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Furi saiu em julho do ano passado pra PC e PS4, mas somente em dezembro ganhou versão para o Xbox One – a qual eu joguei. Como diabos eu passei este tempo sem saber da existência deste game independente, eu não faço ideia. Mas posso afirmar que meu final de ano foi incrível com este título da desenvolvedora francesa  The Game Backers. Furi mistura hack and slash com shoot ‘em up e boss rush, categoria na qual o jogador enfrenta apenas chefes de fase – assim como em Shadow of the Colossus e Titan Souls, por exemplo.

Na trama, um homem misterioso de cabelo branco e capa vermelha, chamado “O Estranho”, passa sua existência sendo torturado em uma prisão composta por dez ilhas que orbitam acima da superfície de um planeta. Uma figura estranha, vestindo uma máscara de coelho, o liberta da prisão e oferece ajuda para conquistar sua liberdade. Com uma espada e uma arma em mãos, o protagonista enfrenta seu primeiro desafio: o carcereiro da prisão, chamado “A Corrente”. A batalha serve como um tutorial para aprender todos os movimentos de ataque e defesa, além de algumas manhas.

Morreu, leva sermão do chefe de fase
Morreu, leva sermão do chefe.

Jogabilidade simples, desafio insano

Basicamente você desfere golpes de espada, atira com o analógico direito, defende e usa a esquiva. Há o tiro normal e o carregado, que traça uma linha para ajudar a acertar o adversário. A esquiva também possui duas variações, uma de curta distância e outra carregada, para se deslocar por uma distância maior. Por fim a defesa funciona como um “parry”, quando feita no momento certo. Se conseguir fazer a defesa perfeita, mais rápida que a comum, rola um contra-ataque que o deixará em vantagem.

Os 10 chefes de Furi são representados por nomes simbólicos como “A Mão”, “O Som” e “A Explosão”. Todos estão envolvidos com a prisão de alguma forma, seja com a sua concepção ou proteção. Cada chefe possui vidas (de 3 a 6), assim como você (3). Ao fazer o oponente perder uma vida, a energia de ambos é recarregada e ele reinicia a batalha mudando seus movimentos e ataques. Estes estágios ficam cada vez mais difíceis conforme ele vai perdendo. E quando é você quem perde, a sua energia e a do chefe também são restauradas  – mas mantendo a contagem de vidas do chefe. Em alguns momentos eles realizam ataques de Quick Time Event, sendo necessário mexer os analógicos pra fugir. Por fim, o chefe fica atordoado quando perto de perder uma vida. Ao atacá-lo, você inicia o combate dentro de uma área limitada, ficando ainda mais rápido e cruel.

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Não é jogo de navinha. É Furi com bullet hell rolando sem dó.

A última vez que lembro de ter jogado um game de hack and slash realmente desafiador foi Ninja Gaiden II (Xbox 360). Assim como o game citado, Furi é um verdadeiro exercício de reflexos rápidos, memorização e paciência. A cada estágio avançado na batalha, mais coisas inesperadas acontecem. Além da chuva de tiros na tela, no melhor estilo “bullet hell”, o game mescla vários conceitos de jogabilidade. Exemplo: ao enfrentar o terceiro chefe, chamado “A Linha”, ele controla o tempo fazendo com que todos os tiros fiquem parados no ar. A batalha acontece em meio à esse ambiente hostil, limitando sua esquiva.

Estiloso, esquisito e empolgante

Visualmente, o game é minimalista e belo demais. O design dos chefes é bem interessante e esquisito ao mesmo tempo, causando um certo desconforto (proposital). Alinhado perfeitamente com o visual futurista está a trilha sonora, assinada por sete compositores de música eletrônica. Dois deles, Scattle e Carpenter Brut, trabalharam em Hotline Miami. Portanto espere por músicas estilosas, com sintetizadores e um toque de anos 80.

Sai de cima, mulher esquisita
Sai de cima, mulher esquisita.

Minha única bronca é com as cenas que interligam os chefes. Você anda por cenários estranhos enquanto que seu conselheiro dá mais detalhes sobre a trama. O problema é a velocidade com que tudo isso acontece, arrastado demais. O protagonista não pode correr e, em alguns momentos, eu fui pro lado errado. Poderiam ter feito estas partes no formato de cinematics, pra funcionar como uma pausa pro jogador respirar e estralar os dedos, além de entender a história maluca do game.

Furi me surpreendeu em todos os aspectos, principalmente ao unir tantos elementos de forma eficaz. A trilha é tão boa que serve como incentivador para eliminar cada chefe, por mais que você morra incessantemente. Claro que a frustração existe, mas a sensação ao eliminar um chefe é extremamente recompensadora. No fim, uma coisa equilibra a outra. E, ao terminar o game e recomeçar, você consegue notar o quanto você evoluiu como jogador. Quer um motivo extra pra fazer isso? Furi possui três finais diferentes: um bom, um ruim e um secreto. E sim, vale cada minuto de suor gasto.

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