O novo jogo desenvolvido pela Marvelous e lançado pela XSEED Games, chega com alta expectativa por prometer misturar simulação de fazenda com elementos de RPG, magia e muitas referências vindas de outras grandes franquias. Farmagia, que chegou no mês de outubro ao Nintendo Switch e PC, criou grandes expectativas com seus trailers na promessa de oferecer um mundo encantador e designers de personagens repleto de carismas pelas mãos de Hiro Mashima, o autor de Fairy Tail e Edens Zero.
Pense numa mistura de Harvest Moon, ou Story of Season e Rune Factory, da própria XSEED Games, com Stardew Valley, mas sem toda complexidade de administrar recursos ou construir sua fazenda. Agora adicione um “quê” de Pokémon por conta dos diversos monstrinhos mágicos que você utiliza ao longo do jogo, além de um formato que lembra visual novel para desenvolver toda a história. Claro que não podemos esquecer o combae, com gameplay que lembra muito Pikmin e Wonderful 101. Pronto! Essa é a fórmula básica do desenvolvimento de Farmagia.
O agro é pop e mágico
Num mundo mágico conhecido como Felicidad, muito além do céu e do plano mundano, o governante conhecido por Magus morreu, abrindo caminho para que Glaza, um dos generais que comanda os territórios desse mundo, torne-se um déspota e consolide seu poder sobre sobre todas as regiões, os demais generais e os habitantes. O jogador precisará encarar o papel de Ten ao lado de seus amigos Farmagia, pessoas que conseguem plantar e cultivar seres mágicos, nessa jornada contra um tirano opressor e usurpador do título de “novo Magus”. Com uma boa construção narrativa em meio à história simples, porém divertida, temos o desafio de enfrentar os generais da Oración Seis, que se juntaram ao exército maligno de Glaza, para libertar o povo das garras cruéis desse vilão.
Tudo em Farmagia tem um estilo muito shonen, inclusive para também justificar a presença de Hiro Mashima e seus personagens caricatos, com os estereótipos de Natsu, Gray e Erza, de Fairy Tail, além de Shiki e Rebecca, de Edens Zero. Claro que não poderia faltar um Happy, com Lookie-Loo acompanhando sua aventura como conselheiro, deixando escapar um “eye-eye, captain!” de vez em quando. Junte-se a Leii, Arche e Chica, amigos de infância de Ten, ao lado de Emero e Anzar, para acompanhar a general Nares, governante de Avrion e uma das Oración Seis, mas que se rebelou e decidiu lutar contra Glaza.
Vamos direto à principal novidade e mecânica do jogo: o simulador de fazendinha. Ten ganha um pedaço de terra para cultivar seus monstros e montar sua equipe com até quatro tipo de criaturas diferentes para usar em combate. Justificando o nome do jogo, Farmagia une o estilo Farm Game à magia, pois plantas podem crescer mais rápido com encantamentos e poções podem melhorar a colheita. Uma pena que o jogo limitou-se em permitir você plantar os monstrinhos conforme a evolução da história, além de oferecer uma experiência muito simplória dessa “fazendinha mágica”, longe da diversão ou complexidade dos outros títulos desse gênero lançados pela própria XSEED.
Com o cultivo das criaturas, você consegue montar sua equipe mágica para explorar as dungeons conforme o avançar da história. Numa espécie de estilo Monster Taming, Farmagia permite que você coordene grupos de monstros, alocados em cada um dos quatro botões principais, para enfrentarem os inimigos e chefes. Basta apertar A, B, X e Y para enviar sua pequena horda para realizarem ataques corporais, à distância ou até mesmo causar alguma condição negativa. Infelizmente o combate é simples e se resume em analisar a fraqueza do monstro inimigo para escolher qual das suas criaturas enviar, longe de ter a profundidade interativa de Pikmin ou Wonderful 101.
Ten consegue utilizar suas equipes para se defender, inclusive com um modo de defesa perfeita, contribuindo para o contra-ataque, além de um golpe especial chamado Legion Attack, em que as suas criaturas se fundem para causar um dano maior ou parar o ataque inimigo, e um golpe especial com a fusão dos monstros carregados pela sua party, com os demais personagens que acompanham Ten participando, para criar um ser ainda maior e mais forte. Mesmo com uma bagunça visual e alguns problemas de câmera, os combates são divertidos e a pontuação em cada combate auxiliam no engajamento.
Uma aliança rebelde entre amigos
Farmagia consegue trabalhar muito bem seus personagens e vilões, explorando o estereótipo de Glaza, Lisan, Manas, Corpus e L’Oreille, todos membros da Oracíon Seis, ao longo da construção narrativa e como os 12 capítulos do jogo guiam você pelos continentes de Felicidad. O mesmo vale para os monstrinhos que, mesmo limitando a quantidade de combinações ou a liberdade para você coletar todos eles, montando seu pequeno exército como desejar, assim como Pokémon faz, a Marvelous conseguiu trabalhar muito bem a diversidade de visual e estilo de combate.
O mesmo vale para as atividades ao longo do jogo, indo além do farm e história. Com níveis diferentes para dungeons, Ten vai contar com as Fairy Dens, numa espécie de loja e crafting, para você criar sua própria build. O jogador contará com habilidades temporárias oferecidas pelas fadas Charlot e Arvielle no Magic Shop, seja para comprar ou serem criadas com loot obtido nas dungeons. Além disso, você também poderá treinar suas criaturas para elas ficarem mais fortes, ganhando características únicas em seus status e melhorando o trabalho em equipe.
No Shuffling Sheep, a taberna da cidade de Centvelt, diversas missões secundárias esperam por você, mas não espere visitar locais muito diferentes dos que vemos ao longo da história. A única diferença é que, além dos Magia Challenges durante a exploração, você pode aceitar algumas tarefas para conseguir recompensas extras durante as etapas em dungeons. Nada muito complexo e que naturalmente o jogador consegue realizar sem muito esforço, mas que aumenta o conteúdo para os complecionistas.
Quando pensamos em Farmagia, é impossível não falarmos de Hiro Mashima. O mangaká, famoso por Fairy Tail e Endens Zero, provou que seu estilo de design de personagens é versátil o bastante para ir além dos seus trabalhos e enriquecer o mundo dos games. Assim como Akira Toriyama conseguiu fazer, seus personagens são visualmente cativantes, suas criaturas adicionam personalidade ao ambiente, e seu estilo carrega o charme que atrai tanto fãs de anime quanto novos jogadores.
A direção de arte oferece personagens, inimigos e cenários vibrantes, coloridos e expressivos, com muito cuidado aos detalhes que conseguem refletir toda magia de Felicidad. O mesmo vale para a trilha sonora que, em muitos momentos lembra Fairy Tail, deixando claro que esse é um universo mágico muito autêntico e único, conseguindo ser envolvente dentro da sua proposta e lore.
Mesmo com as limitações de desenvolvimento da Marvelous e de performance no Nintendo Switch, Farmagia consegue criar boas ideias ao mesmo tempo em que se mostra um jogo divertido e com uma boa história.
Prós:
🔺 História divertida e bem tradicional dos animês
🔺 A magia de Felicidad é muito bem explorada
🔺 Boa construção de mundo e lore
🔺 Criatividade para unir Farm e Monster Taming Game
🔺 Comandos simples para um combate divertido
🔺 Arte de Hiro Mashima é o principal atrativo do jogo
Contras:
🔻 Problemas com a câmera durante o combate
🔻 Falta de diversidade para as dungeons
🔻 Looping repetitivo pode afastar os menos engajados
🔻 Mecânica de farm é muito simples e inexpressiva
🔻 Nintendo Switch sofre com quedas de frame rate
Ficha Técnica:
Lançamento: 01/11/24
Desenvolvedora: Marvelous
Distribuidora: XSEED Games
Plataformas: PC, PS5, Switch
Testado no: Switch