Sabe quando você vê algo tão único que, na sua mente, você acaba assimilando com outras várias coisas para conceber uma proximidade? Se pudesse resumir Exception para vocês, diria que ele traz uma proximidade com Strider, numa pegada audiovisual tecnopunk e até mesmo semelhante a Megaman pelos robôs e máquinas nas fases. Ainda assim, compará-los não seria justo com eles, muito menos com este título. A mistura destes elementos são apenas uma das faces que ele traz.
O game é ágil, veloz e muito feroz. Você não tem muito tempo para piscar, e nem para prestar atenção em todos os detalhes. Seu trabalho é correr, destruir e prosseguir. Sem olhar para trás, sem remorsos. O jogo inteiro grita que você não tem muito tempo para isso. Assim como, em certo ponto, você nem quer mais perder tanto assim e se entrega na dinâmica do título. Cortar o seu próprio caminho através da gravidade é a única opção deixada.
Uma exceção à regra
Exception é um jogo muito peculiar. Primeiro, referente à sua história. Assim que liga o console, abre o game e inicia, ele já te pergunta se você quer pulá-la e ir direto para a ação. Não que o enredo seja ruim ou não tenha a sua importância, mas o grande destaque está na jogabilidade. Ela que alimentará você na sua incansável busca por algo que nem ao mesmo sabe.
Para ter uma noção, eles mal te dão a opção de escolher algo quando você joga pela segunda vez. Ele já iniciará direto para a próxima fase. Esse foco é inédito para mim, permitindo que se desprenda de tudo que possa te atrasar na jornada. Quando desbloqueia novos capítulos, ele faz o mesmo: questiona se você quer pular e seguir como uma máquina em frente ou se prefere parar para ver o que está acontecendo por trás das batalhas.
Mesmo assim, há um enredo em Exception. Alice34 é uma usuária de computadores, que comanda uma rede inteira de robôs controlados em sua CPU. Eles a endeusam e veem nela a esperança para o futuro em suas vidas. Isso até Alice34, uma senhora de terceira idade que aguarda pela mensagem de seus netos, clicar num link em seu e-mail. Voltando ao PC, uma entidade surge de um vírus que se instala no computador.
Já o herói é o Thread-6E6665637464, apenas um sistema que auxilia na manutenção da memória da máquina. Ele questiona o sistema, sua vida e o que significa a sua vida e a dos demais. Um fatídico dia, um acidente ocorre e ele percebe o seu maior medo: tornar-se descartável. A sua saga e a de Alice se cruzam e colocam o robozinho numa alucinante aventura para salvar a máquina dessa confusão. Bem Sessão da Tarde, mas é assim mesmo.
Robôs num ritmo eletrizante
Voltando ao destaque de Exception, o gameplay. Meus amigos, é alucinante. Você corre, corta robôs, destrói componentes das fases e encontra um totem no meio dela. Tocando nele, o level vira completamente. Pode ser para a direita, esquerda, ao contrário, varia de fase. É o mesmo caminho, mas o que não te oferecia riscos antes, agora pode oferecer. A trilha ajuda você a entrar no hype, parecendo estar num ambiente tecnopunk com muito eletrônico.
O objetivo é alcançar um cubo brilhante que fica em algum ponto dela. Chegando nele, você ganha pontos dependendo da sua velocidade e avança. Estes pontos servem para você desbloquear técnicas novas para Thread e realizar upgrades nelas. Porém esse não é o ponto mais importante de Exception se você é competitivo.
Abaixo de todo esse sistema de pontuação, há um placar de pontuação mundial. Mesmo se você não for assinante do Nintendo Switch Online, está lá disponível. Às vezes, o que te separa do primeiro colocado é um mísero segundo, ou alguns milésimos. Você sabe que pode fazer o que fez anteriormente de forma mais rápida. E vai fazer. Várias vezes. Em algumas, dá pra afirmar que não é tão complicado. Outras, percebe que teve sorte na vez anterior.
Dilemas da vida robótica
É aí que mora a maior cartada de Exception. A história te fala o quanto Thread cansou de ser apenas mais um ser descartável que foi jogado conforme o destino. Te faz refletir sobre a existência e como suas ações a influenciam. Enquanto isso, Exception te coloca num ritmo desenfreado, com um ranking para medir sua habilidade e deixando você ser apenas um ali no meio de um mar de pessoas. Ele até te oferece para pular o enredo e continuar seu ritmo.
Essa ambiguidade é muito interessante de se ver, pois quando você está jogando rapidamente, esquece do que viu previamente. Você corre e mata, pula, escorrega e avança, de forma ágil e veloz, e em muitas delas você não leva um minuto para completar. Porém a história te bota contra a parede com esse tipo de atitude, avisando os perigos que esse estilo pode te trazer através de Thread e Alice34.
Mesmo assim, Exception conta com apenas uma falha que torna ele mais difícil de se jogar. No modo portátil do Switch, ele é bem iluminado e colorido, e você jogará feliz da vida. Porém, no modo docked, parece que ele está sendo esticado, com a resolução bem inferior. Dá para perceber os pixels, o quanto a imagem está esticada e mais falhas técnicas.
A curva de dificuldade também te desafiará bastante, trazendo uma enorme vontade de continuar jogando e acompanhando a evolução, tanto dos personagens quanto das fases. Por serem rápidas, você sempre vai pensar que dá tempo de mais uma. Aí, quando vê, estará numa sequência de dez a quinze sem parar. Os chefões também são peculiares e chamarão atenção, sempre com algum ponto fraco distinto.
No fim, Exception, ao levantar os questionamentos das suas atitudes em paralelo a uma jogabilidade ágil e interessante, traz um jogo merecedor de se arriscar umas partidas. Com uma grande gama de fases, cores, inimigos, passagens secretas com atalhos e ainda mais ação, é um prato cheio para quem busca algo frenético ao ponto de não poder piscar.