuem características específicas e que estão ligadas ao tipo de herói. Hero e sua poderosa Sakura Katana, Baby com suas kunai e um guarda-chuva, Jazz e seu cachimbo dourado Ishtar, e Aros com a imensa Balder. Cada um com animações diferentes, inclusive para expressões e reações ao atacar e ser atacado, além de comportamentos diferentes ao realizar os comandos e combos.
Os inimigos também seguem este mesmo padrão, sempre seguindo uma temática para cada planeta. Começando com ninjas, até mesmo para justificar a existência do clã Emaki, mas logo evoluindo para planetas de gelo, áridos, com piratas, pré-histórico e até mesmo um arcade no meio de uma cidade iluminada por muito neon. Todas as fases possuem muitas referências aos clássicos do gênero, seja pelo cenário, personagens ao fundo ou elementos para interação.
Para os chefões a regra se mantém a mesma, com um background que está diretamente ligada aos heróis e vilão Origami. Dentre os oito chefões, destaque para Viper, uma poderosa mulher-cobra que governa o mundo de Infernia, além de Shade que, sem muito detalhes para não dar spoilers, é próxima do vilão e tem ligação com Ramen e o Esquadrão.
Além de tudo isso temos também os Assist Characters, afinal por quê ficar apenas como um beat ‘em up e diversas referências à Street of Rage e Final Fight, sendo que podemos trazer Marvel vs. Capcom para esta salada? Cada personagem terá mais de um apoio para invocar ao quebrar baús pelos cenários, trazendo algo relacionado ao seu histórico. Os desenvolvedores também trouxeram o YouTuber Maximilian Dood e seu cachorro, além de Yooka-Laylee e Retro Sixtyfourus, em parceria com a Playtonic Games.
Mecânicas que vão além do esmagar de botões
Sem um tutorial inicial e contando com a evolução do próprio jogador, os personagens vão crescendo com a coleta de pergaminhos dropados pelos inimigos. A cada quantidade atingida, você desbloqueará novos golpes que vão além da sequência básica e repetitiva com sua arma principal. Esta é mais uma adição ao estilo do gênero, trazendo comandos como, por exemplo, baixo e frente com ataque ou cima e ataque, para executar um gole diferenciado para cada herói.
Você também contará com uma boa diversidade de armas secundárias, que possuem barra de energia consumível, para executar novas sequências e combos, além de aumentar o seu dano. Isso também é possível com um ataque especial, que acaba com praticamente todos os inimigos em tela e poderá ser recarregado com refrigerantes encontrados pelo caminho.
Já que a ideia é inovar e trazer novas mecânicas para um gênero que já sofreu muito desgaste pela falta de criatividade, que tal utilizar os botões superiores para, além de agarrar e jogar seus inimigos, ter também um contra-ataque que une parry ao aumento de dano e golpes combados.
Por conta da infinidade de possibilidades ao mesclar seus ataques, além de especiais e os personagens de apoio, que pularão na tela e trarão animações coloridas e em câmera lenta idênticas aos jogos de luta da Capcom, muitas vezes a bagunça e zona de informações ao mesmo tempo será surreal a ponto de você não saber como se defender ou de onde veio algum ataque. Apenas divirta-se com a maluquice que estiver acontecendo e curta um visual coloridíssimo, inclusive reforçando um alerta importante para pessoas fotossensíveis.
Infelizmente tudo isso tem um preço, principalmente para a versão de Nintendo Switch e que utilizamos para este review. O jogo sofre quedas de fps quando a tela está inundada de elementos e golpes, além de ter quebrado diversas vezes ao pausarmos o jogo. Por conta desse erro não consegui acessar a lista de golpes que existe no menu durante o jogo pausado. Talvez a versão de Playstation ou PC sejam melhores para comportar toda a salada de elementos e cores que os desenvolvedores pensaram.
Um deleite para os olhos e ouvidos
Jitsu Squad consegue entregar um pacote completo com visual e trilha sonora muito bem trabalhados. A direção de arte para os personagens, dos heróis aos inimigos, além das armas e animações, inclusive para inserir Dood e Yooka-Laylee dentro deste universo, tudo foi muito bem trabalhado.
A trilha sonora invade os ouvidos e cativa desde a abertura do jogo, tendo o trabalho de Johnny Gioeli, da banda Crush 40, como responsável pela música do início e também trazendo seu estilo, já famoso por Sonic The Headhog, para todas as fases de Jitsu Squad.
Tirando os pequenos problemas de performance no Switch, os desenvolvedores conseguiram entregar um trabalho completo, com diversos níveis de dificuldade e até um modo Team Tag, liberado ao finalizarmos o jogo pela primeira vez e que permitirá você jogar com os quatro personagens ao mesmo tempo.
Jitsu Squad provou ser um jogo que conseguiu evoluir dentro do seu próprio gênero e que conquistar todos aqueles que se aventurarem nesta jornada contra Origami.