Grand Theft Auto: Chinatown Wars é a mais recente entrega da série Grand Theft Auto. Desta vez, acompanhamos a história de Huang Lee, o filho de um chefe da tríade chinesa. Ele leva uma espada “herança de família” (que o pai ganhou no pôquer) para seu tio, o novo patriarca da família. Ao chegar a Liberty City, ele é raptado e jogado no rio, e a espada roubada. Huang então precisa trabalhar junto com seu tio para recuperar o negócio, que vai de mal a pior.
Game traz uma série de vantagens e desvantagens, na sua versão para o Nintendo DS. Como vantagens, temos de notar a perfeita utilização do hardware. Como sempre, a Rockstar leva o hardware com que ela trabalha ao limite. Os gráficos são de um nível fantástico para o console, com a cidade totalmente modelada em 3D cel shaded. E as duas telas possibilitam o uso de um PDA com GPS, substituindo o mapinha de sempre e facilitando a orientação do jogador dentro da Liberty City do jogo. Além disso, a tela táctil gera uma interação excepcional, gerando mini-games muito interessantes, como os roubos de carros ou a missão de desativar a bomba. Numa nota besta, é possível inclusive chamar um táxi assobiando no microfone do NDS.
E, como desvantagem, temos uma: o jogo continua sendo um GTA. Aí você diz “cacete de jornalista que só fala bobagem!”. Calma, eu explico. A série GTA ficou famosa por ter “criado” o estilo de jogo sandbox (o que é discutível, mas não vamos entrar nessa ladainha agora), onde você pode fazer o que quiser: cumprir as missões designadas, ficar andando a esmo, fazer minigames, sair com prostitutas e depois matá-las para reaver o dinheiro, etc. Temos que levar em conta também que a série ficou realmente famosa a partir do Grand Theft Auto 3 – o que é óbvio, porque as duas entregas anteriores eram em 2D com vista aérea. E o sandbox simplesmente não funciona assim. Não existe a imersão necessária quando você controla um boneco visto de cima em vez de um modelo que pelo menos se assemelha a um homem. E, sem a fórmula sandbox, um Grand Theft Auto não passa de uma seqüência de minigames com uma história de filme B.
Infelizmente, pelas limitações técnicas, Chinatown Wars se assemelha mais a GTA 2 que a GTA 4. Como o NDS não é o PS2, apesar da cidade estar estupendamente modelada, temos uma visão de cima da cidade (ainda que não diretamente de cima), e por conta do cel shading temos carrinhos que parecem Hot Wheels e bonecos que parecem mais mini-marionetes que pessoas. Isso, combinado com a câmera esquisita, tira toda a satisfação do jogo fora das missões. Qual a graça em atirar num boneco de massinha que se move de maneira estranha? Isso é um problema, porque o ponto fraco da série GTA sempre foi o fato de que as missões muitas vezes são repetitivas.
A possibilidade de se poder fazer o que quiser pela cidade para quebrar a rotina era muito bem-vinda nesse momento. Em Chinatown Wars isso ainda é possível, mas sem a imersão que o verdadeiro 3D proporciona. É necessário confiar em coisas como comprar loteria, fazer tatuagens (na boa, se eu quiser desenhar no DS eu uso o Pictochat, que sai muito mais barato) ou o totalmente inapropriado tráfico de drogas. A Rockstar deveria ser grandinha o suficiente pra saber que chocar pelo prazer de chocar é muito démodé.
Ah sim, estava quase esquecendo, o multiplayer: existe apenas em Wi-Fi local, não por Nintendo WFC. Há apenas minigames: corrida, stash dash (competição pra ver quem consegue roubar uma van) e um “defenda sua base” cooperativo. Pela Nintendo WFC, é possível entrar na Rockstar Games Social Club (podiam ter escolhido um nome melhor, não?!) para comparar estatísticas e trocar itens e marcadores GPS com outros jogadores.
Pra concluir em poucas palavras, Grand Theft Auto: Chinatown Wars é um jogo que, tecnicamente, explora tudo que a máquina pode oferecer. O problema acaba sendo que o Nintendo DS tem muito a oferecer, mas não o que a série realmente precisa. Pode agradar os fãs da série, mas não a todos.
Prós:
🔺 Minigames com uso da stylus
🔺 Excelentes gráficos (para o DS)
🔺 É um GTA, pelo menos
Contras:
🔻 Câmera e controle desconjuntados
🔻 Missões de tráfico de drogas
🔻 Estilo 2D estranho
🔻 Músicas horríveis
Ficha Técnica:
Lançamento: 17/03/09
Desenvolvedora: Rockstar North
Distribuidora: Rockstar Games
Plataformas: Nintendo DS