Tem gente que já enjoou de jogar games inspirados na era 16-bit, com gráficos em sprite à moda antiga. Eu, particularmente, abraço games com esta característica como uma forma de suprir minha paixão pela nostalgia. Afinal, tive o prazer de viver os anos dourados dos fliperamas no Brasil e acompanhar os consoles da quarta geração.
Jogos de ação com elementos de plataforma então, não perco nenhum. O indie brasileiro Blazing Chrome, lançado no ano passado, é um ótimo exemplo de como games assim podem fazer sucesso nos dias de hoje. Fora que o indie da Joymasher é incrível, uma carta de amor à série Contra.
Huntdown, o arcade shooter de estreia da desenvolvedora sueca Easy Trigger, vai nessa mesma vibe retrô. Ou seja, um indie frenético, side-scrolling e cheio de explosões. Um game que, se tivesse sido lançado para fliperama há 30 anos, faria muito sucesso entre os marmanjos e certamente teria um cinzeiro nele.
Três caçadores, um objetivo
A trama coloca os caçadores de recompensa Anna Conda, John Sawyer e Mow Man para trabalhar para a Companhia Shimamoto, comandada pela Senhorita Rose (Wolfmother), e acabar com o submundo do crime. Ambientado em um futuro distópico, que mistura ideias de filmes como Blade Runner e RoboCop, as ruas estão dominadas por quatro gangues criminosas que seguem líderes anarquistas. A polícia não consegue impedir a escalada da violência e o trio é convocado para dar fim ao caos.
Huntdown tem um estilo visual semelhante à muitos games daquela época e, ainda assim, apresenta sua própria identidade. O pixel art é bastante detalhado, especialmente nos cenários, e há animações rolando pra todos os lados. Além dos protagonistas possuírem suas próprias características, os inimigos, sub-chefes e chefões também são bem variados e criativos. Você pode jogar sozinho ou com um amigo em co-op, avançando pela campanha composta por 20 fases.
O gameplay segue o básico do gênero: atirar, pular, dar um golpe corpo-a-corpo, dar um dash (no chão e no ar) e usa uma arma secundária arremessável ou explosivos. A movimentação não permite tiros na diagonal, uma limitação proposital para forçar o jogador a pular pelas plataformas e pensar rápido a todo momento – como nos jogos antigos.
Você pode pegar uma certa variedade de armas deixadas pelos inimigos como também usar um taco de beisebol, por exemplo, pra sair na porrada a curta distância. Você pode usar caixas e coberturas para se proteger e também se esconder nas sombras. Tudo funciona bem, é possível trocar de personagem voltando pro início da fase em que está e a todo momento o jogo introduz alguma ameaça nova. Os chefões são o que há de melhor em Huntdown, com batalhas bem distintas.
As gangues de Huntdown
A campanha é dividida em quatro gangues rivais: a dos punks (Hoodlum Dolls), a dos hooligans do hóquei (Misconducts), a dos lutadores de rua (No. 1 Suspects) e a dos motociclistas (Heatseekers). São cinco fases pra cada gangue, com inimigos e chefões próprios. Avançando pelas fases, a dificuldade cresce trazendo inimigos em maior quantidade, com armadura, armas pesadas e até cachorros pra te infernizar. Morrer será uma constante, mas não se preocupe pois o game dá uma força com checkpoints (três por fase).
Além de derrotar os bandidos e chefões, o jogador pode completar três objetivos opcionais: matar um determinado número de inimigos, coletar 3 maletas e concluir a missão sem morrer. Um incentivo para o replay, pra dar aquela aumentada na duração do game. Quanto às maletas, uma delas costuma aparecer com um inimigo em fuga.
Huntdown é exatamente o que se espera de um game old school. Tem bastante ação, uma história maluca que existe apenas para contextualizar a coisa toda, músicas sintetizadas, várias homenagens e muito diversão. E até que o jogo dura bem, graças à dificuldade crescente. Aliás, as últimas fases são bem casca-grossa, mesmo jogando na dificuldade Normal e na companhia de um amigo habilidoso. Portanto prepare os dedos para ganhar umas bolhas.