Nascido de uma campanha do Kickstarter, finalmente conseguimos colocar as mãos em Hotshot Racing e dizer que, junto a Horizon Chase Turbo, são os games de corrida arcade dessa geração. Um gênero que se perdeu com o passar dos anos e voltou a aparecer nos últimos consoles, é inevitável a hype gerada para sentir novamente a sensação de acelerar como em saudosos games no estilo Cruis’n World e Top Gear.
Com bastante referências e criatividade, o título é um verdadeiro sinônimo de velocidade e traz exatamente o que você quer ver numa corrida. Alguns obstáculos no trajeto são inevitáveis, mas com uma boa equipe por trás do piloto e com suas habilidades como piloto, isso não te impedirá de chegar ao pódio e definir Hotshot como uma grata experiência em pleno ano de 2020.
O drift não é em Tóquio
Como afirmei anteriormente, Hotshot Racing te traz exatamente o que propõe no jogo. Corridas velozes, simplicidade na gameplay e pistas repletas de nuances e criatividade te cativam no primeiro momento. Se assemelhando bem mais a Mario Kart, o segredo para conseguir subir ao primeiro lugar é usar a vantagem do drift para conquistar mais velocidade e passar a dianteira dos seus oponentes que estão pelo caminho.
Esse conceito é um grande elemento do game e você se verá obrigado a usá-lo a cada mísera curva que aparecer. O que pode parecer chato, por um lado, do outro não é tanto quanto imagina. As pistas não são tão longas nem exigem tanta habilidade para completá-las, além da inteligência artificial fazer seu papel e trazer uma disputa bem acirrada para equilibrar esse papel.
Confesso que, na primeira corrida, me irritei um pouco com isso de sair riscando o chão em cada virada, mas logo que os demais veículos te alcançam essa sensação some. Você quase sempre ultrapassará ou será ultrapassado nestes momentos e isso enche o momento de tensão e precaução. Quanto mais você conhecer o local que está correndo, mais chances de vitória terá em seu caminho.
Porém, o que realmente não agrada tanto são os checkpoints que encontrará. Desde que a corrida começa, você tem um contador no topo da tela, que funciona como uma contagem regressiva entre cada um destes pontos. Se você sofre qualquer acidente ou bate com o tempo apertado, corre um risco alto de ficar parado no ponto que seu carro está. E não adianta chorar, terá de esperar terminar a corrida pra se mover.
“Mas poxa, Diego, basta recomeçar a corrida”. Não, meus amigos. Aqui você não recomeça corrida alguma. Se você está no meio de uma pista e dá alguma merda grande nesse estilo que citei acima, ou você senta e chora ou recomeça todo o campeonato do início. Aqui é igual a vida, não tem isso de chances ou continuação, ou você dá certo e permanece na partida ou terá um amargo desgosto no seu caminho.
Não sei qual a dificuldade de ter colocado uma opção que permitisse apenas refazer a última corrida, porém na única vez que me vi tendo de fazer isso e não consegui, reiniciando o torneio inteiro, fechei o aplicativo do jogo e fui fazer outra coisa da vida. Não é algo que afete a nota do review ou que não me faça nunca mais tocar em Hotshot Racing, mas podiam ter facilitado um pouco a vida do piloto né?
Hotshot Racing podia ser mais quente
A Lucky Mountain Games, desenvolvedora do game, não deixou apenas isso a desejar. Não vi, em momento nenhum, queda de performance ou problemas nas corridas em si. Essas estão majestosas e muito bem-feitas. O problema geral são as faltas de opções que o título deixa na mão. Poucos pilotos, carros, opções de personalização, pistas e modos de jogo te deixam querendo mais de algo que não sabe se terá acréscimo futuro.
É inevitável a comparação com Horizon Chase Turbo nisso, que tem vários temas baseados em países distintos, pistas e inúmeros carros com uma diferença gritante entre o desempenho de cada um. Nesse ponto deixou bastante a desejar e espero, de coração, que no futuro venham atualizações gratuitas ou até mesmo DLCs que complementem o cenário para trazer o conteúdo que poderia já estar disponível no lançamento. Marcaram bobeira mesmo, mas torcemos para mais coisas virem por aí.
Porém, no quesito de referências a equipe realizou um grande acerto. Certo que é baseado num lugar real, nas Ruínas de Ayutthaya da Tailândia, porém tomei um susto ao ver a estátua de Buda deitado como na saudosa fase de Street Fighter II, onde enfrentamos Sagat. Não sei se era para referenciar o título ou o local existente, mas essas impressões que causam foram gratas surpresas e não esperava por ver esse monumento na minha vida além de enxergá-lo no game.
Além desses fatores, não tenho certeza, mas não tem ninguém que me convença de que a personagem Keiko não foi inspirada em Michael Jackson. Sério pessoal, é muito parecida. Outro ponto que achei muito bacana foi ter uma história para cada piloto também e um diálogo no final de cada campeonato, o que me lembrou dos bons tempos dos jogos de luta. É impossível jogá-lo sem lembrar dos anos 90, isso é um fato incontestável.
Mesmo que você ainda esteja na dúvida, vale a pena investir um tempinho neste jogo. Apesar da falta de opções tornar ele ainda mais curto do que merecia e não ter muitos modos incomode, ainda é um excelente game para chamar os amigos para jogar em casa ou disputar corridas no modo online. Com certeza um deles te convencerá de que é uma boa pedida para a diversão.
Hotshot Racing é uma verdadeira jornada ao passado e ao que criou todo o cenário que conhecemos hoje. Mesmo sem trazer tantas opções ou algo realmente inovador, é um título indispensável para quem deseja correr despretensiosamente ou para quem ama o gênero. Se você está inserido nessa descrição, não perca tempo e garanta o seu lugar na pole position.
