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Gran Turismo é aquele tipo de jogo nichado que qualquer pessoa que não se atrai por jogos de corrida entorta o nariz logo de cara, mas gostando ou não, é inegável que temos aqui mais um exclusivo de peso para o PS5 (e PS4 também, não vamos esquecer). Cada entrada da franquia ao longo das últimas quatro gerações de PlayStation vendeu absurdos, então mesmo sendo um game de nicho, ainda é uma das séries de corrida e automobilismo mais populares da história dos games.

Esse sucesso todo é bem fácil de explicar, pois Gran Turismo não é somente um jogo de corrida, mas acima de tudo, é um título que contempla qualquer fã de carros e automobilismo. Indo além de competições, aqui você se sente dentro de cada veículo que pilota, se impressiona com cada detalhezinho interno ou externo, com o barulho do motor e coisas que, geralmente, nós só notaríamos se estivéssemos pilotando um carro de verdade. Gran Turismo 7 é o simulador definitivo para qualquer apreciador de automóveis, mas também não se esquece de dar as boas-vindas para quem é novo nesse universo.

Piloto não, colecionador

Todo mundo sabe que colecionar carros na vida real é um hobby para poucos, então eu costumo pensar que Gran Turismo é o jogo perfeito para realizar esse sonho de alguma forma. A lógica da franquia segue a mesma desde o primeiro título e no 7 não é diferente. Nosso objetivo primordial é colecionar carros de várias épocas, dos mais antigos até os mais modernos, tendo mais de 400 veículos para desbloquear no jogo – é muita coisa! Para isso, devemos vencer uma série de corridas ao redor do mundo para desbloquear um ou outro aqui e ali e o resto ir comprando com nosso próprio dinheiro.

Temos que pegar!

Atualmente GT7 conta com apenas dois modos, sendo um deles o já conhecido modo campanha. Ele continua sendo tão simples quanto os outros, trazendo um mapinha estático e vários ícones que podemos interagir para selecionar o que desejamos (corridas, garagem, loja de carros etc.). Existem alguns personagens genéricos que se comunicam conosco por caixas de texto, mas eles estão ali somente para nos ensinar a jogar, então não espere que Gran Turismo te introduza a um mundo único e detalhado como é visto na série Forza Horizon, pois são jogos totalmente diferentes.

Quem já é veterano da franquia ou jogou pelo menos o GT Sport do PS4 já estará familiarizado com alguns pontos desse mapa, como a loja de tunagem (onde podemos comprar upgrades para os carros) e o Brand Central, uma concessionária de carros de todas as montadoras que você puder imaginar. É lá que podemos comprar os veículos mais bonitos que existem e provavelmente nunca chegaremos nem perto de um de verdade, além de assistir uns vídeos muito legais sobre a história de cada montadora e outras curiosidades.

Nem no jogo eu tenho grana para comprar um desses…

Só existe um ícone no mapa que vai chamar a atenção dos veteranos: o GT Café, esse sim é novidade. Toda a campanha do jogo gira em torno desse lugar, sendo uma cafeteria gourmet exclusiva para colecionadores de carros. Lá, o dono vai ficar te passando missões (chamadas de cardápios) que envolvem colecionar grupos específicos de carros, vencer campeonatos e coisas do tipo. É só uma forma de atualizar os objetivos do jogador e ainda saciar sua fome por automóveis com ainda mais curiosidades sobre cada coleção de carros que completamos. Achei isso um adendo muito bem-vindo, já que é uma forma inteligente de manter o jogador motivado e aproveitando o melhor que o jogo tem a oferecer.

Dito isso, quem é fã de Forza ou outros jogos de corrida já deve ter percebido que Gran Turismo tem uma vibe totalmente diferente. Digamos que GT é e sempre foi uma franquia de corrida mais requintada, que te trata feito um bilionário com tanta grana que pode dedicar sua vida exclusivamente ao automobilismo e colecionismo, simples assim. Acho que essa é a graça desse jogo e espero que nunca mude.

Mais real que a vida real

É claro que, para conseguir encantar até os fãs mais rígidos de automobilismo, o game precisa ser ultra realista e é óbvio que GT7 cumpre esse requisito com sucesso – afinal, estamos falando de um jogo com gráficos fotorealistas rodando em um PS5! Começando pelos cenários, cada pista aqui é de cair o queixo do início ao fim e a variedade é grande, explorando campos, cidades, desertos e tudo de mais belo que existe por aí. Agora também temos as mudanças climáticas, que podem nos pegar de surpresa e dar toda uma cara nova para qualquer pista, além da transição entre dia e noite.

Dando um rolezinho em Guarulhos

Agora vamos falar do que importa: carros! Como já dito, são mais de 400 veículos reconstruídos com perfeição e com uma riqueza de detalhes que vai além da lataria e suas curvas acentuadas, mas também se encontra no interior do veículo (quando pilotamos no modo em primeira pessoa). Agora imagina só tudo isso somado com a tecnologia de Ray Tracing, que reflete toda a luz ambiente de modo dinâmico nos veículos – e até mesmo no capacete do piloto! Em termos de beleza, é incontestável que temos o GT mais bonito e real em todos os aspectos possíveis.

Já se tratando de jogabilidade, o jogo tenta ficar no meio termo, oferecendo algo mais arcade para novatos e o bom e velho simulador para veteranos. Também é possível selecionar o nível de dificuldade das corridas, o que interfere na velocidade dos carros da IA. Achei um título bem acessível para todos os públicos, o que é excelente! Conheço bastante gente que abandonou a série porque achou os primeiros títulos complexos demais, mas já faz tempo que a franquia está trilhando um caminho diferente e hoje qualquer um que curte jogos de corrida pode fazer bom proveito.

O feedback dos gatilhos adaptativos é interessante, apesar de passar a impressão de que poderia ser melhor. O L2, que seria o gatilho do freio, fica mais pesado que o do acelerador (R2), que acaba não transmitindo nenhuma diferença. Porém, a reação do controle em diferentes terrenos e climas é realmente impressionante e foi um recurso que só vi sendo explorado adequadamente no joguinho do Astro Bot, que foi criado especificamente para apresentar os recursos do Dualsense, então nem conta. No geral, GT7 explora de uma forma bem imersiva essas funções, mas poderiam ter caprichado mais nos gatilhos.

No GT Café você aprecia um cafezinho e coleciona carros ao mesmo tempo

Outro detalhe legal é que GT7 disponibiliza diferentes formas de se pilotar o carro, podendo até mesmo alternar para o padrão antigo (acelerador no X) e, pasmem: controles de movimentos. Para quem curtia jogar Mario Kart no Wii, essa é uma opção que pode ser interessante, mas já aviso que isso aqui não é Mario Kart e pilotar um carro movendo seu Dualsense pode ser uma experiência bem frustrante.

Corrida musical

Além da campanha, o segundo modo de GT7 é um minigame que nos coloca para correr contra o tempo enquanto curtimos uma boa música. Chamado de GT Rally Music, aqui contamos com uma singela seleção de músicas que devemos enfrentar em uma corrida – isso mesmo, uma corrida contra uma canção. Enquanto a música toca, seu objetivo é percorrer uma quilometragem pré-determinada para vencer o desafio, mas é um pouco mais desafiador do que parece. Para alcançar o ouro, você precisa ser rápido o suficiente para percorrer tudo antes da música acabar, assim como também não pode deixar as batidas zerarem, se não já era.

Esse é um modo bem legalzinho para sair da rotina de corridas convencionais, mas infelizmente ainda está muito pobre de conteúdo, pois o jogo só tem SEIS músicas! Isso mesmo, em menos de meia hora você já jogou tudo. Considerando que GT7 só tem dois modos diferentes até o momento, o game pode transmitir a sensação de que tem pouco conteúdo, o que não chega a ser verdade, já que o foco está na campanha e ela dura mais tempo do que podemos imaginar. Uma terceira alternativa seria jogar corridas online contra outros jogadores, mas isso é só uma extensão da campanha. A impressão que tive é que vão adicionar mais coisas com o tempo, mas por enquanto o jogo está meio vazio mesmo.

Gran Turismo 7 é como seus antecessores, só que melhor. Ele é chique, divertido, realista, imersivo e tem mais carros do que podemos desejar. É um título obrigatório para fãs, novatos e amantes de jogos de corrida – e digo mais: pode até mesmo surpreender quem não é muito chegado no gênero, então se puder, dê uma chance. Se não for pelas corridas, que seja pelo sonho de colecionar todos os carros do universo!