Diferente de qualquer franquia que busca desenvolver um título, seja para consoles, mobile ou arcade, a Bandai Namco buscou em Gundam Versus uma maneira de explorar o sentimento de fã. Esquecendo qualquer numeração de jogos lançados anteriormente, agora o Ocidente faz parte do território que poderá aproveitar as batalhas com os robôs mais famosos do Mundo. Quase como um presente para quem, mesmo longe do Japão, acompanhou as diversas séries e filmes, sonhando em um dia ter em mãos um jogo bom e completo, o sucesso dos arcades japoneses finalmente chega ao Brasil. São mais de 20 séries ou filmes representados por 94 mechas (abreviatura de mechanical e referência ao estilo de animês com robôs gigantes) para você escolher e se divertir por horas, sem precisar de fichas ou crédito!
Por mais fã que eu seja, infelizmente não acompanhei todos as séries e filmes, mas acredito que a Bandai já estava preparada com isso, pois, tudo nesse game é prazeroso e passa a ser familiar, após algumas horas, a ponto de elegermos os nossos personagens favoritos. Dessa forma, nada mais justo do que proporcionar o caminho inverso, divertindo-se e buscando pelos desenhos para conhecer e aprender mais. Essa é a mágica de Gundam Versus, em transformar um simples jogo de luta em algo muito maior.
Moeagare GANDAMU!
Não espere por um modo história, até mesmo por existirem vários formatos de narrativas em Gundam. Isso é um ponto positivo devido ao vasto conteúdo e quantidade de personagens existentes nesse lançamento, o que dificultaria manter um modo “História” apenas para criar um tipo de jogo que foi muito bem substituído pelos outros vários existentes no formato Arcade.
Em Gundam, tudo começou apenas com o Universal Century, mas logo diversos universos paralelos foram criados para tentar incluir novos fãs e dar fôlego à uma franquia que existe desde 1979 e até hoje lança uma nova série ou conteúdo por ano. O trabalho original da produtora Sunrise, responsável por Samurai Warriors, Gasaraki e Escaflowne, nos levou para um futuro distante, em que o planeta Terra evolui para uma situação de superpopulação. Os continentes já não suportam mais as necessidades dos humanos e a única solução é lançar a população excedente em colônias auto-suficientes pelo espaço.
E como surgem os robôs nessa história toda? Após décadas de colonização, iniciam crises entre as colônias mais distantes e uma guerra armada é iniciada por Zeon Deikun, um pensador idealista; na Terra, um engenheiro chamado Tem Ray cria o protótipo conhecido como Gundam e que mais tarde acaba sendo pilotado pelo seu filho, um adolescente de 15 anos chamado Amuro.
Já pensou em ter todo esse conteúdo dentro de um jogo? Mesmo que a Bandai Namco trabalhasse em um estilo parecido do que encontramos em Dragon Ball, One Piece e Naruto, com certeza não teríamos a diversidade de personagens jogáveis. Afinal, qual jogo de luta atualmente consegue disponibilizar 100 opções diferentes de lutadores para você desfrutar por horas de testes até ter o seu portfólio de preferidos?
Se a questão de ter um modo história é apenas para aumentar o tempo de vida útil do jogo, não se preocupe, pois esse título consegue ser completo mesmo não tendo uma construção narrativa entre as partidas. Tudo bem que poderiam ter inserido algo no estilo visual novel, com diálogos e imagens estáticas, mas nada que consiga tirar o brilho e a qualidade do que temos, depois de muito esforço, aqui no Ocidente.
Você contará com Free Battle, para levar ao extremo o significado de customização para uma partida totalmente criada por você, Ultimate Battle, no estilo sobrevivência às várias ondas de inimigos e Trial Battle, com pequenas missões. O modo Ultimate pode ser frustrante por não existir nenhum checkpoint no meio do caminho, em que você talvez morra para o chefão da última horda de inimigos e faltando pouco para completar o desafio. No entanto você terá a oportunidade de controlar personagens diferentes no modo Trial Battle, favorecendo esse e todos os modos para um jogador. Não tive problemas em jogar online, apenas que foi praticamente impossível vencer mais do que perder para jogadores extremamente habilidosos, enquanto as várias horas que empreguei para essa análise tiveram foco em tudo, principalmente o visual, mas muito menos em me preparar para enfrentar batalhas dificílimas.
Dois comandos para um robô inteiro
Levando a experiência do arcade de maneira completa e original, o jogo que fez sucesso na década passada chega aos consoles impressionando por não exigir destreza nos controles para ser aproveitado ao máximo. Diferente dos jogos de luta, seja de robôs ou não, você dificilmente precisará se conter ou montar sua estratégia antes de partir para a porrada. Em Gundam Versus a questão de estudar a maneira como você vai agir é fundamental em partidas 2 vs 2 ou 3 vs 3, pois além dos golpes que você pode sofrer existe a questão do fogo amigo, em que o seu golpe ou tiro pode atingir seu parceiro de combate. O motivo para facilitar esse elemento estratégico é a opção dos desenvolvedores em trabalhar com controles extremamente amigáveis e simples; você conta com apenas dois comandos de ataque comum com variações para ataque à distância ou corpo-a-corpo, sem contar o Boost Drive, um especial que pode ser ativado após sua barra estar completa ao melhor estilo “ultimate”, presente em jogos de luta.
Para cada um dos famosos pilotos de Mobile Suits, você conta com um robô gigante e também um Striker, nada mais como um parceiro. Esse segundo robô assistente surgiu nos títulos Gundam Vs e Gundam Next, retornando nesse novo game como diferencial para incrementar ainda mais a jogabilidade. Falando em diversidade, todos os personagens possuem dois power-ups conhecidos como Blaze ou Lightning Gear, com foco, respectivamente, em ataques de curto alcance e longo alcance. Mesmo que ativos por um breve momento de tempo, sem contar com a rápida interferência do seu piloto na tela avisando da ativação da sua Gear, você terá um balanceamento no aumento do dano, velocidade, precisão e, no caso do Lightning Gear, suporte ao seu parceiro de combate.
No fim desse combo de possibilidades, o jogo mostra suas primeiras limitações e consequentemente suas primeiras falhas. É inegável a qualidade e liberdade que você tem para sair voando pelos cenários, se for um robô das séries Zeta, Wing Zero e G-Self, ou com dash para aproveitar a paisagem (algo mais difícil de ser feito), se aventurando entre os disparos dos inimigos. Até aí, sem problemas! A dificuldade começa a surgir quando você estiver em uma batalha de duplas ou trios e precisará lembrar das variações de comando para se defender, esquivar ou até mesmo realizar seus combos; a opção mais viável e rápida é apelar para os tiros, já que você conta com um menu lateral indicando suas armas e seu Striker.
Os problemas começam a surgir quando você tem como refinamento de combate a condição de melhorar sua mira, indicado por cores de acordo com a sua proximidade, executar um tipo específico de ataque para cancelar o movimento do inimigo ou retornar seu Mobile Suits para a superfície para evitar ataques ou combos. Todos esses movimentos mais específicos e avançados acabam exigindo maior destreza e atenção, o que pode gerar frustração aos jogadores menos experientes.
Talvez você prefira jogar livre de qualquer objetivo e apenas aproveitando os outros pontos positivos que Gundam Versus pode oferecer. Não que seja um erro, muito menos deixe a experiência incompleta, mas com certeza será mais fácil e divertido. Por esse motivo, mantenha distância das partidas online.
Escolhas peculiares para um jogo de luta
Diferente da barra convencional de HP, nos modos que envolvem dois ou três jogadores, seja online ou local, você tem um total de energia do seu time. Todo dano sofrido subtrai do total de energia que cada Mobile Suit possui, ou seja, a escolha dos robôs, na preparação da partida, influência diretamente em quanto você vai poder apanhar durante o jogo. A partir do momento que a energia total do grupo é zerada, o jogo termina e o vencedor será aquele que não teve sua unidade de batalha destruída. O que achei estranho foi perceber que no Ultimate Battle, dentre as três dificuldades mapeadas pela quantidade de inimigos a serem enfrentados, você tem uma barra ao invés do Team HP. A cada vez que um dos personagens é derrotado e sua armadura de combate espacial é destruída, um pedaço dessa barra diminui, indicando uma “vida perdida”. Ao final da barra e da explosão do último Mobile Suit, a mensagem de Game Over aparece para você.
Falando em energia (total de HP) para cada um dos icônicos personagens da franquia Gundam, você perceberá que dentre todos eles é possível notar características para grupos de Mobile Suits. Você terá personagens que são melhores para combate corpo-a-corpo ao mesmo tempo em que muitos outros terão foco em ataques à distância ou até mesmo balanceamento na velocidade, capacidade de defesa e possibilidade ao criar combos. Tudo para, não só aumentar o fator replay, mas diversificar o estilo de gameplay e não centralizando apenas no já costumeiro tipo de jogo que estamos acostumados por aí com Street Fighter e Mortal Kombat.
Eu realmente me senti perdido com tantas opções, para escolhas de personagem e de customização da partida, o que ainda não me permitiu participar de todas. Acho que como a maioria, fui direto nos nomes mais conhecidos e aqueles que eu sempre gostei mais para depois pensar em testar qualquer outra coisa, porém isso também aumentou o meu tempo de jogo ao perceber que certos inimigos precisam ser combatidos com específicas estratégias ou Mobile Suits.
Infelizmente as duas escolhas mais peculiar e ao meu ver dois pontos fracos, foram as escolhas de fogo amigo e a trilha sonora repetitiva. Com certeza no calor do combate e no frenezi dos combos, ou até mesmo como aconteceu comigo ao carregar um golpe à distância e sem querer disparar em cima de um companheiro de luta, o jogo não colabora para evitar que você não acerte o seu amigo. Apenas um descuido seu aliado aos pequenos defeito de câmera, por tentar acompanhar os vários inimigos através do lock-on ou até mesmo por afastar para mostrar a execução do seu combo com uma câmera mais cinematográfica, basta que o seu alvo deslize para o lado ou ao encontro de outro robô do seu time, para você acertar seu próprio aliado. Enquanto isso, a trilha sonora tradicional, chamada Tobe Gundam, cresce de fundo em todas as partidas; infelizmente não encontrei um local para comprar outras músicas ou até mesmo trocar essa. Seguirei nessa missão árdua para evitar essa repetição que irrita após dezenas de horas com a mesma abertura tocando.
Eu quero o meu robô gigante
Com certeza esse é mais um jogo para fãs, por conta dos seus conteúdos criados e pensados para quem gosta da franquia, mas que se esforça muito para atender às exigências dos jogadores fanáticos por luta nos consoles. Tendo até mesmo um pequeno espaço dentro do EVO, Gundam Versus é uma boa, talvez não excelente, opção para quem desejar experimentar algo novo; que a Bandai Namco siga empenhada em trazer seus lançamentos japoneses para o Ocidente, pois somente assim os órfãos de novidades conseguirão sonhar com jogos que dificilmente sairiam por aqui em outras gerações. Esse é mais um título que, principalmente durante alguma promoção, é compra certa e diversão garantida!