Desenvolvido pelo estúdio espanhol Altered Matter, Etherborn é uma experiência ambígua que envolve uma criatura humanoide em um mundo devastado, na busca de entender a sua própria existência naquele lugar, onde as leis da gravidade não regem como conhecemos. Tudo isso em um jogo que mistura plataforma e puzzles.
É bom esclarecer que Etherborn é essencialmente conceitual, não contando com inimigos – ou aparentemente qualquer outro ser vivo além da(o) protagonista -, nem desafios para além da mecânica principal. Tanto que este é um jogo curto, com apenas cinco fases (mais o tutorial), e é bem provável que você consiga terminá-lo em menos de 2 horas já na primeira sessão.
Virando o cabeção
A trama do jogo se passa em um mundo estranho e vasto, rodeado por ruínas de uma civilização que (aparentemente) já não existe mais. Nesse meio, nossa(o) protagonista surge, nada sobre ela(e) é revelado, nem mesmo um rosto, apenas uma silhueta translúcida. Uma voz misteriosa narra a história deste mundo enigmático e sombrio, cujo nosso destino ele resguarda. Infelizmente, o game não conta com qualquer tipo de localização para o português para facilitar a compreensão da história.
Neste mundo, as leis da gravidade não funcionam como conhecemos, podendo andar pelas paredes e até mesmo pelo teto sem qualquer cerimônia. Essa mecânica é bastante simples. Durante as fases, iremos nos deparar com construções que possuem alguns cantos convexos, e ao andar sobre essa superfície a personagem passa de um plano para o outro, seja ele vertical ou horizontal – até de ponta-cabeça.
Infelizmente, o diferencial de Etherborn também é seu pior inimigo. A perspectiva associada a câmera e aos ambientes tridimensionais acaba por confundir o jogador, especialmente para executar saltos entre plataformas. Isso chega a ser irritante, já que a chance de errar os saltos é grande.
Jogos com elementos de plataforma em 3D costumam sofrer com essa questão, porém este tem mais um agravante: os comandos imprecisos. É perceptível, ao executar os pulos (especificamente), a falta de precisão, o que agrega ainda mais no já frustrante sistema de plataformas. A simples ação de correr e pular por vezes não funciona nada como o esperado.
Cada uma das fases apresenta cenários distintos, com elementos e puzzles únicos. Para avançar em cada uma delas, é necessário encontrar ‘peças-chave’ para acionar mecanismos que liberam a passagem rumo à conclusão. Coletar essas peças é o verdadeiro quebra-cabeça, afinal elas ficam espalhadas pelas fases em locais de difícil acesso, necessitando a execução de uma série de ações e caminhos específicos para finalmente alcançá-las.
Arte moderna
O destaque de Etherborn fica realmente para a sua parte artística visual. A arte de fato foi bem trabalhada, com cenários diversificados, como se cada fase fosse uma tela, dos ambientes mais vastos às cenas mais sombrias. A personagem também possui características únicas e consegue ser bem singular, causando uma sensação que estranha e intriga ao mesmo tempo.
A trilha sonora é outro fator que merece ser destacado, pois ela é excepcional. Uma trilha que foi bem composta, em suma orquestral, que mistura tons mais serenos com realces sombrios, criando uma atmosfera única que transmite os verdadeiros sentimentos ali presentes.
Etherborn é recomendado para aqueles que gostam de experiências diferenciadas, jogos artísticos e com uma pegada única. Seu tempo de gameplay é curto, porém satisfatório na medida do possível. Um jogo simples para se terminar em uma tacada só. Em relação ao custo-benefício, pelo valor de lançamento cobrado nas principais lojas digitais, vale a pena esperar por uma boa promoção.
No entanto, para estender esta duração, ao terminá-lo pela primeira vez desbloqueamos o modo “New Game +”, que nos fornece um desafio ‘um pouco maior’. As fases serão as mesmas, basicamente alterando apenas o local onde as ‘peças-chave’ estavam localizadas originalmente, dando ao jogador um motivo para retornar à experiência futuras vezes.