Review – Frontier Hunter: Erza’s Wheel of Fortune

Frontier Hunter: Erza’s Wheel of Fortune chega no início deste segundo semestre com a proposta de se diferenciar dos demais títulos metroidvania, trazendo um estilo próprio e repleto de boas ideias. O trabalho da IceSitruuna, um estúdio formado por apenas três profissionais, promete entregar um título que realmente consegue se destacar em meio a essa bolha.

Por tratar-se de uma continuação de Tower Hunter: Erza’s Trial, jogo que se passa nesse mesmo universo, os jogadores podem esperar evolução no gameplay e a maneira como a progressão do jogo, mundo e personagens acontecem, aprendendo com as críticas feitas pela comunidade e entregando sistemas de magia, habilidades, crafting e customização muito interessantes.

Nossa protagonista, Erza Allen, é uma estrela em ascensão dentro das forças imperiais por conta do seu notável sucesso como caçadora, após conquistar muitas façanhas como militar. Depois da abertura, com Erza numa live e interagindo com seus seguidores, você poderá explorar sua nave para conhecer a tripulação e sua parceira, Ciara Yang. Logo sua nave acaba sofrendo um ataque, caindo num misterioso planeta e você precisará explorar um vasto mapa para recuperar os cristais necessários para restabelecer a energia do reator.

Boas ideias sem histórias complexas

Enquanto você precisa percorrer um mapa com mais de sete biomas e por mais de 20 horas de jogo, Frontier Hunter: Erza’s Wheel of Fortune consegue apresentar pequenos elementos que vão guiar a construção narrativa como background para a jogabilidade. Esqueça momentos épicos ou sequências emocionantes para conhecer pontuações que guiam os motivos de Erza para sua exploração.

O que são os Magic Crystal? Quem Erza espera encontrar? Como Niel sobreviveu à Retribuition? Quais os mistérios por trás de Ahm e o Império? Sobre o que realmente a profecia diz? Por quê Diablo, sua presilha de cabelo, possui vida e consciência? Essas são apenas algumas perguntas que justificam sua movimentação por todos os lados desse planeta mágico e misterioso, mas que muitas vezes não possui muitas explicações.

Para isso, os desenvolvedores foram sagazes ao deixarem de lado elementos do jogo anterior como, por exemplo, elementos roguelike, para apostar numa mistura de hack and slash com beat ‘em up. Com espadas, magias e armas de fogo, Erza, Ciara e Niel formarão uma equipe de exploração com movimentações parecidas, mas com estilos de combate diferenciados e com lista de golpes para você executar.

Isso mesmo! Como se fosse um jogo de luta, você terá habilidades ligadas as armas para você memorizar, utilizando combinações com os direcionais, além dos combos normais com seus equipamentos ou magias. Sem contar os Ultimate Moves, que são golpes especiais e com animações, que também exigem comandos específicos para serem realizados com sucesso. O melhor de tudo é que você precisa encontrar livros escondidos em baús para aprender seus movimentos, o que se torna um dos motivos extras, além da sua missão principal, para continuar explorando.

Além disso, Frontier Hunter: Erza’s Wheel of Fortune recompensa seus esforços com muito loot de materiais e acessórios, para você utilizar ao máximo as opções para construção de arma, que também possuem projetos (blueprint) espalhados pelos cenários, e criação de comida para otimizar seu desempenho em combate. Mesmo que a história principal seja simples, tendo apenas tópicos ligados aos personagens e situações como motivadores, esses elementos coletáveis e de crafting fazem o jogo ser ainda mais interessante.

O jogo foi pensado para oferecer uma movimentação fluída, com combate divertido e responsivo, tendo seus controles simples para você conseguir focar na execução de combos, habilidades e especiais. Sem contar que você pode alternar entre os três personagens a qualquer momento, aumentando ainda mais as possibilidades para enfrentar os diversos tipos de inimigos, que também surgem como ponto positivo e demonstrando todo esforço da equipe pela grande variedade de monstros.

Muitas referências otaku

Tudo em Frontier Hunter: Erza’s Wheel of Fortune acaba sendo divertido e prazeroso, com uma boa curva de aprendizado e progressão cadenciada, favorecendo e justificando todo backtracking. Para pontuar ainda mais esse sentimento gratificante ao jogar, os desenvolvedores buscaram muitas inspirações nos animês para o humor e diálogos. Diversas situações são criadas como se fossem retiradas de uma animação, muitas delas protegonizadas por Ciara, mas que claramente servem como uma quebra na porradaria desenfreada.

O mesmo podemos notar no visual de Erza, Ciara e Niel, além dos demais personagens, seja pelo carisma que transparecem aos exageros nos corpos voluptuosos e expressões. Quase como se fosse um animê do Studio Trigger, as cores preenchem a tela e criam cenas incríveis, seja durante o gameplay ou nas sequências animadas. Infelizmente o level design não acompanha esse trabalho visual e acaba sendo simples demais, principalmente quando você tem o apoio do mapa, tornando cada cenário fácil de ser decorado pelo estilo repetitivo entre eles.

Interessante perceber que o jogo também oferece elementos de shmup, seja quando você está em sua nave ou defendendo sua base dos ataques inimigos. Fazendo com que você tenha uma mudança de estilo, mas sem perder a identidade do jogo e o estilo hack and slash. Pode parecer não fazer sentido, mas enquanto você atira com Ciara, Erza e Niel atacarão no corpo a corpo. Assim como visual, uma mistura interessante e novamente reforçando as boas ideias que o jogo carrega.

Frontier Hunter: Erza’s Wheel of Fortune pode apresentar pequenos problemas de atraso na transição para as cenas ou engasgo na movimentação pelas paredes, mas as diversas atualizações que estão acontecendo podem corrigir esses pequenos detalhes, que não estragam a experiência. Pelo contrário, o trabalho da IceSitruuna impressiona por finalmente termos um metroidvania que se destaca e apresenta boas ideas, com elementos que encaixam na construção de mundo e proposta de gameplay.

Finalmente tenho um metroidvania e hack and slash para estar na lista de melhores jogos do ano, não apenas por ser bom, mas por também ser divertido, gratificante e prazeroso. Enfrentar essa aventura e descobrir mais sobre Erza, Ciara e Niel com certeza vale cada investimento feito.