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Já que estamos em clima de Halloween, nada mais justo do que trazer um review digno desta época. Bom, não vai ser dessa vez que farei o review de um jogo de Michael Myers, mas de um psicopata tão mortal – e imortal – quanto o próprio. Estou falando de – KiKiKi MaMaMa – Jason Voorhees, de uma das franquias de terror com maior longevidade da história do cinema: Friday the 13th (ou Sexta-Feira 13, como é conhecido por aqui), com 12 filmes lançados até hoje. Então, bora matar uns campistas do acampamento de Crystal Lake.

Só para que não haja confusão: este jogo não tem nenhuma ligação com Friday the 13th: The Game, lançado em 2017. Na realidade este foi inicialmente desenvolvido como um jogo free-to-play para dispositivos móveis (Android e iOS) e PC criado pela Blue Wizard Digital, desenvolvedora indie conhecida por Slayaway Camp (também disponível para o Switch, na edição Butcher’s Cut).

O jogo vem na onda dos ports de jogos mobile que vem se tornando comum no Switch e este desembarca no console em um pacote bastante interessante de conteúdo. Além de barato, a versão de Switch inclui todos os conteúdos adicionais lançados até então. Sai bem mais em conta se comparado ao valor somado dos DLCs (11 ao total), que incluem novas fases para a campanha, skins e armas.

O garoto de Crystal Lake

Diferente da maioria dos jogos onde o objetivo é fugir do grande mal/vilão/ameaça, aqui você encarna Jason e precisa acabar com todos os inocentes que tiveram o azar de cruzar com ele. Ou, no caso, que ele irá cruzar. Apesar de carregar o legado de uma franquia cinematográfica sangrenta e brutal, o jogo contém elementos de sátira e comédia, não sendo algo puramente violento e assustador, mas sim relativamente humorado. Isso se mostra já pelas animações de mortes, armas bizarras e outras fanfarronices que logo irei listar.

Imagem do jogo Friday the 13th: Killer Puzzle
Onde tudo começou.

Friday the 13th: Killer Puzzle oferece 13 fases por capítulo, todas baseadas em filmes da franquia, oferecendo uma skin e uma arma relacionada ao filme em questão. Porém os últimos capítulos são originais, tal como suas skins. Todo início e final de capítulo apresentam uma cutscene mostrando Jason chegando e “terminando o serviço”, sempre com algum toque de humor no meio.

Cada novo capítulo é desbloqueado de acordo com sua contagem de corpos (bodycount). Quanto mais matar, mais rápido irá desbloquear novas fases. E isso é tranquilo de conseguir, uma vez que para passar cada fase você necessariamente precisa eliminar todos os sobreviventes.

Os puzzles são baseados em movimentação, semelhante ao Red’s Kindgom. Mas Jason não se movimenta livremente: a cada direção que você executar o comando ele irá se mover até colidir com algo ou alguém, por essa razão é necessário calcular bem seus movimentos para não acabar morto ou preso em um loop.

Imagem do jogo Friday the 13th: Killer Puzzle
Reação comum ao dar de cara com seu fim.

As fases normais não contam com nenhum limite de movimentação (turnos), porém existem outras em que você terá de terminá-las em uma quantidade determinada que irão desafiar ainda mais seu raciocínio. Para auxiliar caso cometa um erro, existe o modo replay que evita que tenha de reiniciar toda a fase, te ajudando a voltar no momento exato que desejar. Isso ajuda a evitar qualquer inconveniente e te mantém no controle.

Mas caso você empaque em alguma fase e sua mente não tenha a menor ideia de como solucionar algum puzzle, a cabeça decapitada de Pamela Voorhees (mãe de Jason) prontamente estará lá para oferecer dicas (ou a solução), além de te ensina o tutorial e fazer alguns comentários “motivadores” de vez em quando. Porém, esse sistema de dicas às vezes é um pouco vago, sendo frases soltas que não nos ajudam muito e só nos fazem ficar com mais dúvidas. A dificuldade dos puzzles varia de acordo com a habilidade de cada jogador, mas posso afirmar que os puzzles deste título são bem elaborados e desafiadores, com mecânicas variadas e únicas.

Imagem do jogo Friday the 13th: Killer Puzzle
Filho de peixinha, assassino é.

Por trás da máscara

Uma das principais mecânicas do jogo é assustar os sobreviventes: ao parar em uma região adjacente ao alvo eles irão se assustar, nisso ele irá correr para a direção oposta, podendo inclusive dessa maneira matá-lo. Assim como nos filmes, eles são bem burros e podem morrer em fogueiras, minas terrestres, armadilhas para urso, cercas eletrificadas ou mesmo afogados. Por vezes, essa é uma das soluções para que Jason possa andar por um local onde há uma destas obstruções que da mesma maneira podem matá-lo.

Cada novo capítulo da campanha libera novas mecânicas e obstáculos para resolver os puzzles. Para citar alguns, em determinada fase são introduzidos os gatos: você não pode os matar porque a mãe de Jason gosta de animais, mas pode assustá-los de boa. Eles estão lá realmente para te atrapalhar e, se você os mata, a tela fica preta com os dizeres “Crueldade Animal”. Ou seja, nada de matar animais, somente humanos.

Imagem do jogo Friday the 13th: Killer Puzzle
Jason curtindo suas férias em um cruzeiro.

Há também os guardas que caso você os ataque de frente (no raio de visão) eles te prendem e fim de jogo. Mas existe um outro tipo de guarda especial, que são armados e usam miras laser. Eles te atacam a qualquer distância caso entre na mesma trilha que em que estão, além de não poderem ser atacados mesmo estando fora da visão deles, pois eles te pegam antes.

Também existem os telefones, que chamam a atenção dos sobreviventes e guardas fazendo eles irem em direção à ele, ou no caso dos gatos afugentando-os. Em determinadas fases você pode apagar as luzes para que os sobreviventes não se assustem quando você para ao lado deles e também deixa os guardas sem visão e consequentemente sem ação, sendo essa a única maneira de matar os guardas especiais. Já os gatos conseguem enxergar no escuro e se assustam da mesma forma.

Além disso, em algumas fases existem saídas pelas quais os sobreviventes podem escapar caso você os assuste para essa direção e, inexplicavelmente, você também não pode deixar os gatos fugirem – por mais que você não possa praticar qualquer tipo de crueldade à eles.

Imagem do jogo Friday the 13th: Killer Puzzle
“Dormir com os peixes” não é mera expressão aqui.

Sempre que você chegar ao último sobrevivente de cada fase, haverá um tipo de QTE (Quick Time Event) no qual você precisa acertar o momento exato em uma barra onde um indicador ficará se movendo. Você deverá acertar a “killzone” para assim poder executar a ação de morte. Mesmo que você erre não precisará reiniciar a fase para concluí-la, porém não ganhará o bônus de “morte especial” na pontuação final.

A última morte sempre é anunciada por uma voz muito semelhante ao narrador do Mortal Kombat (o cara do Finish Him/Her), que diz uma frase como Final Girl! ou às vezes algo derivado como o nome do sobrevivente, como Final Josh! ou até mesmo “Final Dude!”. Algo que brinca com o próprio universo ao qual pertence, o que demonstra o humor embarcado no título.

Mesmo depois que você terminar todas as fases do modo história haverão os Daily Death, que consistem em novos puzzles disponíveis diariamente. E para te incentivar ainda mais a voltar depois de concluir 13 (olha o número aí de novo) destes desafios diários, você desbloqueia uma nova skin para Jason. Após isso, a cada 13 novos puzzles concluídos, um baú com 6 itens será aberto.

Para aumentar ainda mais o fator replay existe outro modo chamado Murder Marathon, no qual realizamos a ação de morte final das fases normais, mas como o nome sugere em uma sequência de maratona. O objetivo é simples: conseguir a melhor pontuação sem errar e, a cada acerto, o medidor diminui e a velocidade aumenta, assim tornando mais difícil acertar. A melhor parte deste modo é trilha sonora, que toca músicas licenciadas como Run For Your Life da banda Striker.

Imagem do jogo Friday the 13th: Killer Puzzle
Quando você tem aquele pressentimento ruim.

E falando da trilha sonora, ela é ótima no geral. Não enjoa graças aos bons arranjos que não te incomodam no decorrer do gameplay. Os efeitos sonoros das armas, armadilhas entre outros elementos são bem feitos e compõem satisfatoriamente o que é executado e apresentado na tela. Porém os sons de gritos dos sobreviventes às vezes são meio estourados, estando num nível acima do volume geral do jogo. Proposital ou não, é bem estridente.

Escorrendo o melado

A cada morte executada sua “bloodlust” (nível de mortes) no final de cada fase irá subindo e, após preencher a máscara de Jason com o sangue, você avança de ranking. Como prêmio é liberada uma caixa de itens por ranking elevado, que contém armas aleatórias para aumentar o seu arsenal. Assim como em sistemas de loot boxes comuns, com o passar do tempo irão aparecer itens repetidos. Para ajudar a se livrar destes itens e completar seu arsenal com novas armas, você poderá trocá-las através de um sistema 3×1: você deposita três armas repetidas e troca por uma. O interessante deste sistema é que jamais irá aparecer uma arma que você já tenha, assim evitando frustrações.

Imagem do jogo Friday the 13th: Killer Puzzle
Quando Jason resolve ensinar educação alimentar.

E por falar em armas, aposto que você nunca imaginou Jason matando alguém com uma bolsa da Louis Vuitton, não é mesmo? Mas aqui você pode! Decepar cabeças com uma porta de carro, empalar pessoas com um taco de bilhar, afundar o crânio de alguém com um acento se privada, usar um bloco de cimento… Isso não é Fortnite, mas dá pra acabar com alguém usando uma frigideira também. Mas se você é uma pessoa mais requintada e curte uma matança a moda antiga, pode usar uma katana, um gancho de pesca, um machado ou um pé de cabra. As possibilidades são infinitas.

Cada uma delas conta com um nível de raridade para distingui-las, indo das mais comuns (nível bronze) até as mais raras (nível ouro) que são mais difíceis de serem sorteadas nos baús. Além dessa infinidade de armas que Jason tem a disposição, boa parte delas conta com uma animação especial de morte única. É bem divertido ver Jason executando esses movimentos únicos e te faz sempre querer variar de armas para ver o que cada uma pode fazer.

Imagem do jogo Friday the 13th: Killer Puzzle
Ninguém avisou que ler poderia ser mortal.

A arte é bem caricata, apesar de apresentar a brutalidade das mortes. É uma violência cartunizada, como em desenhos animados antigos. O jogo faz uma curiosa referência aos filmes com censura PG (Parental Guidance, não recomendado para menores de 12 anos) e R (Restricted, não recomendado para menores de 18 anos), no qual você é perguntado no primeiro instante de gameplay. Ou melhor, antes de executar a primeira morte. Caso defina para PG, todo o sangue e violência explícita serão tirados do jogo. Mas caso opte pelo R, é aí que a diversão mora. Uma referência aos clássicos filmes da franquia que algumas vezes foram censurados na versão de cinema.

E para quem estava sentindo saudades do efeito sonoro característico de Jason, que é praticamente seu cartão de visitas, há uma opção no menu de pausa no qual está escrito “Ki-Ki-Ki Ma-Ma-Ma”. Este botão serve apenas para tocar o tema do personagem, mas é um pequeno detalhe que agrega valor à produção.

Imagem do jogo Friday the 13th: Killer Puzzle
Jason sabe como impressionar.

Friday the 13th: Puzzle Killer é uma verdadeira homenagem a franquia, com muitas referências, puzzles bem elaborados com mecânicas únicas e primorosas, trilha sonora contagiante e que atiça ainda mais o clima, um arsenal completo e variado de armas e diversas skins. Com certeza esse é um jogo obrigatório para os fãs e para os não fãs também, pois apesar da temática ele ainda continua sendo um ótimo jogo de quebra-cabeças e raciocínio lógico. A versão de Switch é ainda mais atraente por conter todo o pacote de DLCs já lançados por um preço bem mais em conta. Agora, vá deixar a Mama orgulhosa e acabe com uns campistas!

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