Skip to main content

FPS de horror? Tô dentro! Games como F.E.AR. e Painkiller são alguns dos meus favoritos nesta feliz mistura de gêneros. Resident Evil 7, inclusive, entrou pra esta lista recentemente. Quando vi o trailer de Inner Chains pela primeira vez, fiquei bastante empolgado. O game da desenvolvedora polonesa Telepaths Tree veio de uma campanha no Kickstarter e saiu recentemente para PC, com previsão de chegar também ao Xbox One e PlayStation 4.

Explorando o desconhecido

Inner Chains acontece em um mundo inóspito e dominado por biomecânismos, onde a humanidade está perdida há muito tempo. A abertura em computação gráfica promete um jogão, mas falha ao tentar explicar sua história. Ela é bastante confusa, dando a entender que você precisa sair das amarras de um culto eterno de dor e sofrimento. O jogo começa com você andando entre pessoas estranhas que parecem estar em um tipo de transe eterno, dominados por um líder nada amistoso.

O primeiro impacto vem com o visual, extremamente bonito e tenebroso. Há detalhes pra todos os lados e a ambientação, seja em ambiente aberto ou fechado, faz você se sentir indefeso a todo momento. Criaturas bizarras lhe darão as boas vindas nos primeiros sustos, mas são inofensivas e servem apenas como lamparinas ou guias de percurso. O primeiro inimigo real neste mundo é um tentáculo terrestre que ataca tudo que estiver ao seu alcance, aparecendo aos montes como árvores em sua passagem.

Tem alguma coisa errada rolando nesse culto.

Depois de andar muito e concluir o primeiro capítulo sem qualquer tipo de combate, o jogo finalmente introduz a primeira arma. Agora o bicho pega? Não… A arma de raio possui pouca munição e, ao esgotá-la, gasta sua vida para disparar cargas extras. O medidor de vida é representado por um bracelete bizarro, encravado no punho do braço direito do protagonista – e de todos os outros seres humanos neste mundo. Ao encontrar uma outra criatura que lembra uma máquina, também inofensiva, você carrega tanto seu bracelete quanto sua arma.

O problema é que todo combate é lento e sem impacto. Os primeiros inimigos são humanos desorientados, que agem como zumbis. Com eles é melhor sair na porrada do que gastar munição. Posteriormente você encontrará outras ameaças, como uma minhoca gigante presa no teto que ataca quem passa por baixo (lembra bastante o Barnacle, de Half-Life). Pouco tempo depois o jogo introduz outros inimigos mais ágeis, inclusive armados e um que possui cabeça de tentáculo (tipo Las Plagas, de Resident Evil 4). As influências são evidentes, como pôde notar.

Tá pegando fogo, bicho!

Ao total são três armas diferentes, que disparam raio, fogo e espinho. A de raio pode ser usada para atordoar, enquanto que a de fogo pode abrir passagens e explodir gases. Já a de espinho é a melhor para realizar headshots e enfrentar inimigos mais pentelhos, como criaturas que parecem cães do inferno. Assim como as armas, a variação de inimigos também é pequena.

Missão alfabética

O principal objetivo da campanha, porém não obrigatório, é encontrar painéis que ensinam as letras do alfabeto. Há murais espalhados pelo game contando a história desta estranha civilização e suas crenças, mas incompreensíveis no início. Parte dos painéis estão escondidos e se você passar distraído por um já era, não dá mais pra ler os textos de forma completa. Este é um conceito bastante estranho, cujo as letras encontradas funcionam como conquistas. Ao invés de deixar a história mais acessível, você ficará boiando durante a campanha toda. Até porque é um saco procurar estes painéis pelos cenários.

D de diarreia.

Observando os belíssimos cenários construídos pro jogo, dá pra sacar algumas nuances deste universo estranho. Por quê e à quem estes humanos são devotos? Onde estão as mulheres? O que está acontecendo com o planeta? Por que não há sol? Respostas para estas e outras perguntas permanecerão no imaginário do jogador, perdidas em meio à curiosidade da exploração. Um grande desperdício de conteúdo.

Durante as 4 horas de duração, você passará mais tempo andando e abrindo passagens do que em batalha. Literalmente um “simulador de rolê”. As batalhas, por sua vez, são bem estranhas. A Inteligência Artificial não funciona bem, reagindo de forma sistemática ao seu encontro. O desafio seria ainda mais baixo se não fosse pela fragilidade do protagonista, que morre até durante uma pequena queda livre. As animações dos inimigos também deixam a desejar, com uma dureza típica de jogo antigo.

O visual impressiona a todo momento, exceto os inimigos.

Houve um imenso desperdício de potencial com Inner Chains. O game possui boas ideias, um visual incrível e uma ambientação decadente e opressora que funciona. É realmente uma pena que um game assim seja sabotado pelo combate lento, pela história mal explorada, pela ausência de desafios e uma trilha sonora que se repete do começo ao fim. Chefes de fase? Só um ao final e fácil de derrotar. Um FPS de horror que tinha tudo pra dar certo, mas não deu.

Review – Fallout: 1ª Temporada

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.15/04/2024
Harold Halibut

Review – Harold Halibut

Carlos AquinoCarlos Aquino15/04/2024