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Caso você não conheça Fallout, trata-se de uma franquia que ficou conhecida pela mistura de RPG com ação, num cenário pós-apocalíptico. Inicialmente produzido pela Interplay e agora sob os direitos da Bethesda (a mesma que produziu o memorável Elder Scrolls IV: Oblivion), Fallout retorna em sua terceira edição para os consoles da nova geração e PC.

Fallout 3 acontece em 2277, na capital americana de Washigton D.C., numa era futurista e devastada pela guerra nuclear. Porém, antes da guerra, alguns poucos tiveram a chance e o privilégio de se abrigarem nos chamados Vaults, estruturas subterrâneas auto-suficientes, criadas especificamente para proteger seus habitantes das explosões nucleares e de seus efeitos. Seu personagem é uma dessas pessoas, que nasceu e viveu até os 19 anos no Vault 101, até o dia em que seu pai (dublado por Liam Neeson) resolve deixar o lugar, causando uma pequena revolução e o início da sua aventura.

O game começa no momento do seu nascimento, onde você define seu sexo e, posteriormente, suas feições, atributos básicos (força, percepção, inteligência) e suas demais características. Por fim, o jogador é introduzido ao sistema de diálogos e combate do jogo. Encerrado o tutorial, você recebe seu Pipboy 3000, um computador e GPS de pulso que lhe informa suas estatísticas e inventário completo ( itens, armas, mapas, missões). É neste momento que você coloca os pés pela primeira vez no solo devastado, cinzento e empoeirado de Fallout.

Fallout 3

Seu principal objetivo é achar seu pai e descobrir porque ele deixou a segurança da sua antiga casa. Começa então a exploração do vasto mundo aberto do game, onde seu principal objetivo é falar com pessoas (NPCs), explorar o mapa atrás de pistas e, como em todo bom RPG, encarar inúmeras missões paralelas. Fallout 3 trás uma profundidade enorme neste quesito, com um mundo repleto de territórios a serem explorados como estações de metrô, casas, prédios, bases militares, esconderijos, fábricas, e por aí vai. Cada território possui (ou não) uma população própria, como a minha cidade preferida chamada Little Lamp Light, habitada apenas por crianças. Apesar da variedade, é comum ter a sensação de que os cenários são parecidos e até mesmo pouco variados. Mas um mundo em ruínas não tem muito a oferecer a não ser pó, texturas sujas, pouca vegetação e um visual cinzento, não é?

Se tratando de inimigos, o game tem um pouco de tudo, de animais mutantes a gangues. Ao derrotar um inimigo você ganha experiência para aumentar suas habilidades, que varia de discurso, barganha e furtividade a especialização com armas de fogo ou laser. Cada nível equivale a um Perk, que oferece habilidades únicas ao seu personagem como poder causar mais dano contra insetos ou usar cadáveres para se alimentar.

O sistema V.A.T.S. está de volta: um sistema de mira que pausa o jogo e permite decidir que inimigo e em que parte do corpo vai atingir, dando uma porcentagem de chance de acerto baseado na sua habilidade, distância do alvo e arma usada. Feito suas escolhas, o jogo reproduz uma pequena animação mostrando a troca de tiros e, se bem sucedido, a morte de seu inimigo com direito a cabeças e membros voando. É divertido assistir as cenas de combate, apesar da câmera às vezes se comportar de modo estranho.

Fallout 3

O sistema de Karma também continua presente, apontando o quão bom, mal ou neutro você é. O sistema foi aprimorado e reflete com realismo nas missões, de acordo com suas escolhas. É desta forma que o jogo define a quantidade de recompensas, amigos, inimigos e reputação. Tudo depende do seu “caminho moral”. Mais uma característica herdada do game anterior são as opções de sucesso em diálogos que dependem do seu nível de Discurso (Speech), que podem facilitar e muito sua vida evitando que você complete tarefas para outros personagens, ganhe itens chave ou consiga melhores recompensas. Existem ainda Perks que melhoram suas chances de sucesso com o sexo oposto e com crianças. Mas nem sempre você precisa ser bom de discurso, pois algumas opções de diálogo aparecem se você se excede em alguma habilidade ou característica. Por exemplo: se o seu personagem é muito forte, pode conseguir coisas pela intimidação. Se tiver muitos pontos em Ciência, pode conseguir que um cientista te libere mais informações do que o normal.

Mas nem tudo é perfeito. Fallout 3 permite explorar o mundo não tão livremente como parece. Em muitos momentos será necessário ter habilidades como a de hackear computadores ou abrir fechaduras para poder avançar num determinado ponto do mapa. E neste quesito você é sempre pego de surpresa. O sistema V.A.T.S., na sua roupagem 3D, é de encher os olhos. Mas a impossibilidade de pular ou mesmo acelerar as cenas de combate pode enjoar ao decorrer do game. Além dos problemas de câmera, o game apresenta bugs de colisão com uma certa freqüência. Também é comum encontrar bugs em diálogos e NPCs que podem ”travar” a quest. Portanto, jamais deixe de salvar seus avanços.

Algumas animações, principalmente do seu personagem em 3 pessoa, podiam ser melhores. A impressão que dá é a de estar controlando um “bonequinho”. O game peca também nas animações e expressões faciais dos NPCs, sem falar na sincronia labial tosqueira. Apesar dos problemas, Fallout 3 disponta como um dos melhores RPGs da atualidade, com um leque absurdo de possibilidades e um mundo enorme a ser explorado tanto geograficamente quanto em possibilidades, oferecendo um fator replay gigantesco. Uma ótima continuação para os fãs e uma excelente opção para quem nunca havia entrado nesse mundo nuclear antes, como eu.