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Em julho, a Nintendo soltou um vídeo um tanto misterioso em suas redes sociais. Além de nos colocar uma pulga atrás da orelha, ela ainda surpreendeu a todos com o clima sombrio do teaser – fugindo totalmente da temática family friendly dos seus jogos. A pergunta “quem é Emio?” não demorou muito para ser respondida e a resposta foi mais uma grande surpresa: o primeiro título inédito da franquia Famicom Detective Club em quase 30 anos!

Em 2021, todos foram surpreendidos com remakes dos dois jogos desta série que, a princípio, nunca tinha saído do Japão. O mais impressionante é que Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club foi desenvolvido pela mesma mente por trás dos dois jogos anteriores: Yoshio Sakamoto. Por mais que o Nintendo Switch já esteja fazendo horas extras no mercado, ninguém pode negar que essa line-up de despedida está no mínimo imprevisível.

Quem é Emio?

A nova aventura apresentada em Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club segue a mesma premissa dos jogos anteriores, consistindo em um visual novel com foco em investigação criminal. Mais uma vez, seremos reapresentados à Utsugi Detective Agency na pele de um assistente do detetive-chefe; em alguns capítulos, será até possível “controlar” o antigo protagonista, Ayumi Tachibana.

O grande mistério da vez envolve diversos adolescentes assassinados. Todas as vítimas foram encontradas usando um saco com um rosto sorridente na cabeça – um padrão que remete a uma velha lenda urbana local, de um serial killer conhecido como Emio. Cabe a você e seus detetives descobrirem quem é o autor dos crimes e se ele é, de fato, o tal Emio de quase 20 anos atrás.

Apesar do teaser transmitir a ideia de que esse seria um jogo super sombrio e pesado, na prática ele não destoa tanto dos seus antecessores. De fato, esse é o mais “trevoso” da trilogia, mas passa longe de ser voltado para o terror. O máximo que teremos aqui são algumas imagens do Emio que chamam a atenção pela bizarrice, mas de resto, a campanha se mantém apenas no suspense característico de uma história de investigação.

Em comparação com os demais, a campanha está um pouco mais longa, durando cerca de 10 a 11 horas. O enredo tem seu brilho, mas a duração estendida nem sempre é um ponto positivo, especialmente se tratando de um visual novel. Particularmente, ele se tornou meu preferido da trilogia, mas em diversos momentos me senti entediado pelo estilo do jogo; por isso, acho que poderiam ter enxugado mais a história para proporcionar uma experiência mais proveitosa.

Investigação à moda antiga

Se você chegou a jogar pelo menos um dos remakes do Famicom Detective Club, então já estará mais que familiarizado com Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club. O novo jogo foi construído exatamente nos mesmos moldes, sem tirar nem colocar. Não achei esse um fator totalmente positivo, principalmente porque ele continua falhando nos mesmos fatores que seus antecessores.

Como um visual novel, não há muito o que esperar deste título em termos de jogabilidade. É praticamente como assistir a um anime em formato de slideshow, acompanhando várias imagens com toneladas de diálogos e, vez ou outra, um pouquinho de point and click. Todas as conversas aqui estão dubladas, o que é um ponto positivo; por outro lado, o único idioma disponível para as vozes é o japonês, então você ainda será forçado a ler todas as caixas de diálogo.

O gênero em si já dá um soninho até em seus apreciadores e, para piorar, o sistema de progressão problemático dos outros Famicom Detective Clubs continua firme e forte em The Smiling Man. É muito comum você ficar travado em momentos específicos em que a resposta para prosseguir na história é óbvia, mas o jogo só permite continuar quando você realiza uma determinada sequência de ações que, no geral, são bem dispensáveis.

Isso acontece bastante durante os interrogatórios. Você vai estar lá conversando com uma testemunha ou um suspeito e, por diversas vezes, não conseguirá avançar; a resposta está ali, esperando apenas que você retorne para algum ponto anterior e interaja com algo super aleatório para conseguir desbloqueá-la. A princípio, parece um jeito inteligente de dificultar o jogo, mas não demora muito para ficar cansativo.

Por isso, podemos dizer que grande parte das 10 horas de campanha vão girar em torno do jogador quebrando a cabeça para tentar descobrir o que desbloqueia sua progressão, o que pode ser considerado estimulante e frustrante na mesma medida. A Nintendo e o Mages (estúdio responsável pelo jogo) tiveram mais uma oportunidade de modernizar a franquia, mas novamente se prenderam apenas aos fatores estéticos.

Para quem jogou e gostou dos outros dois jogos, a recomendação é certeira! Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club é uma boa extensão dos clássicos e se mantém no mesmo padrão de qualidade. Já para quem prefere jogos mais dinâmicos e não se dá muito bem com visual novels, não há nada para ver aqui – a não ser que você esteja morrendo de curiosidade para descobrir quem é esse tal de Emio.

75 %


Prós:

🔺 A história mais sombria da trilogia
🔺 Traz um bom equilíbrio de suspense e comédia
🔺 Mantém a bela direção de arte dos remakes

Contras:

🔻 O sistema de progressão dá muitas voltas desnecessárias
🔻 Maior (e mais maçante) que os anteriores
🔻 Não traz nenhuma melhoria em relação aos remakes

Ficha Técnica:

Lançamento: 29/08/2024
Desenvolvedora: Nintendo, Mages
Distribuidora: Nintendo
Plataformas: Switch